Capilaríase

A capilariase é uma doença causada por nematódeos (vermes cilíndricos) do gênero Capillaria, que parasitam diversos órgãos de animais e humanos. Existem três tipos principais de capilariase, de acordo com o órgão afetado: intestinal, hepática e pulmonar. Cada tipo tem características clínicas, epidemiológicas e terapêuticas distintas. A capilariase é considerada uma doença rara e negligenciada, pois afeta principalmente populações pobres e vulneráveis, com baixo acesso a serviços de saúde e saneamento. Além disso, há poucos estudos e dados sobre a doença, o que dificulta o seu diagnóstico, tratamento e prevenção. Neste artigo, vamos abordar os aspectos gerais da capilariase, com ênfase na sua ocorrência no Brasil.

Ovo de C. hepática obtido de um exame parazitológico de fezes

Nematódeo C. philippinensis sob microscopia óptica

Corte histológico de fígado: Acúmulo de ovos de C. hepática envoltos por material hialino

A capilariase intestinal é causada pelo Capillaria philippinensis, um verme que infecta o intestino delgado de aves e peixes de água doce, e que pode ser transmitido aos humanos pela ingestão de peixes crus ou mal cozidos. A doença foi descoberta nas Filipinas, em 1964, e desde então tem sido relatada em vários países da Ásia, África, Oriente Médio e América do Sul. No Brasil, há apenas um caso confirmado de capilariase intestinal, ocorrido em 2008, em um paciente que consumiu peixe cru em um restaurante japonês em São Paulo. A doença se manifesta por diarreia crônica, perda de peso, desnutrição, anemia e edema. Se não tratada, pode levar à morte por falência múltipla de órgãos.

A capilariase hepática é causada pelo Capillaria hepatica, um verme que infecta o fígado de roedores e outros mamíferos, e que pode ser transmitido aos humanos pela ingestão de alimentos ou água contaminados com fezes de animais infectados. A doença tem distribuição mundial, mas é mais frequente em regiões tropicais e subtropicais, onde há maior contato entre humanos e roedores. No Brasil, há relatos esporádicos de capilariase hepática, principalmente em crianças e indígenas. A doença se manifesta por hepatomegalia (aumento do fígado), icterícia (amarelamento da pele e dos olhos), febre, anorexia, dor abdominal e hipereosinofilia (aumento dos eosinófilos, um tipo de célula de defesa). Em alguns casos, pode haver complicações como cirrose, ascite, hemorragia e insuficiência hepática.

A capilariase pulmonar é causada pelo Capillaria aerophila, um verme que infecta o trato respiratório de cães, gatos e outros carnívoros, e que pode ser transmitido aos humanos pela inalação de ovos do parasita presentes no ambiente. A doença é rara em humanos, e tem sido descrita em alguns países da Europa, Ásia e América do Norte. No Brasil, não há casos registrados de capilariase pulmonar em humanos. A doença se manifesta por tosse, dispneia (dificuldade para respirar), hemoptise (tosse com sangue), bronquite, pneumonia e fibrose pulmonar. Em alguns casos, pode haver disseminação do parasita para outros órgãos, como coração, rins e cérebro.

Os vetores da capilariase são os animais que hospedam os vermes do gênero Capillaria e que podem transmiti-los aos humanos. Os principais vetores são:

  • Peixes de água doce, como tilápias, carpas e bagres, que podem estar infectados pelo C. philippinensis e transmitir a capilariase intestinal aos humanos que os consomem crus ou mal cozidos.
  • Roedores, como ratos e camundongos, que podem estar infectados pelo C. hepatica e transmitir a capilariase hepática aos humanos que ingerem alimentos ou água contaminados com suas fezes.
  • Cães, gatos e outros carnívoros, que podem estar infectados pelo C. aerophila e transmitir a capilariase pulmonar aos humanos que inalam ovos do parasita presentes no ambiente.

