Guia de Zoonoses

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Esporotricose

Esporotricose A esporotricose é uma micose subcutânea causada por fungos do gênero Sporothrix, sendo Sporothrix schenckii a espécie mais comumente associada a infecções em humanos. A doença é considerada uma zoonose emergente e tem ganhado relevância na saúde pública devido ao aumento do número de casos, especialmente em áreas urbanas, onde a transmissão está frequentemente associada a gatos domésticos infectados. O fungo está amplamente distribuído no ambiente, sendo encontrado no solo, vegetais, palha, madeira em decomposição e materiais orgânicos contaminados. A infecção ocorre principalmente por inoculação traumática, quando o fungo penetra a pele através de arranhaduras, mordidas de animais ou contato com materiais contaminados. Além disso, há relatos de transmissão respiratória, levando a formas pulmonares da doença, embora essa via seja menos comum. A esporotricose pode se manifestar de diferentes formas clínicas, desde lesões cutâneas localizadas até formas disseminadas, que acometem órgãos internos e representam risco de complicações graves, especialmente em pacientes imunossuprimidos. Devido à sua importância crescente, o reconhecimento precoce da infecção e o tratamento adequado são essenciais para o controle da doença e a prevenção de surtos. Agente Etiológico Sporothrix schenckii Um fungo dimórfico que pode existir na forma de levedura ou hifa, dependendo das condições ambientais. Esse patógeno é encontrado amplamente no solo, em plantas e em materiais orgânicos em decomposição. Ele pode infectar tanto seres humanos quanto animais, especialmente gatos, que são considerados os principais vetores urbanos da doença. Epidemiologia A esporotricose é uma micose subcutânea causada por fungos do gênero Sporothrix, destacando-se como uma zoonose emergente no Brasil. Historicamente, a doença estava associada a áreas rurais, afetando indivíduos em contato com solo e vegetação em decomposição. No entanto, a partir da década de 1990, observou-se uma mudança significativa no perfil epidemiológico, com um aumento expressivo de casos em áreas urbanas, especialmente relacionados à transmissão zoonótica por gatos domésticos infectados. Surto no Rio de Janeiro O estado do Rio de Janeiro foi palco de um dos maiores surtos de esporotricose zoonótica. A partir da década de 1990, houve uma explosão de casos em felinos, que atuaram como principais transmissores da doença para humanos. Estima-se que, até 2019, todos os estados brasileiros, exceto Roraima, já haviam registrado casos de esporotricose humana, refletindo a disseminação da doença pelo país. Dados Recentes De acordo com o Ministério da Saúde, em 2023 foram atendidos 1.239 casos de esporotricose em humanos no Brasil. Até junho de 2024, outros 945 casos já haviam sido registrados, indicando uma tendência de aumento na incidência da doença. Principais Reservatórios A esporotricose tem como principais reservatórios o meio ambiente e os animais infectados, sendo os gatos domésticos a principal fonte de transmissão zoonótica para humanos. No ambiente natural, o fungo Sporothrix spp. vive como saprófita no solo, em matéria orgânica em decomposição, madeira, plantas espinhosas, feno e serragem. O contato com esses materiais contaminados pode levar à infecção, principalmente através de ferimentos na pele. Os gatos, no entanto, representam o reservatório mais importante em áreas urbanas, pois além de serem altamente suscetíveis à doença, desenvolvem lesões ulceradas com grande carga fúngica, tornando a transmissão mais eficaz. A infecção em humanos ocorre principalmente por arranhaduras, mordidas ou contato direto com secreções das lesões contaminadas. Diferente de outros animais, os gatos eliminam o fungo em grande quantidade, favorecendo surtos e tornando a esporotricose uma preocupação crescente na saúde pública. Outros animais também podem atuar como reservatórios, embora com menor relevância. Cães podem ser acometidos, mas os casos são raros. Roedores, como ratos, podem carregar o fungo e contaminar o ambiente, enquanto cavalos, bovinos e algumas espécies silvestres também já foram relatados como hospedeiros ocasionais da infecção. No entanto, nenhum desses animais desempenha um papel tão significativo quanto os gatos na disseminação da doença. A presença desses reservatórios, especialmente os felinos infectados, reforça a necessidade de medidas de controle populacional, diagnóstico precoce e tratamento adequado para evitar a propagação da esporotricose, principalmente em centros urbanos onde a convivência com gatos é intensa. Quadro Clínico A esporotricose pode se manifestar de diferentes formas clínicas, dependendo da via de infecção, da imunidade do paciente e da extensão da disseminação do fungo no organismo. A apresentação mais comum é a forma cutânea, mas casos sistêmicos podem ocorrer, especialmente em indivíduos imunocomprometidos. Forma Cutânea (Mais comum) A esporotricose cutânea ocorre quando o fungo Sporothrix spp. penetra na pele através de ferimentos ou arranhaduras, frequentemente associada ao contato com gatos infectados ou material vegetal contaminado. Inicialmente, aparece um