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Hipoestesia

🖐️ Hipoestesia A hipoestesia é a diminuição da sensibilidade tátil, ou seja, uma resposta reduzida a estímulos sensoriais normais, como toque leve, pressão, vibração, dor ou temperatura. Esse sinal pode afetar uma região específica do corpo ou se manifestar de forma mais ampla, dependendo da causa. A hipoestesia pode envolver diferentes modalidades de sensibilidade: Tátil (toque leve) Dolorosa (sensibilidade à dor) Térmica (calor e frio) Vibratória (palestesia) Proprioceptiva (posição do corpo no espaço) Importância clínica A localização da hipoestesia no exame físico ajuda a determinar o nível e tipo de lesão neurológica: Distribuição em luva ou bota → neuropatia periférica Dermátomos bem definidos → lesão radicular Hemicorpo ou hemiface → lesão central (AVC, esclerose múltipla) Fronte nítida em nível torácico → lesão medular Além disso, a hipoestesia pode vir acompanhada de parestesias, dor neuropática, fraqueza muscular ou hipo/areflexia, dependendo da causa subjacente. Durante o exame neurológico, a hipoestesia é investigada com estímulos simples: Algodão ou pincel para toque leve Agulha descartável para dor superficial Tubo com água quente/fria ou metálico para temperatura Diapasão (128 Hz) para vibração Movimentos passivos de dedos ou articulações para propriocepção O paciente deve relatar se sente o estímulo, com que intensidade, e se há diferença entre os dois lados do corpo. Causas mais comuns A hipoestesia pode ter origem periférica, radicular, medular ou central. Suas principais causas incluem: Lesões periféricas: Neuropatias diabéticas Hanseníase Polineuropatias tóxicas, carenciais ou hereditárias Síndrome do túnel do carpo Lesões radiculares ou plexuais: Hérnia de disco com compressão radicular Lesões traumáticas do plexo braquial ou lombossacral Lesões centrais: Acidente vascular cerebral (AVC) parietal ou talâmico Esclerose múltipla Tumores cerebrais ou medulares Mielopatias compressivas Hipoestesia x Anestesia Hipoestesia: redução da sensibilidade Anestesia: abolição completa da sensibilidade Ambos os achados podem coexistir em graus variados, conforme a gravidade da lesão. Referências Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Abordagem das Doenças Neurológicas. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Blumenfeld H. Neuroanatomy through Clinical Cases. Sinauer Associates, 2010. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. Guanabara Koogan, 2011. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Hipoestesia Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Astereognose Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo de Tosse Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo de Lázaro Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025

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Astereognose

✋ Astereognose A astereognose é a incapacidade de reconhecer objetos com o tato, apesar de manter preservadas as funções motoras, a sensibilidade primária (como dor e temperatura) e a acuidade visual. Ou seja, o paciente não consegue identificar um objeto colocado na mão com os olhos fechados, mesmo sentindo sua forma, peso e textura. Esse sinal clínico indica lesão em áreas específicas do lobo parietal contralateral, responsáveis pela interpretação sensitiva cortical. Importância clínica A astereognose é um sinal de disfunção sensitiva cortical e deve ser diferenciada de alterações da sensibilidade primária, como anestesia ou parestesia, que envolvem vias periféricas ou medulares. Seu achado isolado ou associado a outros distúrbios parietais (como agrafestesia, heminegligência ou apraxia) aponta para lesão cortical superior e direciona a investigação com neuroimagem (TC ou RM). Para avaliar a presença de astereognose: O paciente deve estar com os olhos fechados. O examinador coloca um objeto familiar (como uma chave, moeda ou caneta) na mão do paciente. O paciente deve manipular o objeto com os dedos e tentar identificá-lo. O teste é positivo (astereognose) quando o paciente não consegue nomear o objeto, apesar de conseguir segurá-lo e movimentá-lo adequadamente. O teste deve ser feito em ambas as mãos, para comparar os lados e ajudar a localizar a lesão. O que causa? A astereognose é causada por lesões na córtex sensitiva secundária (áreas 5 e 7 de Brodmann), mais comumente no lobo parietal superior, do lado contralateral à mão afetada. Principais causas: AVC isquêmico ou hemorrágico parietal Traumatismo cranioencefálico Tumores do lobo parietal Lesões desmielinizantes (ex: esclerose múltipla) Neurocirurgias com ressecção parietal Síndromes degenerativas corticais Diferença entre astereognose e agnosia tátil Agnosia tátil: o paciente sente o objeto, mas não consegue interpretá-lo cognitivamente Astereognose: há perda da capacidade de processamento espacial e forma pelo tato, geralmente de causa cortical Na prática, os dois termos são frequentemente usados como sinônimos, mas a astereognose implica mais diretamente em lesão parietal sensitiva. Referências DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Blumenfeld H. Neuroanatomy through Clinical Cases. Sinauer Associates, 2010. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Avaliação Neurológica. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Astereognose Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo de Tosse Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo de Lázaro Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo Fotomotor Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025

