Subluxação do Cristalino
Subluxação do cristalino A subluxação do cristalino é uma condição oftalmológica caracterizada pelo deslocamento parcial do cristalino dentro do olho devido à fraqueza ou ruptura das fibras zonulares que o mantêm em posição. Essa instabilidade pode comprometer a qualidade da visão e predispor a complicações como astigmatismo irregular, diplopia monocular e até mesmo glaucoma secundário. Essa condição pode ocorrer por diversas razões, incluindo fatores genéticos, traumas oculares e doenças oculares degenerativas. A gravidade do deslocamento varia de casos assintomáticos a situações em que a função visual está seriamente comprometida, tornando necessária uma abordagem terapêutica específica. O diagnóstico precoce e o acompanhamento oftalmológico são essenciais para evitar progressão da doença e otimizar os resultados do tratamento. Fisiopatologia O cristalino é mantido suspenso na câmara posterior do olho pelas fibras zonulares, que desempenham um papel essencial na acomodação visual. Quando essas fibras se tornam frágeis ou rompem, o cristalino perde sua posição normal e pode se deslocar parcial (subluxação) ou completamente (luxação). A subluxação pode ser estável ou progressiva, podendo afetar a visão ao induzir astigmatismo, diplopia ou glaucoma secundário. As principais causas da subluxação do cristalino incluem: Condições genéticas: Síndrome de Marfan, homocistinúria, síndrome de Weill-Marchesani. Trauma ocular: Impactos diretos podem causar ruptura zonular. Pseudoexfoliação: Deposição de material fibrilar nas fibras zonulares leva à fraqueza progressiva. Complicações cirúrgicas: Cirurgias intraoculares podem enfraquecer as fibras zonulares. Os sintomas da subluxação do cristalino variam conforme a severidade do deslocamento e o impacto na função visual. Entre os sinais mais comuns estão: Visão embaçada e flutuação da acuidade visual. Diplopia monocular devido à descentralização da lente natural. Astigmatismo irregular induzido pelo deslocamento do cristalino. Fotofobia e glare (sensibilidade à luz). Aumento da pressão intraocular em casos com obstrução do fluxo do humor aquoso. No exame oftalmológico com lâmpada de fenda, observa-se a mobilidade anormal do cristalino (facodonese). A gonioscopia pode revelar ângulo aberto com pseudoexfoliação ou evidências de bloqueio pupilar. A ultrassonografia do segmento anterior é útil para avaliar o grau de deslocamento do cristalino. Tratamento O manejo da subluxação do cristalino depende do grau de deslocamento e dos sintomas do paciente: Correção óptica: Óculos ou lentes de contato podem corrigir ametropias associadas em casos leves. Monitoramento oftalmológico: Pacientes assintomáticos ou com deslocamento estável devem ser acompanhados regularmente. Cirurgia de facectomia: Indicada para casos avançados com comprometimento visual significativo ou risco de glaucoma secundário. Pode ser necessário implante de lente intraocular fixada na íris ou esclera. Tratamento do glaucoma associado: Uso de colírios hipotensores ou cirurgia antiglaucomatosa para controle da pressão intraocular. Manejo de doenças sistêmicas associadas: Pacientes com síndromes genéticas devem ser avaliados por equipes multidisciplinares. Referências Vasavada AR, Raj SM, Vasavada V, Vasavada SA. “Management of Subluxated Lenses: A Review.” Indian Journal of Ophthalmology. 2020;68(12):2698-2707. Disponível em: https://www.ijo.in/text.asp?2020/68/12/2698/303372. Acesso em: 20 de fevereiro de 2025. Khanna R, Pineda R. “Subluxation and Dislocation of the Crystalline Lens.” Survey of Ophthalmology. 2018;63(3):309-318. Disponível em: https://www.surveyophthalmol.com/article/S0039-6257(18)30030-5/fulltext. Acesso em: 20 de fevereiro de 2025. National Eye Institute. “Marfan Syndrome and its Ocular Manifestations.” Disponível em: https://www.nei.nih.gov/learn-about-eye-health/eye-conditions-and-diseases/marfan-syndrome. Acesso em: 20 de fevereiro de 2025. American Academy of Ophthalmology. “Lens Subluxation: Management and Surgical Techniques.” Disponível em: https://www.aao.org/eye-health/diseases/ectopia-lentis. Acesso em: 20 de fevereiro de 2025. Shah P, Watson MP, Naroo SA, Wolffsohn JS. “Advances in the Management of Lens Instability.” British Journal of Ophthalmology. 2019;103(8):1085-1092. Disponível em: https://bjo.bmj.com/content/103/8/1085. Acesso em: 20 de fevereiro de 2025. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… Atlas de Oftalmo Facodonese – Copy Dr. Marcelo Negreiros março 3, 2025 Atlas de Oftalmo Facodonese Dr. Marcelo Negreiros fevereiro 28, 2025 Atlas de Oftalmo Ceratites Dr. Marcelo Negreiros fevereiro 27, 2025 Atlas de Oftalmo Edema de Córnea Dr. Marcelo Negreiros fevereiro 27, 2025