nódulo avermelhado e indolor, que pode ulcerar e drenar secreção purulenta. Em algumas semanas, novas lesões surgem ao longo do trajeto dos vasos linfáticos, formando um padrão característico chamado esporotricose cutâneo-linfática. Além dessa apresentação, há também a forma cutânea fixa, na qual a infecção se restringe a uma única lesão nodular ou ulcerada, sem disseminação linfática. Esse tipo é mais frequente em indivíduos com boa resposta imunológica. Forma Mucosa O fungo pode afetar mucosas, especialmente do nariz, boca e faringe, causando úlceras dolorosas e crônicas. Essa forma é menos comum, mas pode ocorrer em pessoas que inalam o fungo ou em casos de disseminação a partir de lesões cutâneas. Forma Pulmonar Embora rara, a esporotricose pulmonar pode ocorrer quando o fungo é inalado, principalmente em trabalhadores expostos a grandes quantidades de material contaminado, como agricultores e jardineiros. A infecção pode se manifestar como tosse persistente, febre, dor torácica e sintomas semelhantes à tuberculose, com formação de nódulos pulmonares ou cavitações. Forma Disseminada (Mais grave) A esporotricose disseminada é a forma mais grave da doença e ocorre quando o fungo se espalha pela corrente sanguínea, afetando órgãos internos como pulmões, fígado, ossos e até o sistema nervoso central. Esse quadro é mais comum em pacientes imunossuprimidos, como portadores de HIV/AIDS e pessoas em tratamento com imunossupressores. A doença pode levar a febre persistente, lesões cutâneas múltiplas, comprometimento ósseo e até meningite fúngica, tornando-se uma infecção potencialmente fatal se não tratada. A esporotricose é uma micose subcutânea causada por fungos do gênero Sporothrix, destacando-se como uma zoonose emergente no Brasil. Historicamente, a doença estava associada a áreas

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Criptococose

Criptococose A criptococose é uma micose sistêmica causada por fungos do gênero Cryptococcus, sendo as espécies Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii as principais responsáveis pela infecção em humanos e animais. Trata-se de uma zoonose de grande relevância para a saúde pública, especialmente em indivíduos imunocomprometidos, nos quais pode levar a formas graves, como meningoencefalite criptocócica. O fungo está amplamente distribuído no ambiente, sendo encontrado no solo, em fezes de aves (principalmente pombos) e em troncos de árvores. A transmissão ocorre principalmente por inalação de esporos, tornando essa infecção uma preocupação em áreas urbanas e rurais. Embora a criptococose seja oportunista, acometendo com maior frequência pacientes imunossuprimidos (como portadores do HIV/AIDS, transplantados e pacientes em uso prolongado de corticosteroides), também pode ocorrer em indivíduos imunocompetentes, especialmente quando há exposição a altos níveis do fungo. Essa micose pode afetar diferentes órgãos, com predileção pelo sistema nervoso central (SNC) e pulmões, podendo levar a complicações graves se não tratada adequadamente. Agente Etiológico Cryptococcus neoformans O principal agente da criptococose é o Cryptococcus neoformans, que afeta principalmente pacientes imunocomprometidos, como portadores de HIV/AIDS, transplantados e indivíduos em terapia imunossupressora. Já o Cryptococcus gattii pode infectar pessoas imunocompetentes e está associado a áreas florestais. Epidemiologia Distribuição Global Estima-se que, mundialmente, o Cryptococcus seja responsável por aproximadamente um milhão de novos casos anuais, resultando em cerca de 625 mil óbitos nos primeiros três meses após a infecção. Situação no Brasil No Brasil, a criptococose não é de notificação compulsória em nível nacional, o que dificulta a obtenção de dados precisos sobre sua incidência e prevalência. Entretanto, estudos regionais fornecem insights valiosos: Regiões Norte e Nordeste: Essas áreas são consideradas endêmicas para C. gattii, com o tipo molecular VGII sendo responsável por cerca de 80% dos casos. Pacientes com HIV/AIDS: A criptococose é a principal causa de meningite oportunista relacionada ao HIV no Brasil, sendo responsável por 13% das mortes relacionadas à AIDS globalmente. Estudos Regionais: Pesquisa realizada no estado de Goiás identificou 130 casos de criptococose entre 2011 e 2014, dos quais 89,2% eram HIV positivos. A meningoencefalite foi a forma clínica predominante em ambos os grupos. Mortalidade A taxa de letalidade da criptococose permanece elevada. Em um estudo realizado no Hospital Couto Maia, em Salvador, Bahia, a letalidade foi de 42,7%. Fatores de Risco Imunossupressão: Indivíduos com HIV/AIDS, transplantados de órgãos sólidos e pacientes em uso de terapias imunossupressoras apresentam maior risco de desenvolver a doença. Exposição Ambiental: C. neoformans é frequentemente encontrado em fezes de aves, especialmente pombos, enquanto C. gattii está associado a determinadas espécies de árvores, como o eucalipto. Principais Reservatórios O Cryptococcus neoformans e o Cryptococcus gattii são fungos ubiquitários no meio ambiente, encontrados principalmente em locais ricos em matéria orgânica. A presença desses microrganismos em ambientes naturais e urbanos torna a exposição