Critérios de Reperfusão Pós Trobólise Química
A trombólise química representa um avanço monumental no tratamento de doenças tromboembólicas agudas. Ao administrar agentes trombolíticos, busca-se dissolver o trombo que obstrui o vaso sanguíneo, restabelecendo assim o fluxo sanguíneo adequado ao tecido afetado. No entanto, o sucesso deste procedimento não se limita à administração do agente; a reperfusão efetiva do tecido é o objetivo final e mais crítico.
Os critérios de reperfusão pós-trombolítica são multifacetados, envolvendo avaliações clínicas, como a melhora dos sintomas do paciente, e parâmetros objetivos, incluindo achados de imagem e biomarcadores. Este artigo explora os critérios atuais de reperfusão pós-trombolítica, destacando as melhores práticas e desafios na avaliação do sucesso da reperfusão, com o objetivo de melhorar os resultados clínicos para pacientes submetidos a este procedimento vital.
A redução do supradesnivelamento do segmento ST em mais de 50% dentro de 60 a 90 minutos após a trombólise é um critério eletrocardiográfico importante para avaliar a reperfusão no infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST). Este critério é baseado na observação de que a regressão do supradesnivelamento do segmento ST no ECG pode ser um indicador de reperfusão miocárdica bem-sucedida.
O ECG é realizado antes da administração do agente trombolítico e repetido após 60 minutos para verificar a redução do supradesnivelamento do segmento ST. Uma redução maior que 50% na derivação com a maior elevação é considerada um sinal positivo de reperfusão. No entanto, estudos indicam que, embora este critério tenha uma sensibilidade de 79% e um valor preditivo negativo de 66%, sua especificidade é relativamente baixa, de apenas 40%, e o valor preditivo positivo é de 56%.
Isso significa que, enquanto uma significativa redução do supradesnivelamento do segmento ST é um bom indicador de reperfusão, não é infalível. Portanto, mesmo em casos onde há uma redução substancial do segmento ST, recomenda-se a realização de uma angiografia coronária para confirmar a reperfusão adequada e garantir o fluxo coronário macro e microvascular.
A melhora da dor é um dos critérios clínicos fundamentais para avaliar a eficácia da trombólise no tratamento do infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST). A resolução ou diminuição significativa da dor torácica após a administração do agente trombolítico sugere que a reperfusão do miocárdio está ocorrendo, indicando que o fluxo sanguíneo pode ter sido restaurado na área afetada do coração.
Este critério é avaliado geralmente após 90 minutos da administração da trombólise. A melhora da dor é um indicador precoce e acessível de sucesso terapêutico, pois não requer equipamentos sofisticados para sua avaliação, podendo ser rapidamente percebida pelo paciente e pela equipe médica.
No entanto, é importante notar que a melhora da dor não é um indicador absoluto de reperfusão e deve ser considerada em conjunto com outros critérios, como a redução do supradesnivelamento do segmento ST no ECG e o pico precoce de marcadores de necrose miocárdica. A avaliação integrada desses critérios fornece uma visão mais completa do estado de reperfusão do paciente e pode ajudar a guiar decisões clínicas subsequentes, como a necessidade de angiografia coronariana ou outras intervenções.
As arritmias de reperfusão, particularmente o ritmo idioventricular acelerado (RIVA), são consideradas marcadores de reperfusão miocárdica após a trombólise em pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM). O RIVA é caracterizado por um ritmo cardíaco regular com três ou mais batimentos consecutivos, complexos QRS monomórficos com duração superior a 120ms e uma frequência cardíaca entre 50 e 110 batimentos por minuto.
O RIVA é uma arritmia que ocorre devido ao automatismo anormal dos ventrículos, originando-se de um foco ventricular ectópico. É um sinal de que a reperfusão coronária pode estar ocorrendo, sendo essencial seu reconhecimento durante o tratamento do IAM. A presença de RIVA após a trombólise indica que o fluxo sanguíneo pode ter sido restabelecido na área previamente isquêmica do coração.
Embora o RIVA seja geralmente uma arritmia benigna e autolimitada, que muitas vezes não requer tratamento específico, seu reconhecimento é importante. A arritmia tende a se resolver quando a frequência sinusal excede a do foco ventricular ectópico. No entanto, é crucial monitorar o paciente para garantir que não haja complicações e que a reperfusão seja mantida.
A troponina é um marcador altamente sensível e específico para lesão miocárdica, e seu aumento pode ser detectado dentro de poucas horas após o início do IAM. A CK-MB, embora menos específica do que a troponina, também é um indicador útil de dano miocárdico e reperfusão.
O pico precoce desses marcadores, geralmente observado dentro de 12 horas após a administração do trombolítico, é um sinal positivo de reperfusão. Isso ocorre porque a restauração do fluxo sanguíneo ao miocárdio isquêmico leva à liberação rápida desses biomarcadores do tecido danificado para a corrente sanguínea.
No entanto, é importante notar que a elevação dos marcadores de necrose miocárdica deve ser interpretada em conjunto com outros critérios clínicos e eletrocardiográficos para uma avaliação abrangente da reperfusão e do prognóstico do paciente.
Referências
- Regressão do Supradesnivelamento do Segmento ST como Preditor de Reperfusão no Infarto Agudo do Miocárdio: Uma Incógnita Persistente – PMC (nih.gov)
- SciELO – Brasil – Acurácia da Redução do Segmento-ST Pós-Trombólise como Preditor de Reperfusão Adequada em Estratégia Fármaco-Invasiva Acurácia da Redução do Segmento-ST Pós-Trombólise como Preditor de Reperfusão Adequada em Estratégia Fármaco-Invasiva
- Trombólise no IAM: tudo que você precisa saber – Medway
- Trombólise para tratar pessoas com trombose venosa profunda aguda | Cochrane
- Reperfusão no IAM: saiba mais sobre o assunto | Neomed