O ciclo de vida dos vermes do gênero Capillaria é complexo e envolve dois hospedeiros: um intermediário e um definitivo. O hospedeiro intermediário é aquele em que o verme se desenvolve da forma larval para a forma adulta, e o hospedeiro definitivo é aquele em que o verme se reproduz e libera os ovos. O ciclo de vida varia de acordo com a espécie do verme e o tipo de capilariase.

Na capilariase intestinal, o hospedeiro intermediário é o peixe de água doce, que ingere os ovos embrionados do C. philippinensis presentes na água. Os ovos eclodem no intestino do peixe e liberam as larvas, que penetram na parede intestinal e migram para os músculos, onde se desenvolvem em vermes adultos. O hospedeiro definitivo é o humano ou a ave, que ingere o peixe infectado. Os vermes adultos se alojam no intestino delgado do hospedeiro e se reproduzem, liberando os ovos não embrionados nas fezes. Os ovos podem ser ingeridos por outros peixes, completando o ciclo, ou podem se autoinfectar o próprio hospedeiro, causando uma infecção mais grave.

Na capilariase hepática, o hospedeiro intermediário é o solo, onde os ovos embrionados do C. hepatica permanecem por até dois meses, até se tornarem infectantes. Os ovos são ingeridos por roedores ou outros mamíferos, que se tornam os hospedeiros definitivos. Os ovos eclodem no intestino do hospedeiro e liberam as larvas, que penetram na parede intestinal e migram para o fígado, onde se desenvolvem em vermes adultos. Os vermes adultos se alojam nos sinusoides hepáticos (pequenos vasos sanguíneos do fígado) e se reproduzem, liberando os ovos não embrionados nas fezes. Os ovos podem ser ingeridos por outros animais ou pelo humano, completando o ciclo.

Na capilariase pulmonar, o hospedeiro intermediário é o solo ou a água, onde os ovos embrionados do C. aerophila permanecem por até três semanas, até se tornarem infectantes. Os ovos são ingeridos ou inalados por cães, gatos ou outros carnívoros, que se tornam os hospedeiros definitivos. Os ovos eclodem no trato respiratório do hospedeiro e liberam as larvas, que penetram na parede dos brônquios e migram para os alvéolos pulmonares, onde se desenvolvem em vermes adultos. Os vermes adultos se alojam nos alvéolos e se reproduzem, liberando os ovos não embrionados na expectoração ou nas fezes. Os ovos podem ser ingeridos ou inalados por outros animais ou pelo humano, completando o ciclo.

  • Capilariase Intestinal: Os vermes adultos residem no trato intestinal de aves e seres humanos. Os ovos não embrionados dos parasitas são liberados nas fezes e maturam em água fresca, quando são ingeridos por peixes. As larvas liberadas no intestino dos peixes penetram pela parede epitelial e migram para os músculos desses hospedeiros. A ingestão de peixes crus ou mal cozidos resulta em infecção de aves e humanos. A maturação de ovos no intestino humano leva à autoinfecção, podendo resultar em hiperinfecção. A diarreia é causada pela inflamação e atrofia das vilosidades intestinais, que comprometem a absorção de nutrientes e água. A perda de proteínas e eletrólitos pode levar a edema, desnutrição, hipoproteinemia e acidose metabólica. A infecção persistente e a autoinfecção podem resultar em perfuração intestinal, peritonite, sepse e óbito.

  • Capilariase Hepática: A doença é adquirida pela ingestão de ovos do parasita em alimentos ou água contaminados. O ciclo de vida se inicia com a ingestão de ovos embrionados, com a liberação de larvas no intestino com consequente migração pela veia portal no fígado, onde maturam em formas adultas após quatro semanas e liberam os ovos no parênquima. As formas adultas são destruídas pela inflamação mas os ovos permanecem viáveis no parênquima hepático. Eventualmente, as larvas migram para os pulmões, rins e outros órgãos. A hepatomegalia é devida à inflamação granulomatosa do parênquima hepático, causada pela presença dos ovos do parasita. A inflamação pode causar fibrose, necrose e cirrose hepática. A anemia é causada pela hemólise intravascular, que ocorre pela liberação de toxinas pelos parasitas. A icterícia é causada pela obstrução biliar, que pode ser provocada pelos ovos ou pelos granulomas. A febre e a hipereosinofilia são respostas imunológicas do organismo à infecção.