humana comum, especialmente em certas condições ambientais favoráveis ao crescimento fúngico. Fezes de Pombos e Outras Aves 🕊️ As fezes de pombos (Columba livia) representam um dos reservatórios mais conhecidos do Cryptococcus neoformans. Esse fungo pode ser encontrado em alta concentração em locais onde há acúmulo de excrementos dessas aves, como: Forros de prédios abandonados Beirais de construções Praças públicas e estátuas Galpões e silos de grãos Embora os pombos não desenvolvam a infecção, seus dejetos fornecem um ambiente rico em nitrogênio e ácidos húmicos, favorecendo a proliferação do fungo. Outras aves também podem contribuir para a disseminação ambiental, mas sem o mesmo impacto dos pombos. Solo Contaminado 🌱 O Cryptococcus spp. pode sobreviver no solo por longos períodos, especialmente em locais com alto teor de matéria orgânica. Ele é frequentemente isolado em: Áreas urbanas próximas a pombais Jardins e parques públicos Locais próximos a criadouros de aves A inalação de esporos presentes na poeira do solo é um dos principais mecanismos de infecção humana. Ocos de Árvores e Serragem 🌳 Diferente do C. neoformans, o Cryptococcus gattii tem predileção por áreas florestais e pode ser encontrado em troncos e cavidades de árvores, além de serragem e madeira em decomposição. Espécies frequentemente associadas incluem: Eucalyptus spp. Terminalia catappa (amendoeira) Ficus spp. (figueiras) Esse reservatório é mais comum em regiões tropicais e subtropicais, onde a transmissão pode ocorrer mesmo em indivíduos imunocompetentes. Poeira Ambiental e Ambientes Fechados 🏠 A poeira contendo esporos do Cryptococcus pode ser aerossolizada em condições secas e dispersa pelo vento, contaminando espaços internos, como: Armazéns e silos Ambientes hospitalares (raro, mas possível em imunossuprimidos) Casas com ventilação inadequada próximas a áreas de risco A capacidade do fungo de resistir a condições ambientais adversas facilita sua persistência em locais urbanos e rurais. Quadro Clínico A criptococose é uma infecção fúngica que pode se apresentar de diferentes formas clínicas, dependendo do estado imunológico do paciente e da via de disseminação do Cryptococcus spp. no organismo. Os sintomas variam de manifestações respiratórias leves a formas graves, como meningoencefalite criptocócica e doença disseminada. Forma Pulmonar (Criptococose Pulmonar) 🫁 A infecção geralmente se inicia nos pulmões após a inalação de esporos do fungo. Na maioria dos casos, indivíduos imunocompetentes desenvolvem uma resposta eficaz contra a infecção, podendo permanecer assintomáticos ou apresentar sintomas leves e autolimitados. Já em pacientes imunossuprimidos, a infecção pode evoluir para formas graves. Os principais sintomas incluem: Tosse seca ou produtiva Dor torácica Febre baixa e persistente Dispneia (falta de ar) Fadiga e mal-estar geral Em exames de imagem, a criptococose pulmonar pode se manifestar como nódulos pulmonares, infiltrações difusas ou lesões cavitárias, muitas vezes confundidas com tuberculose ou outras pneumonias. Forma Neurológica (Meningoencefalite Criptocócica) 🧠 A meningoencefalite criptocócica é a forma mais grave e comum da doença, principalmente em pacientes com imunossupressão, como pessoas vivendo com HIV/AIDS, transplantados e indivíduos em tratamento com imunossupressores. Os sintomas clássicos incluem: Cefaleia intensa e persistente Febre moderada a alta Rigidez de nuca (sinal de irritação meníngea) Alteração do nível de consciência (confusão mental, letargia, sonolência ou coma em casos avançados) Fotofobia (sensibilidade à luz) Náuseas e vômitos de origem neurológica Convulsões (em casos mais avançados ou em pacientes com hipertensão intracraniana) A evolução da doença pode ser insidiosa,

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Tularemia

Voltar Tularemia A tularemia, também conhecida como febre dos coelhos, é uma doença infecciosa rara causada pela bactéria Francisella tularensis. Identificada pela primeira vez no início do século XX, essa zoonose pode afetar diversos animais e ser transmitida aos seres humanos. A infecção ocorre através do contato direto com animais infectados, picadas de insetos, ingestão de água ou alimentos contaminados e, em raros casos, inalação de aerossóis. A tularemia é considerada uma doença de interesse médico e veterinário devido à sua gravidade e potencial para surtos. Vetor A tularemia é transmitida aos humanos através de vários vetores, os quais desempenham um papel crucial na disseminação da doença. Os principais vetores incluem carrapatos, mosquitos, moscas-de-veado e outros insetos hematófagos que se alimentam de sangue. Esses insetos adquirem a bactéria Francisella tularensis ao picar animais infectados, como roedores, coelhos e lebres. Uma vez contaminados, podem transmitir a bactéria aos humanos através de suas picadas. Além dos insetos, a tularemia também pode ser contraída através do contato direto com a pele ou mucosas de animais infectados, da ingestão de água ou alimentos contaminados e, em casos mais raros, pela inalação de partículas aerossolizadas. O entendimento sobre os vetores da tularemia é essencial para a implementação de medidas preventivas eficazes