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Reflexo de Tosse

😤 Reflexo da Tosse O reflexo da tosse é uma resposta reflexa involuntária e protetora do organismo que ocorre diante da irritação das vias aéreas, especialmente a traqueia, laringe e brônquios. Ele é mediado por uma complexa rede de vias nervosas sensoriais e motoras, envolvendo os nervos vago (X par craniano), glossofaríngeo (IX) e nervos espinhais torácicos. Esse reflexo é essencial para a limpeza das vias aéreas e também é utilizado na avaliação neurológica de pacientes com rebaixamento de consciência ou em protocolos de morte encefálica. Importância clínica O reflexo da tosse é um dos reflexos protetores de maior relevância na avaliação clínica neurológica, sendo utilizado tanto para detecção de lesões neurológicas quanto para garantir a segurança da via aérea. Sua presença indica função do tronco encefálico preservada, enquanto sua ausência, especialmente em conjunto com outros reflexos abolidos, pode confirmar a falência do tronco cerebral, como ocorre na morte encefálica. O reflexo pode ser testado de forma direta por meio de: Aspiração traqueal ou orotraqueal (em pacientes intubados) Estímulo direto à região laríngea ou traqueal durante procedimentos A resposta esperada é um esforço de tosse vigoroso ou ao menos uma tentativa de contração abdominal ou expiração forçada. A ausência de tosse reflexa pode indicar comprometimento do tronco encefálico ou das vias motoras envolvidas. Vias envolvidas no reflexo Aferência (sensitiva): Nervo vago (X par) – detecta a irritação na mucosa da laringe, traqueia e brônquios Centro integrador: Bulbo e ponte (tronco encefálico), especialmente a área do centro respiratório Eferência (motora): Nervo vago e nervos laríngeos – contração da glote e vias aéreas superiores Nervos frênicos e intercostais – ativação dos músculos respiratórios, incluindo diafragma, intercostais e abdominais Quando é útil clinicamente? O teste do reflexo da tosse é essencial em: Pacientes comatosos: sua presença sugere tronco encefálico funcional Protocolos de morte encefálica: a ausência do reflexo de tosse (junto a outros reflexos do tronco) é critério obrigatório Avaliação de pacientes disfágicos ou com risco de broncoaspiração Diagnóstico de lesão do nervo vago ou medula oblonga Reflexo ausente – o que pode significar? A ausência do reflexo da tosse pode estar relacionada a: Morte encefálica Lesão do nervo vago Lesão do bulbo ou ponte Bloqueio neuromuscular farmacológico Sedação profunda ou anestesia geral Doenças neuromusculares avançadas (ex: ELA, miopatias) Referências Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 2.173/2017 – Morte Encefálica. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. Guanabara Koogan, 2011. Netter FH. Atlas de Anatomia Humana. Elsevier, 2018. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Reflexo de Tosse Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo de Lázaro Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo Fotomotor Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo Vestíbulo-Calórico Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025