  • Capilariase Pulmonar: A transmissão se dá pela inalação de ovos do parasita presentes no solo ou nas fezes dos animais. As larvas eclodem no trato respiratório e migram para os alvéolos, onde se desenvolvem em vermes adultos. Os ovos são eliminados pela tosse ou deglutidos e eliminados nas fezes. A dispneia e a tosse são causadas pela inflamação e destruição dos capilares pulmonares, que reduzem a capacidade de troca gasosa. A hemoptise é causada pela ruptura dos capilares e pela necrose do tecido pulmonar. Os infiltrados pulmonares são vistos na radiografia de tórax e correspondem às áreas de hemorragia e inflamação. A hipereosinofilia é uma reação alérgica do organismo aos antígenos dos parasitas.

A capilariase intestinal se manifesta com diarreia crônica aquosa, que pode ser acompanhada de dor abdominal, náuseas, vômitos, febre e eosinofilia periférica. A diarreia é causada pela inflamação e atrofia das vilosidades intestinais, que comprometem a absorção de nutrientes e água. A perda de proteínas e eletrólitos pode levar a edema, desnutrição, hipoproteinemia e acidose metabólica. A infecção persistente e a autoinfecção podem resultar em hiperinfecção, que é caracterizada por um aumento do número de parasitas e uma maior gravidade dos sintomas. A hiperinfecção pode causar perfuração intestinal, peritonite, sepse e óbito.

A capilariase hepática se apresenta com hepatomegalia, dor no quadrante superior direito, icterícia, anemia, febre e hipereosinofilia. A hepatomegalia é devida à inflamação granulomatosa do parênquima hepático, causada pela presença dos ovos do parasita. A inflamação pode causar fibrose, necrose e cirrose hepática. A anemia é causada pela hemólise intravascular, que ocorre pela liberação de toxinas pelos parasitas. A icterícia é causada pela obstrução biliar, que pode ser provocada pelos ovos ou pelos granulomas. A febre e a hipereosinofilia são respostas imunológicas do organismo à infecção.

A capilariase pulmonar se caracteriza por dispneia, tosse, hemoptise, infiltrados pulmonares e hipereosinofilia. A dispneia e a tosse são causadas pela inflamação e destruição dos capilares pulmonares, que reduzem a capacidade de troca gasosa. A hemoptise é causada pela ruptura dos capilares e pela necrose do tecido pulmonar. Os infiltrados pulmonares são vistos na radiografia de tórax e correspondem às áreas de hemorragia e inflamação. A hipereosinofilia é uma reação alérgica do organismo aos antígenos dos parasitas.

Capilariase Intestinal: O diagnóstico é feito pela identificação dos ovos do parasita nas fezes do paciente, que têm uma forma ovalada e bipolar, com um plug mucoso em cada extremidade. O exame parasitológico de fezes deve ser repetido várias vezes, pois a eliminação dos ovos pode ser intermitente. Outros exames que podem auxiliar o diagnóstico são a endoscopia digestiva, que pode visualizar os vermes adultos no intestino, e a biópsia intestinal, que pode revelar a presença de ovos e larvas no tecido.

Capilariase Hepática: O diagnóstico é difícil, pois os ovos do parasita não são eliminados nas fezes, mas permanecem no fígado do hospedeiro. O método mais confiável é a biópsia hepática, que pode demonstrar os ovos no parênquima hepático, rodeados por uma reação inflamatória granulomatosa. Outros exames que podem sugerir a infecção são as provas de função hepática, que podem estar alteradas, e a ultrassonografia abdominal, que pode mostrar hepatomegalia e lesões nodulares no fígado.