e o controle da disseminação da doença. Epidemiologia A epidemiologia da tularemia abrange uma ampla gama de fatores, incluindo distribuição geográfica, sazonalidade e populações em risco. A doença é encontrada em todo o hemisfério norte, incluindo a América do Norte, Europa e Ásia. Nos Estados Unidos, casos de tularemia são mais comuns em estados do centro-oeste e sul, enquanto na Europa, a doença é relatada em países como Suécia, Finlândia, França e Espanha. A tularemia pode ocorrer durante todo o ano, mas os casos tendem a aumentar durante os meses de verão e outono, quando a atividade dos vetores, como carrapatos e mosquitos, é mais intensa. Além disso, atividades como caça, camping e jardinagem aumentam o risco de exposição à doença. Pessoas em contato frequente com animais silvestres ou domésticos, bem como trabalhadores rurais e caçadores, estão entre os grupos de maior risco. A tularemia pode se manifestar em várias formas clínicas, dependendo da via de infecção, o que torna a identificação e a notificação precisas essenciais para o controle da doença. Fisiopatologia A tularemia é causada pela bactéria Francisella tularensis, que é altamente virulenta e capaz de infectar vários órgãos. Uma vez que a bactéria entra no corpo, ela é fagocitada por células do sistema imunológico, como macrófagos e células dendríticas. No entanto, em vez de ser destruída, a F. tularensis consegue escapar do fagossoma e se reproduzir dentro do citoplasma das células hospedeiras. A replicação intracelular da bactéria leva à destruição das células hospedeiras e à disseminação da infecção para os tecidos circundantes. Esse processo desencadeia uma resposta inflamatória intensa, caracterizada pela produção de citocinas e quimiocinas, que recrutam mais células imunológicas para o local da infecção. Os sintomas clínicos variam de acordo com a via de entrada da bactéria. A tularemia ulceroglandular, a forma mais comum, ocorre após a entrada da bactéria por meio da pele, resultando em uma úlcera cutânea e linfadenopatia regional. A forma pneumônica ocorre por inalação da bactéria e pode causar pneumonia grave. Outras formas incluem a tularemia glandular, oculoglandular e orofaríngea. O curso da doença pode ser rápido e severo, especialmente sem tratamento adequado. A resposta inflamatória excessiva pode levar a danos teciduais significativos e, em casos graves, à falência de múltiplos órgãos. A tularemia é transmitida aos humanos através de vários vetores, os quais desempenham um papel crucial na disseminação da doença. Os principais vetores incluem carrapatos, mosquitos, moscas-de-veado e outros insetos hematófagos que se alimentam de sangue. Esses insetos adquirem a bactéria Francisella tularensis ao picar animais infectados, como roedores, coelhos e lebres. Uma vez contaminados, podem transmitir a bactéria aos humanos através de suas picadas. Além dos insetos, a tularemia também pode ser contraída através do contato direto com a pele ou mucosas de animais infectados, da ingestão de água ou alimentos contaminados e, em casos mais raros, pela inalação de partículas aerossolizadas. O entendimento sobre os vetores da tularemia é essencial para a implementação de medidas preventivas eficazes e o controle da disseminação da doença. A epidemiologia da tularemia abrange uma ampla gama de fatores, incluindo distribuição geográfica, sazonalidade e populações em risco. A doença é encontrada em todo o hemisfério norte, incluindo a América do Norte, Europa e Ásia. Nos Estados Unidos, casos de tularemia são mais comuns em estados do centro-oeste e sul, enquanto na Europa, a doença é relatada em países como Suécia, Finlândia, França e Espanha. A tularemia pode ocorrer durante todo o ano, mas os casos tendem a aumentar durante os meses de verão e outono, quando a atividade dos vetores, como carrapatos e mosquitos, é mais intensa. Além disso, atividades como caça, camping e jardinagem aumentam o risco de exposição à doença. Pessoas em contato frequente com animais silvestres ou domésticos, bem como trabalhadores rurais e caçadores, estão entre os grupos de maior risco. A tularemia pode se manifestar em várias formas clínicas, dependendo da via de infecção, o que torna a identificação e a notificação precisas essenciais para o controle da doença. A tularemia é causada pela bactéria Francisella tularensis, que é altamente virulenta e capaz de infectar vários órgãos. Uma vez que a bactéria entra no corpo, ela é fagocitada por células do sistema imunológico, como macrófagos e células dendríticas. No entanto, em vez de ser destruída, a F. tularensis consegue escapar do fagossoma e se reproduzir dentro do citoplasma das células hospedeiras. A replicação intracelular da bactéria leva à destruição das células hospedeiras e à disseminação da infecção para os tecidos circundantes. Esse processo desencadeia uma resposta inflamatória intensa, caracterizada pela produção de citocinas e quimiocinas, que recrutam mais células imunológicas para o local da infecção. Os sintomas clínicos variam de acordo com a via de entrada da bactéria. A tularemia ulceroglandular, a forma mais comum, ocorre após a entrada da bactéria

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Brucelose