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Reflexo de Lázaro

🧠 Reflexo de Lázaro O reflexo de Lázaro é um movimento reflexo involuntário complexo observado em alguns pacientes com morte encefálica, caracterizado por flexão dos braços sobre o tórax, elevação dos ombros e ocasional extensão das pernas, geralmente após estímulos como aspiração traqueal, mudança de decúbito ou estimulação dolorosa. Apesar de seu aspecto dramático, o reflexo não indica atividade cerebral e não invalida o diagnóstico de morte encefálica, sendo mediado por circuitos espinais remanescentes. Seu nome faz referência à figura bíblica de Lázaro, ressuscitado por Jesus, já que o movimento pode dar a impressão de “retorno à vida”. Importância clínica O reflexo de Lázaro pode causar confusão entre profissionais de saúde e familiares durante o protocolo de morte encefálica, já que sua apresentação pode ser interpretada, erroneamente, como um sinal de recuperação neurológica. É fundamental reconhecer que: Trata-se de um reflexo espinhal, não voluntário Ocorre em menos de 10% dos pacientes em morte encefálica Não representa atividade encefálica residual Não contraindica o diagnóstico de morte encefálica A equipe médica deve estar treinada para identificar e explicar o fenômeno com clareza, tanto em termos técnicos quanto para os familiares do paciente. https://youtu.be/lCmYXGcwe8Y Esse reflexo é considerado espinhal e pode ser desencadeado por estímulos periféricos em pacientes com diagnóstico confirmado de morte encefálica. As manifestações mais comuns incluem: Flexão e adução dos braços sobre o tórax Elevação dos ombros Movimentos em extensão dos membros inferiores Por vezes, podem ocorrer contrações mioclônicas ou movimentos lentos e coordenados Esses movimentos geralmente duram poucos segundos e não se repetem espontaneamente, ocorrendo apenas com certos tipos de estímulos físicos intensos. Por que acontece? Mesmo após a morte encefálica, algumas vias reflexas espinais podem permanecer funcionantes por um tempo limitado. O reflexo de Lázaro é um exemplo disso: a medula espinhal, quando isolada do encéfalo, pode gerar padrões motores complexos em resposta a estímulos aferentes, como dor, aspiração traqueal ou manipulação corporal. Esses movimentos são gerados na medula espinhal e não envolvem consciência ou atividade cortical. Referências Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº 2.173/2017 – Critérios para Morte Encefálica. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Machado C. Spinal reflexes in brain death: a systematic review. Brain Death and Disorders of Consciousness. 2007. Wijdicks EFM. Brain Death. Oxford University Press, 2001. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Reflexo de Lázaro Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo Fotomotor Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo Vestíbulo-Calórico Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Teste Reflexo Córneo-Pálpebra Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025

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Reflexo Fotomotor

🔦 Reflexo Fotomotor O reflexo fotomotor (também chamado de reflexo pupilar à luz) é uma resposta involuntária das pupilas à estimulação luminosa, caracterizada por contração (miose) da pupila ao incidir luz diretamente sobre o olho. Esse reflexo é mediado por estruturas do sistema nervoso autônomo e por nervos cranianos específicos, sendo fundamental na avaliação neurológica e oftalmológica. Importância clínica A avaliação do reflexo fotomotor é essencial na investigação de: Lesões do nervo óptico (II) Lesões do nervo oculomotor (III) Compressão do mesencéfalo ou aumento da pressão intracraniana Traumatismos crânio-encefálicos Anisocoria (pupilas de tamanhos diferentes) Suspeita de morte encefálica (reflexo ausente bilateralmente) Além disso, alterações na resposta pupilar ajudam a identificar pupilas patológicas, como na paralisia do III par, pupila de Adie, síndrome de Horner e no sinal de Marcus Gunn (pupila aferente relativa). https://youtu.be/g9wI6JBqezc Com o paciente olhando para frente, o examinador utiliza uma lanterna para iluminar primeiro um olho e depois o outro, observando as reações pupilares. Devem ser avaliadas duas respostas: Reflexo direto: contração da pupila do olho iluminado Reflexo consensual: contração simultânea da pupila do olho contralateral Ambas devem ocorrer de forma rápida, simétrica e bilateral. Vias nervosas envolvidas O reflexo fotomotor depende da integridade de duas vias principais: Via aferente (sensitiva): Nervo óptico (II par craniano) Transmite o estímulo luminoso até o núcleo pré-tectal no mesencéfalo Via eferente (motora): Nervo oculomotor (III par craniano) A partir do núcleo de Edinger-Westphal, envia fibras parassimpáticas para o músculo esfíncter da pupila O estímulo de um olho ativa ambos os núcleos Edinger-Westphal, resultando em miose bilateral. Respostas anormais possíveis Ausência de reflexo direto e consensual em um olho → lesão do nervo óptico desse lado Presença de reflexo consensual mas ausência do direto → lesão do nervo óptico ipsilateral Presença do direto mas ausência do consensual → lesão do nervo oculomotor contralateral Pupilas fixas e midriáticas → lesão do tronco encefálico ou morte encefálica Referências DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Avaliação Neurológica no Coma. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Kanski JJ, Bowling B. Oftalmologia Clínica. Elsevier, 2017. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Reflexo Fotomotor Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo Vestíbulo-Calórico Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Teste Reflexo Córneo-Pálpebra Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Sinal de Argyll Robertson Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025