Capilariase Pulmonar: O diagnóstico é baseado na detecção dos ovos do parasita no escarro ou no lavado broncoalveolar do paciente, que têm uma forma elíptica e bipolar, com um plug mucoso em cada extremidade. Outros exames que podem apoiar o diagnóstico são a radiografia de tórax, que pode mostrar infiltrados pulmonares, e a tomografia computadorizada de tórax, que pode revelar áreas de consolidação, bronquiectasias e cavitações.

Tratamento

O tratamento da capilariase depende do tipo e do órgão afetado pela infecção, existem três tipos principais de capilariase: intestinal, hepática e pulmonar. Cada um deles é causado por uma espécie diferente de nematódeo do gênero Capillaria. Vamos explicar detalhadamente como cada tipo pode ser tratado:

A capilariase intestinal é causada por Capillaria philippinensis, um parasita de aves que se alimentam de peixes. O tratamento consiste no uso de anti-helmínticos, como albendazol ou mebendazol, que eliminam os vermes adultos e os ovos do intestino. A dose recomendada é:

Tratamento Farmacológico = Antiparasitário

Escolha 01 dos Antiparasitários abaixo:

  • Albendazol 400mg: 01 comprimido, por via oral, de 24/24h durante 30 dias.
  • Mebendazol 200 mg: 01 comprimido, por via oral, de 12/12h por 30 dias.

Além disso, é necessário corrigir a desidratação, a desnutrição e o desequilíbrio eletrolítico causados pela diarreia, com a administração de soro oral ou intravenoso, suplementos nutricionais e vitaminas. Em casos de hiperinfecção, pode ser necessário o uso de antibióticos para prevenir ou tratar infecções secundárias, como peritonite ou sepse.

A capilariase hepática é causada por Capillaria hepatica, um parasita de roedores, cães, suínos e outros mamíferos, sendo o ser humano um hospedeiro acidental. O tratamento é mais difícil, pois os ovos do parasita permanecem no fígado do hospedeiro e não são eliminados nas fezes. O uso de anti-helmínticos, como albendazol ou tiabendazol, pode ajudar a reduzir a carga parasitária e a inflamação hepática, mas não elimina completamente a infecção. A dose recomendada é:

Tratamento Farmacológico = Antiparasitário + Prednisona

Escolha 01 dos Antiparasitários abaixo:

  • Albendazol 400mg: de 400 mg de albendazol ou 500 mg de tiabendazol, uma vez ao dia, por 30 dias (mínimo de 10 dias).
  • Tiabendazol 500mg: 01 comprimido para cada 10kg de peso, por via oral, de 12/12h durante 30 dias.

Dose recomendada para Prednisona é:

  • Prednisona 20mg: 02 comprimidos, por via oral, de 24/24h durante 5 dias (desmame de 50% da dose a cada 5 dias).

Além disso, é necessário tratar as complicações hepáticas, como icterícia, anemia, cirrose e insuficiência hepática, com o uso de medicamentos específicos, como corticosteroides, diuréticos, anticoagulantes e transfusões sanguíneas. Em casos graves, pode ser indicado o transplante hepático.

A capilariase pulmonar é causada por Capillaria aerophila, um parasita de animais silvestres e domésticos, que pode infectar ocasionalmente o ser humano. O tratamento visa aliviar os sintomas respiratórios e reduzir a reação alérgica aos parasitas. O uso de anti-helmínticos, como albendazol ou mebendazol, pode ajudar a eliminar os vermes adultos e os ovos dos pulmões. Além disso, é necessário o uso de corticosteroides, como prednisona ou dexametasona, para diminuir a inflamação e a hipereosinofilia: 

Tratamento Farmacológico = Antiparasitário + Prednisona

Escolha 01 dos Antiparasitários abaixo:

  • Albendazol 400mg: 01 comprimido, por via oral, de 24/24h durante 30 dias.
  • Mebendazol 200 mg: 01 comprimido, por via oral, de 12/12h por 30 dias.