Voltar Brucelose A brucelose é uma doença infecciosa zoonótica causada por bactérias do gênero Brucella. Afeta principalmente animais como bovinos, suínos, caprinos e ovinos, mas pode ser transmitida aos seres humanos através do contato direto com animais infectados ou pela ingestão de produtos de origem animal contaminados, como leite não pasteurizado. Conhecida também como febre de Malta ou febre ondulante, a brucelose em humanos pode apresentar um amplo espectro de sintomas, variando desde febre, sudorese e dores articulares até complicações mais graves, como endocardite e meningite. Vetor A brucelose é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Brucella, e não é transmitida por vetores típicos como mosquitos ou carrapatos. Em vez disso, a transmissão ocorre principalmente por meio de contato direto ou indireto com animais infectados e seus produtos. Bovinos, Suínos, Caprinos e Ovinos: São os principais reservatórios da bactéria. Animais infectados excretam Brucella em grandes quantidades no leite, urina, fezes, placenta e fluídos fetais. Cães: Podem ser infectados com Brucella canis e transmitir a doença a outros animais ou humanos através de contato com secreções ou tecidos contaminados. Leite Não Pasteurizado: Consumir leite cru e derivados como queijo, manteiga e iogurte produzidos a partir de leite não pasteurizado pode levar à infecção. Carne: Manipulação e consumo de carne crua ou mal passada de animais infectados também são fontes de transmissão. Epidemiologia A brucelose é endêmica em várias partes do mundo, incluindo o Mediterrâneo, América Latina, África Subsaariana, Oriente Médio e partes da Ásia. Em países desenvolvidos, a incidência da doença diminuiu significativamente devido a programas de controle eficientes, enquanto em países em desenvolvimento, a doença ainda representa um desafio considerável para a saúde pública e a agricultura. Fisiopatologia Entrada no corpo: A Brucella penetra no corpo humano através de mucosas ou lesões na pele. Disseminação: Uma vez dentro do corpo, as bactérias são fagocitadas por macrófagos e outras células do sistema imunológico. No entanto, ao invés de serem destruídas, elas sobrevivem e se multiplicam dentro dessas células. Disseminação sistêmica: A bactéria é transportada pelo sistema linfático e sanguíneo para diversos órgãos, incluindo o fígado, baço, medula óssea, e linfonodos. Resposta inflamatória: A presença das bactérias nos tecidos provoca uma resposta inflamatória significativa, levando a formação de granulomas e necrose. Essa inflamação e destruição tecidual resultam nos sinais e sintomas clássicos da brucelose, como febre, suores noturnos, fadiga, dor nas articulações e músculos, e hepatomegalia/esplenomegalia. A doença pode se tornar crônica e levar a complicações mais graves se não for tratada adequadamente. A brucelose é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Brucella, e não é transmitida por vetores típicos como mosquitos ou carrapatos. Em vez disso, a transmissão ocorre principalmente por meio de contato direto ou indireto com animais infectados e seus produtos. Bovinos, Suínos, Caprinos e Ovinos: São os principais reservatórios da bactéria. Animais infectados excretam Brucella em grandes quantidades no leite, urina, fezes, placenta e fluídos fetais. Cães: Podem ser infectados com Brucella canis e transmitir a doença a outros animais ou humanos através de contato com secreções ou tecidos contaminados. Leite Não Pasteurizado: Consumir leite cru e derivados como queijo, manteiga e iogurte produzidos a partir de leite não pasteurizado pode levar à infecção. Carne: Manipulação e consumo de carne crua ou mal passada de animais infectados também são fontes de transmissão. A brucelose é endêmica em várias partes do mundo, incluindo o Mediterrâneo, América Latina, África Subsaariana, Oriente Médio e partes da Ásia. Em países desenvolvidos, a incidência da doença diminuiu significativamente devido a programas de controle eficientes, enquanto em países em desenvolvimento, a doença ainda representa um desafio considerável para a saúde pública e a agricultura. Entrada no corpo: A Brucella penetra no corpo humano através de mucosas ou lesões na pele. Disseminação: Uma vez dentro do corpo, as bactérias são fagocitadas por macrófagos e outras células do sistema imunológico. No entanto, ao invés de serem destruídas, elas sobrevivem e se multiplicam dentro dessas células. Disseminação sistêmica: A bactéria é transportada pelo sistema linfático e sanguíneo para diversos órgãos, incluindo o fígado, baço, medula óssea, e linfonodos. Resposta inflamatória: A presença das bactérias nos tecidos provoca uma resposta inflamatória significativa, levando a formação de granulomas e necrose. Essa inflamação e destruição tecidual resultam nos sinais e sintomas clássicos da brucelose, como febre, suores noturnos, fadiga, dor nas articulações e músculos, e hepatomegalia/esplenomegalia. A doença pode se tornar crônica e levar a complicações mais graves se não for tratada adequadamente. Quadro Clínico O período de incubação é de 1-4 semanas a alguns meses. As manifestações clínicas variam de assintomática a doença grave letal. Os sintomas ou sinais possíveis da