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Reflexo Vestíbulo-Calórico

👂🧠 Reflexo Vestíbulo-Calórico O reflexo vestíbulo-calórico, também conhecido como prova calórica, é um teste utilizado para avaliar a função do sistema vestibular periférico e central, incluindo o nervo vestibulococlear (VIII par craniano) e as conexões do tronco encefálico com os núcleos oculomotores (III, IV e VI pares). Ele é especialmente útil na avaliação de pacientes em coma profundo e em protocolos de morte encefálica. O teste provoca movimentos oculares reflexos ao instilar água morna ou fria no canal auditivo externo, estimulando o labirinto do ouvido interno e desencadeando um reflexo vestíbulo-ocular. Importância clínica A ausência do reflexo vestíbulo-calórico, quando feita de forma adequada e bilateral, indica falência do tronco encefálico, especialmente se associada à ausência de outros reflexos (córneo-palpebral, fotomotor, etc.). Por isso, é um teste crítico na confirmação clínica da morte encefálica. Em pacientes conscientes, pode ajudar a localizar lesões vestibulares periféricas ou centrais, sendo parte de testes mais específicos realizados por otoneurologistas. https://youtu.be/NoVz_sE3tjc O paciente deve estar em decúbito dorsal com a cabeça elevada a 30 graus, para alinhar os canais semicirculares horizontais. Em seguida: Introduz-se água fria ou morna (20–44°C) no conduto auditivo externo. Isso provoca deslocamento do endolinfa no labirinto horizontal, simulando um movimento de rotação da cabeça. O sistema vestibular responde com um reflexo oculomotor compensatório — se o tronco encefálico estiver funcional. Reações esperadas: Em pacientes conscientes ou com tronco encefálico íntegro: Água fria → os olhos desviam lentamente para o lado irrigado, seguidos de um nystagmo rápido para o lado oposto Água morna → os olhos desviam lentamente para o lado oposto, com nystagmo para o lado irrigado Mnemônico: COWS – Cold Opposite, Warm Same (fria → nistagmo para o lado oposto; morna → para o mesmo lado) Em pacientes com lesão grave do tronco encefálico ou morte encefálica: Não há movimento ocular, mesmo com estimulação adequada. O que o reflexo avalia? O reflexo vestíbulo-calórico testa a integridade de: Labirinto (orelha interna) Nervo vestibular (VIII) Conexões vestibulares do tronco encefálico Núcleos e nervos oculomotores (III, IV, VI) Movimento dos músculos extraoculares Por isso, é um dos principais reflexos do tronco cerebral e está incluído no protocolo de morte encefálica. Quando é utilizado? Avaliação de coma profundo Diagnóstico de morte encefálica Diagnóstico diferencial de vertigem periférica vs. central Investigação de síndromes vestibulares Testes funcionais do nervo vestibular em neurotologia Referências Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 2.173/2017 – Morte Encefálica. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Baloh RW, Honrubia V. Clinical Neurophysiology of the Vestibular System. Oxford, 2001. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Reflexo Vestíbulo-Calórico Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Teste Reflexo Córneo-Pálpebra Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Sinal de Argyll Robertson Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Sinal dos Olhos de Boneca Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025

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Teste Reflexo Córneo-Pálpebra