Dose recomendada para Prednisona é:

  • Prednisona 20mg: 02 comprimidos, por via oral, de 24/24h durante 5 dias (desmame de 50% da dose a cada 5 dias).

Em casos de hemoptise, pode ser necessário o uso de hemostáticos, como ácido tranexâmico ou etamsilato, para controlar a hemorragia. Em casos de insuficiência respiratória, pode ser necessário o uso de oxigenoterapia ou ventilação mecânica.

Acompanhamento

O acompanhamento da capilariase depende do tipo e do órgão afetado pela infecção:

  • Capilariase Intestinal: O acompanhamento deve ser feito por um médico infectologista, que deve avaliar a resposta ao tratamento com anti-helmínticos, a correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e nutricionais, e a prevenção de infecções secundárias. O caso pode ser conduzido ambulatorialmente, se o paciente apresentar sintomas leves e boa adesão ao tratamento. O caso deve ser internado em hospital, se o paciente apresentar sinais de hiperinfecção, perfuração intestinal, peritonite, sepse ou choque. A cura é confirmada pela ausência de ovos do parasita nas fezes após o tratamento. O acompanhamento a longo prazo é necessário para monitorar possíveis sequelas intestinais, como má absorção, diarreia crônica ou síndrome do intestino curto.

  • Capilariase Hepática: O acompanhamento deve ser feito por um médico hepatologista, que deve avaliar a evolução da inflamação e da fibrose hepática, o controle das complicações hepáticas, e o uso de imunossupressores. O caso pode ser conduzido ambulatorialmente, se o paciente apresentar sintomas moderados e boa resposta ao tratamento. O caso deve ser internado em hospital, se o paciente apresentar sinais de insuficiência hepática, hemorragia digestiva, encefalopatia hepática ou ascite. A cura é difícil de ser alcançada, pois os ovos do parasita permanecem no fígado do hospedeiro e não são eliminados nas fezes. O acompanhamento a longo prazo é necessário para prevenir ou tratar o desenvolvimento de cirrose hepática e suas complicações.

  • Capilariase Pulmonar: O acompanhamento deve ser feito por um médico pneumologista, que deve avaliar a melhora dos sintomas respiratórios, a redução da reação alérgica, e o uso de corticosteroides. O caso pode ser conduzido ambulatorialmente, se o paciente apresentar sintomas leves e boa tolerância ao tratamento. O caso deve ser internado em hospital, se o paciente apresentar sinais de insuficiência respiratória, hemoptise, pneumonia ou abscesso pulmonar. A cura é confirmada pela ausência de ovos do parasita no escarro ou no lavado broncoalveolar após o tratamento. O acompanhamento a longo prazo é necessário para monitorar possíveis sequelas pulmonares, como bronquiectasias, fibrose ou enfisema.

Sobre o patógeno

Capilaríase

Nematóides do Gênero Capillaria

Os nematóides do gênero Capillaria são vermes parasitas que podem infectar diversos animais, incluindo aves, mamíferos e peixes. Eles pertencem à família Trichinellidae e se caracterizam por terem um corpo fino e alongado, com uma extremidade anterior afilada e uma extremidade posterior arredondada. Eles possuem um sistema digestivo completo, com boca, faringe, intestino e ânus, e um sistema reprodutor com sexos separados. Os machos têm uma bolsa copulatória na extremidade posterior, onde armazenam os espermatozóides, e as fêmeas têm um ovário, um útero e uma vagina. Os ovos são eliminados nas fezes ou na urina dos hospedeiros e podem permanecer viáveis no ambiente por longos períodos

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