doença aguda incluem febre aguda com duração prolongada, mal-estar, sudorese noturna (com odor forte e peculiar), mialgia, artralgia, cefaleia, anorexia, perda ponderal, dispepsia, dor abdominal, tosse, hepatoesplenomegalia, linfadenomegalia, com possível alteração de transaminases, leucopenia/leucocitose, linfocitose, trombocitopenia, anemia ou mesmo pancitopenia. Infecção focal pode ocorrer em sítios como: Sistema osteoarticular: Em articulações sacroilíacas ou membro inferiores e/ou espondilite; Trato geniturinário: Orquite e/ou epididimite, prostatite, cistite, nefrite intersticial, glomerulonefrite, abscesso tubo-ovariano, renal ou testicular; Trato respiratório inferior: Bronquite, pneumonite intersticial, pneumonia lobar, nódulos pulmonares, efusão pleural, linfadenopatia hilar, empiema ou abscessos; Trato gastrintestinal: Abscesso hepático, esplênico, colecistite, pancreatite, ileíte, colite e peritonite espontânea; Sistema nervoso central: Meningite, encefalite, mielite, radiculite e/ou neurite; Sistema cardiovascular: Endocardite, miocardite, pericardite, endarterite, tromboflebite e/ou aneurisma micótico da aorta ou ventrículos; Olhos: Uveíte, ceratoconjuntivite, úlcera de córnea, iridociclite, coroidite, neurite óptica, papiledema e endoftalmite; Manifestações dermatológicas: Erupções maculares, maculopapular, escarlatiniforme, papulonodular e eritema nodoso, úlceras, petéquias, púrpuras, vasculite granulomatosa e abscessos. A brucelose pode evoluir para cronicidade e, também, recorrência após tratamento inadequado. O quadro crônico pode estar associado a pacientes com manifestações clínicas por mais de 1 ano após o estabelecimento do diagnóstico, e se caracteriza por infecção localizada (geralmente espondilite, osteomielite, abscessos teciduais ou uveíte) e/ou recorrência em pacientes com evidências de infecção. Outras apresentações de cronicidade podem incluir um curso cíclico intermitente com dorsalgia, artralgia, sudorese e sinais de psiconeurose. Diagnóstico História Clínica e Exame Físico: O médico geralmente começa com uma história clínica detalhada

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Leptospirose

Voltar Leptospirose A leptospirose é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Leptospira, presente em animais domésticos e selvagens. Comumente associada à exposição a água contaminada, essa doença é uma zoonose de ampla distribuição geográfica, especialmente prevalente em regiões tropicais e subtropicais. Os sintomas variam de leves a graves, incluindo febre, dor de cabeça, calafrios e, em casos mais graves, falência renal e hemorragia pulmonar. Dada sua capacidade de causar surtos em áreas com saneamento inadequado e após desastres naturais, a leptospirose representa um desafio significativo para a saúde pública. Vetor A leptospirose é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Leptospira, e os principais vetores dessa doença são os roedores, especialmente os ratos. Esses animais atuam como reservatórios naturais das bactérias, que são excretadas na urina dos roedores. A contaminação ocorre quando a urina de um animal infectado entra em contato com água ou solo, podendo permanecer viável por longos períodos em ambientes úmidos e sombreados. Vetores e Mecanismo de Transmissão   Roedores: Ratos e outros roedores são os principais reservatórios. Eles eliminam a bactéria na urina, contaminando o meio ambiente. Água e Solo Contaminados: A bactéria pode sobreviver por semanas em água e solo contaminados. A infecção humana geralmente ocorre por contato direto com essas fontes contaminadas, especialmente em locais com saneamento inadequado. Outros Animais: Além dos roedores, outros mamíferos, como cães, suínos e bovinos, podem ser portadores e excretar a bactéria, contribuindo para a disseminação da leptospirose. Fatores de Risco   Áreas Urbanas: Locais com alta infestação de ratos, acúmulo de lixo e esgoto a céu aberto são focos de transmissão. Áreas Rurais: Trabalhadores rurais, agricultores e pessoas que lidam com animais estão em risco devido à exposição constante a solo e água contaminados. Desastres Naturais: Inundações e enchentes aumentam significativamente o risco de leptospirose, pois facilitam o contato da população com água contaminada. A prevenção envolve o controle de populações de roedores, melhoria das condições de saneamento e conscientização sobre os riscos da doença. Epidemiologia A leptospirose é mais prevalente em regiões tropicais e subtropicais, onde as condições climáticas favorecem a sobrevivência das bactérias no ambiente. No Brasil, a doença é endêmica e torna-se epidêmica durante períodos chuvosos, especialmente em áreas metropolitanas e de baixa renda, onde o saneamento é inadequado. A incidência da leptospirose varia significativamente entre diferentes regiões e populações. No Brasil, há um maior número de casos nas regiões sul e sudeste, com uma letalidade média de 9%. A doença afeta predominantemente homens na faixa etária de 20 a 49 anos. Fisiopatologia A fisiopatologia da leptospirose envolve uma série de processos complexos que ocorrem após a infecção pelo agente patogênico, a bactéria Leptospira. A infecção geralmente ocorre através de mucosas