👁️ Teste do Reflexo Córneo-Palpebral O reflexo córneo-palpebral (ou reflexo córneo-conjuntival) é uma resposta involuntária e bilateral de piscar os olhos quando a córnea é tocada de leve. É um reflexo protetor importante, mediado por dois nervos cranianos: Nervo trigêmeo (V par) – via aferente sensitiva, que detecta o toque Nervo facial (VII par) – via eferente motora, que fecha a pálpebra Esse reflexo é utilizado na prática clínica para avaliar a integridade funcional desses nervos, bem como o estado de consciência e integridade do tronco encefálico, especialmente em pacientes comatosos. Importância clínica O teste do reflexo córneo-palpebral é simples, rápido e de grande utilidade clínica. Ele é: Parte do exame neurológico básico Um dos critérios neurológicos em protocolos de morte encefálica Importante na avaliação de neuropatias do trigêmeo e do facial Útil na diferenciação de lesões periféricas e centrais nos nervos cranianos A interpretação correta exige a avaliação do reflexo de forma comparativa bilateral, correlacionando com outros sinais clínicos. https://youtu.be/l_dUOqozais Com o paciente de olhos abertos, o examinador toca suavemente a córnea lateral (nunca o centro) com um pedaço de algodão fino, fio de gaze ou cotonete estéril — de forma rápida, discreta e sem causar dor. O reflexo é considerado normal quando ocorre fechamento imediato e bilateral das pálpebras A ausência do reflexo pode indicar lesão em qualquer uma das vias envolvidas Importante: O toque deve ser feito na córnea, e não na esclera ou pálpebra, pois apenas a córnea ativa esse reflexo específico. O que o reflexo avalia? Este teste avalia simultaneamente: A função sensitiva da divisão oftálmica do nervo trigêmeo (V1) A função motora do nervo facial (VII), responsável pelo fechamento da pálpebra A integridade funcional do tronco encefálico, mais especificamente a ponte Além disso, é um dos reflexos testados na avaliação de coma e morte encefálica. Situações clínicas associadas A ausência do reflexo córneo-palpebral pode ocorrer em: Lesão do nervo trigêmeo (V1) – o toque na córnea não é percebido Lesão do nervo facial (VII) – o estímulo é percebido, mas a pálpebra não fecha Lesão da ponte ou tronco encefálico Anestesia local (ex: bloqueio oftálmico ou uso de colírios anestésicos) Coma profundo ou morte encefálica Paralisia de Bell (quando unilateral) Lesões centrais em casos neurológicos avançados Referências DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução sobre Morte Encefálica. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011. Blumenfeld H. Neuroanatomy through Clinical Cases. Sinauer Associates, 2010. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Teste Reflexo Córneo-Pálpebra Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Sinal de Argyll Robertson Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Sinal dos Olhos de Boneca Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Macus Gunn Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025

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Sinal de Argyll Robertson

👁️ Sinal de Argyll Robertson O sinal de Argyll Robertson é uma alteração pupilar caracterizada por pupilas que não reagem à luz, mas que contraem normalmente durante a acomodação visual (convergência para foco próximo). Em termos técnicos, diz-se que a pupila “acomoda mas não reage”, o que representa uma dissociação luz-acomodação. Esse achado é clássico em casos de neurossífilis, especialmente na forma de tabes dorsalis, mas pode estar presente também em outras doenças que afetam as vias neurológicas da pupila. Importância clínica O sinal de Argyll Robertson é um marcador neurológico clássico, especialmente relevante no rastreio de neurossífilis em pacientes com sintomas visuais, sensitivos ou psiquiátricos. Embora hoje menos comum, a sífilis ainda é uma realidade clínica, e o reconhecimento desse sinal pode ser o primeiro indicativo de infecção neurológica crônica. É importante diferenciá-lo da pupila tônica de Adie, que também apresenta dissociação luz-acomodação, mas costuma ser unilateral, com pupila maior e lenta resposta. https://youtu.be/7oO4pdYBZfc O sinal se manifesta da seguinte forma: As pupilas são pequenas (míoticas) e apresentam resposta ausente ou muito reduzida à luz direta ou consensual Entretanto, quando o paciente é instruído a focar um objeto próximo (como o dedo do examinador), as pupilas contraem-se normalmente durante o reflexo de acomodação Esse fenômeno ocorre bilateralmente e é tipicamente assimétrico. Pode passar despercebido se o reflexo de acomodação não for testado. Por que acontece? O reflexo pupilar à luz e o reflexo de acomodação compartilham parte das suas vias neurológicas, mas divergem em alguns pontos-chave: O reflexo à luz passa pelo pré-tecto e núcleo de Edinger-Westphal, no mesencéfalo dorsal O reflexo de acomodação envolve vias corticais que passam pelo lobo occipital e retornam aos núcleos do III par craniano No sinal de Argyll Robertson, a lesão ocorre nos núcleos pré-tectais ou nas suas conexões com o núcleo de Edinger-Westphal, afetando o reflexo à luz, mas poupando as vias da acomodação — por isso ocorre a dissociação. Causas principais Embora classicamente ligado à neurossífilis, o sinal pode estar presente em outras condições que afetam as vias pupilares centrais: Tabes dorsalis (forma de neurossífilis com acometimento das colunas posteriores da medula) Sífilis terciária Esclerose múltipla Diabetes mellitus com neuropatia autonômica Lesões do mesencéfalo dorsal (tumores, isquemias, neurotoxinas) Sarcoidose neurológica (raramente) Quem Criou? Dr. Douglas Argyll Robertson Douglas Argyll Robertson (1837–1909) foi um oftalmologista escocês e cirurgião da Rainha Vitória. É conhecido por sua acurada descrição dessa resposta pupilar anormal em pacientes com sífilis terciária. Sua observação refinada contribuiu significativamente para a integração da oftalmologia com a neurologia clínica, e o sinal que leva seu nome é lembrado até hoje como um clássico da propedêutica. Referências Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Kanski JJ, Bowling B. Oftalmologia Clínica. Elsevier, 2017. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico de Manejo da Sífilis. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. Guanabara Koogan, 2011. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Sinal de Argyll Robertson Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Sinal dos Olhos de Boneca Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Macus Gunn Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Flatau Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025

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Sinal dos Olhos de Boneca

👀 Sinal dos Olhos de Boneca (Reflexo Oculocefálico) O sinal dos olhos de boneca, também conhecido como reflexo oculocefálico, é um reflexo do tronco encefálico que permite avaliar a integridade das conexões entre o tronco cerebral e os nervos cranianos oculomotores (III, IV e VI pares). Seu nome vem da semelhança com os olhos de bonecas antigas, que se moviam na direção oposta à da cabeça quando eram inclinadas. Esse sinal é especialmente importante na avaliação de pacientes com rebaixamento do nível de consciência, sendo parte do exame neurológico em coma. Importância clínica O sinal dos olhos de boneca é um marcador essencial na propedêutica do coma, sendo usado para diferenciar coma metabólico (com reflexos preservados) de coma estrutural com lesão de tronco encefálico. Além disso, é um dos critérios utilizados na avaliação da morte encefálica, sendo testado juntamente com outros reflexos do tronco, como o reflexo córneo-palpebral e o reflexo vestíbulo-ocular (prova calórica). https://youtu.be/Q74Uqjw0YqQhttps://youtu.be/toIlTONEJ5E Com o paciente em decúbito dorsal, em estado de coma ou inconsciência, o examinador segura a cabeça do paciente com firmeza e realiza movimentos rápidos de rotação lateral (para a direita e para a esquerda) ou verticais (para cima e para baixo), observando o movimento dos olhos. O sinal é considerado normal (positivo) quando os olhos movem-se na direção oposta ao movimento da cabeça. (VÍDEO 1) O sinal está ausente (negativo) quando os olhos permanecem fixos na órbita e se movem junto com a cabeça, como se estivessem “parados” — indicando possível lesão do tronco cerebral ou comprometimento severo das vias oculomotoras. (VÍDEO 2) Esse teste não deve ser realizado se houver suspeita de fratura cervical ou instabilidade na coluna vertebral. O que ele indica? O reflexo oculocefálico é mediado por vias neurais que passam pelo tronco encefálico, incluindo os núcleos vestibulares, nervo oculomotor (III), troclear (IV) e abducente (VI), além das conexões internas no mesencéfalo e ponte. Sua presença sugere que essas estruturas estão funcionalmente preservadas, mesmo que o paciente esteja em coma. A ausência do reflexo dos olhos de boneca pode indicar: Lesão do tronco encefálico (mesencéfalo ou ponte) Morte encefálica Uso de sedativos ou bloqueadores neuromusculares Lesões bilaterais dos nervos oculomotores Referências Kanski JJ, Bowling B. Oftalmologia Clínica: Uma Abordagem Sistemática. Elsevier, 2017. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Avaliação Neurológica e Visual. Levin LA et al. Optic Nerve Disorders. Springer, 2016. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Sinal dos Olhos de Boneca Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Macus Gunn Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Flatau Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Bikelé Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025