ou pele lesionada, como a conjuntiva ocular, mucosa nasal ou oral, e pele com cortes ou abrasões. Após a entrada, as bactérias se disseminam pelo sistema circulatório, alcançando vários órgãos e tecidos, incluindo fígado, rins, coração e sistema nervoso. Alguns pontos devem ser notados: Resposta imunológica: Começa na fase Aguda, onde sistema imunológico do hospedeiro tenta eliminar a infecção, resultando em febre, mal-estar e outros sintomas iniciais. Depois evolui para a fase tardia que é caracterizada por uma resposta imunológica mais específica, com a produção de anticorpos contra a bactéria. No entanto, a resposta imunológica pode contribuir para danos nos tecidos, como na insuficiência renal e hemorragias. Fatores de virulência: As bactérias Leptospira produzem enzimas que ajudam na invasão e disseminação nos tecidos do hospedeiro. Além disso, proteínas na superfície das bactérias permitem a adesão às células do hospedeiro, facilitando a infecção A leptospirose é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Leptospira, e os principais vetores dessa doença são os roedores, especialmente os ratos. Esses animais atuam como reservatórios naturais das bactérias, que são excretadas na urina dos roedores. A contaminação ocorre quando a urina de um animal infectado entra em contato com água ou solo, podendo permanecer viável por longos períodos em ambientes úmidos e sombreados. Vetores e Mecanismo de Transmissão   Roedores: Ratos e outros roedores são os principais reservatórios. Eles eliminam a bactéria na urina, contaminando o meio ambiente. Água e Solo Contaminados: A bactéria pode sobreviver por semanas em água e solo contaminados. A infecção humana geralmente ocorre por contato direto com essas fontes contaminadas, especialmente em locais com saneamento inadequado. Outros Animais: Além dos roedores, outros mamíferos, como cães, suínos e bovinos, podem ser portadores e excretar a bactéria, contribuindo para a disseminação da leptospirose. Fatores de Risco   Áreas Urbanas: Locais com alta infestação de ratos, acúmulo de lixo e esgoto a céu aberto são focos de transmissão. Áreas Rurais: Trabalhadores rurais, agricultores e pessoas que lidam com animais estão em risco devido à exposição constante a solo e água contaminados. Desastres Naturais: Inundações e enchentes aumentam significativamente o risco de leptospirose, pois facilitam o contato da população com água contaminada. A prevenção envolve o controle de populações de roedores, melhoria das condições de saneamento e conscientização sobre os riscos da doença. A leptospirose é mais prevalente em regiões tropicais e subtropicais, onde as condições climáticas favorecem a sobrevivência das bactérias no ambiente. No Brasil, a doença é endêmica e torna-se epidêmica durante períodos chuvosos, especialmente em áreas metropolitanas e de baixa renda, onde o saneamento é inadequado. A incidência da leptospirose varia significativamente entre diferentes regiões e populações. No Brasil, há um maior número de casos nas regiões sul e sudeste, com uma letalidade média de 9%. A doença afeta predominantemente homens na faixa etária de 20 a 49 anos. A fisiopatologia da leptospirose envolve uma série de processos complexos que ocorrem após a infecção pelo agente patogênico, a bactéria Leptospira. A infecção geralmente ocorre através de mucosas ou pele lesionada, como a conjuntiva ocular, mucosa nasal ou oral, e pele com cortes ou abrasões. Após a entrada, as bactérias se disseminam pelo sistema circulatório, alcançando vários órgãos e tecidos, incluindo fígado, rins, coração e sistema nervoso. Alguns pontos devem ser notados: Resposta imunológica: Começa na fase Aguda, onde sistema imunológico

Guia de Zoonoses

Doença de Lyme

Voltar Doença de Lyme A Doença de Lyme, também conhecida como borreliose de Lyme, é uma infecção bacteriana transmitida principalmente pela picada de carrapatos do gênero Ixodes. Desde a sua identificação nos anos 70, nos Estados Unidos, a Doença de Lyme tem despertado crescente atenção devido ao seu impacto significativo na saúde pública. Essa doença, que pode afetar diversos sistemas do corpo humano, é causada pela bactéria Borrelia burgdorferi e é caracterizada por sintomas variados que vão desde uma erupção cutânea característica, até complicações neurológicas e articulares graves. Observe a área de inflamação ao redor. O carrapato deve ser retirado com cuidado e levado para análise em laboratório Lesão de pele característica da doença de Lyme, o eritema migrans Vetor Carrapato do Cervo (Ixodes scapularis): Este carrapato é o principal vetor da doença de Lyme nos Estados Unidos, especialmente no nordeste e centro-norte do país. Carrapato do Pacífico (Ixodes pacificus): Encontrado no oeste dos Estados Unidos, este carrapato também pode transmitir a bactéria Borrelia burgdorferi. Carrapato Europeu (Ixodes ricinus): Na Europa, o carrapato Ixodes ricinus é o principal vetor da doença de Lyme. Carrapato da Ásia (Ixodes persulcatus): Este carrapato é encontrado na Ásia e também pode transmitir a bactéria. Os carrapatos Ixodes passam por várias fases de vida: ovo, larva, ninfa e adulto. Durante a fase de ninfa e adulto, eles se alimentam de sangue de mamíferos, incluindo