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Sinal de Macus Gunn

👁️ Sinal de Marcus Gunn (Pupila Aferente Relativa) O sinal de Marcus Gunn, também conhecido como pupila aferente relativa (RAPD – Relative Afferent Pupillary Defect), é um achado clínico importante que indica lesão parcial do nervo óptico (II par craniano) ou do trato visual anterior, do lado examinado. Ele é detectado durante o teste do reflexo fotomotor com a manobra do balanço da luz (swinging flashlight test). Esse sinal foi descrito pelo oftalmologista escocês Robert Marcus Gunn no século XIX, e até hoje é um dos testes mais sensíveis para detectar disfunções sutis do nervo óptico. Importância clínica O sinal de Marcus Gunn é um achado fundamental no exame oftalmoneurológico, pois pode ser o único indício clínico de neuropatia óptica precoce. Sua detecção precoce é essencial para encaminhamento a exames complementares como campimetria visual, tomografia de coerência óptica (OCT) e ressonância magnética de órbitas e nervos ópticos. Além disso, ele é útil para avaliar assimetrias visuais inexplicadas, investigar baixa acuidade visual unilateral e acompanhar progressão de doenças desmielinizantes. https://youtu.be/09EzCdpKJk4https://youtu.be/ZDG2uU0hChI O teste é feito com o paciente em ambiente com iluminação atenuada, fixando o olhar à frente. O examinador utiliza uma lanterna e alterna rapidamente a luz de um olho para o outro, observando a reação das pupilas à luz. Em um paciente normal, ambas as pupilas contraem igualmente quando iluminadas, devido à via pupilar consensual. No sinal de Marcus Gunn positivo, ao mover a luz de um olho normal para o olho com a lesão óptica parcial, ocorre uma dilatação paradoxal das pupilas (em vez de contração), pois o estímulo luminoso naquele lado é percebido como mais fraco. Esse fenômeno indica que a entrada de luz por aquele olho é menos eficaz em gerar resposta pupilar, o que sugere lesão na via aferente da pupila, ou seja, no nervo óptico ou retina. Causas mais comuns O sinal de Marcus Gunn está associado a diversas condições que afetam a via óptica anterior. As principais incluem: Neurite óptica (frequentemente associada à esclerose múltipla) Atrofia óptica parcial Descolamento de retina extenso Isquemia do nervo óptico (neuropatia óptica isquêmica) Traumas ópticos unilaterais Tumores compressivos retrobulbares Glaucoma avançado assimétrico Importante destacar que o sinal não é observado em lesões bilaterais simétricas e também não aparece em doenças que afetam apenas a via eferente (como paralisia do nervo oculomotor). Quem Criou? Dr. Robert Marcus Gunn Robert Marcus Gunn (1850–1909) foi um oftalmologista escocês que atuou no Moorfields Eye Hospital, em Londres. É conhecido não só por descrever o sinal da pupila aferente relativa, mas também pela síndrome de Marcus Gunn, um tipo raro de ptose congênita com sincinésia mastigatória. Sua contribuição à propedêutica ocular permanece essencial até hoje na prática neurológica e oftalmológica. Referências Kanski JJ, Bowling B. Oftalmologia Clínica: Uma Abordagem Sistemática. Elsevier, 2017. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Avaliação Neurológica e Visual. Levin LA et al. Optic Nerve Disorders. Springer, 2016. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Sinal de Macus Gunn Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Flatau Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Bikelé Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Lewinson Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025