humanos. A transmissão da doença ocorre quando um carrapato infectado pica um hospedeiro para se alimentar, transferindo a bactéria Borrelia burgdorferi para o hospedeiro. Epidemiologia A doença de Lyme, transmitida pela bactéria Borrelia burgdorferi, é uma infecção zoonótica que atinge principalmente regiões temperadas do hemisfério norte. Nos Estados Unidos, a doença é mais prevalente no nordeste e no centro-norte, com cerca de 300.000 novos casos relatados anualmente. Na Europa, a incidência é alta em países como Alemanha, França e Polônia. O principal vetor são os carrapatos do gênero Ixodes. A infecção ocorre com maior frequência durante os meses de primavera e verão, quando os carrapatos estão mais ativos. Fatores de risco incluem atividades ao ar livre em áreas infestadas por carrapatos. Epidemiologicamente, a doença de Lyme apresenta uma variação significativa na prevalência entre diferentes regiões e populações, o que torna essencial a implementação de medidas de prevenção e controle, especialmente em áreas endêmicas. Fisiopatologia Quando um carrapato infectado pica um hospedeiro, a bactéria Borrelia burgdorferi entra na pele e se espalha pelo corpo através do sistema linfático e sanguíneo. O sistema imunológico do hospedeiro reconhece a presença da bactéria e inicia uma resposta inflamatória. Essa resposta é crucial para controlar a infecção, mas também pode contribuir para os sintomas clínicos da doença. A bactéria Borrelia burgdorferi possui várias estratégias para evadir a resposta imunológica do hospedeiro, incluindo a alteração de suas proteínas de superfície e a formação de biofilmes que dificultam a eliminação pelo sistema imunológico. Carrapato do Cervo (Ixodes scapularis): Este carrapato é o principal vetor da doença de Lyme nos Estados Unidos, especialmente no nordeste e centro-norte do país. Carrapato do Pacífico (Ixodes pacificus): Encontrado no oeste dos Estados Unidos, este carrapato também pode transmitir a bactéria Borrelia burgdorferi. Carrapato Europeu (Ixodes ricinus): Na Europa, o carrapato Ixodes ricinus é o principal vetor da doença de Lyme. Carrapato da Ásia (Ixodes persulcatus): Este carrapato é encontrado na Ásia e também pode transmitir a bactéria. Os carrapatos Ixodes passam por várias fases de vida: ovo, larva, ninfa e adulto. Durante a fase de ninfa e adulto, eles se alimentam de sangue de mamíferos, incluindo humanos. A transmissão da doença ocorre quando um carrapato infectado pica um hospedeiro para se alimentar, transferindo a bactéria Borrelia burgdorferi para o hospedeiro. A doença de Lyme, transmitida pela bactéria Borrelia burgdorferi, é uma infecção zoonótica que atinge principalmente regiões temperadas do hemisfério norte. Nos Estados Unidos, a doença é mais prevalente no nordeste e no centro-norte, com cerca de 300.000 novos casos relatados anualmente. Na Europa, a incidência é alta em países como Alemanha, França e Polônia. O principal vetor são os carrapatos do gênero Ixodes. A infecção ocorre com maior frequência durante os meses de primavera e verão, quando os carrapatos estão mais ativos. Fatores de risco incluem atividades ao ar livre em áreas infestadas por carrapatos. Epidemiologicamente, a doença de Lyme apresenta uma variação significativa na prevalência entre diferentes regiões e populações, o que torna essencial a implementação de medidas de prevenção e controle, especialmente em áreas endêmicas. Quando um carrapato infectado pica um hospedeiro, a bactéria Borrelia burgdorferi entra na pele e se espalha pelo corpo através do sistema linfático e sanguíneo. O sistema imunológico do hospedeiro reconhece a presença da bactéria e inicia uma resposta inflamatória. Essa resposta é crucial para controlar a infecção, mas também pode contribuir para os sintomas clínicos da doença. A bactéria Borrelia burgdorferi possui várias estratégias para evadir a resposta imunológica do hospedeiro, incluindo a alteração de suas proteínas de superfície e a formação de biofilmes que dificultam a eliminação pelo sistema imunológico. Quadro Clínico A doença de Lyme pode se manifestar em várias formas, dependendo do estágio da infecção: Estágio Localizado: Caracterizado pelo eritema migrans, uma erupção cutânea em forma de “alvo” que aparece no local da picada do carrapato. Estágio Disseminado: Se não tratada, a infecção pode se espalhar para outras partes do corpo, causando sintomas como febre, fadiga, dores musculares e articulares, e problemas neurológicos. Estágio Crônico: Em casos não tratados, a infecção pode levar a complicações mais graves, como artrite crônica, cardite de Lyme e neuropatias. Diagnóstico História Clínica e Exame Físico: O médico começa com uma avaliação detalhada da história clínica do paciente e um exame físico para identificar sinais e sintomas típicos da doença de Lyme, como o eritema migratório (uma erupção cutânea característica) e outros sintomas como febre, fadiga e dores articulares. Testes de Sangue: Se a doença de Lyme for suspeitada, testes de sangue podem ser realizados para detectar a presença de anticorpos contra a bactéria Borrelia burgdorferi, que causa a doença. Os testes mais comuns

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