Author name: Dr. Marcelo Negreiros

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Sinal de Babinski

🦶 Sinal de Babinski O sinal de Babinski é um reflexo patológico caracterizado pela extensão (elevação) do hálux (dedo grande do pé) e, frequentemente, abertura em leque dos outros dedos, em resposta à estimulação da planta do pé. Esse sinal indica lesão do trato corticoespinal (também chamado de trato piramidal) e é considerado um dos achados mais importantes no exame neurológico para detecção de síndrome do neurônio motor superior. Importância clínica O sinal de Babinski é um dos achados mais sensíveis e clássicos na identificação de lesões do neurônio motor superior. Sua presença orienta a investigação de distúrbios neurológicos centrais, e é particularmente útil nos seguintes contextos: Triagem neurológica em pacientes com déficits motores ou sensitivos Avaliação de assimetrias neurológicas (Babinski unilateral pode indicar lesão hemisférica focal) Monitoramento de doenças progressivas, como a esclerose lateral amiotrófica (ELA) Confirmação de síndromes piramidais, associadas a espasticidade, hiperreflexia e paresia Além disso, é um dos reflexos mais facilmente reproduzíveis em consultório, exigindo apenas atenção à técnica e à resposta. A sua presença em adultos ou crianças acima de 2 anos é sempre patológica, devendo ser valorizada mesmo na ausência de outros sinais evidentes. https://youtu.be/mZ7qChrkKM4 O paciente deve estar em decúbito dorsal com as pernas relaxadas. O examinador estimula a lateral da planta do pé, da região do calcanhar em direção ao quinto metatarso, fazendo uma curva em direção ao hálux. O movimento deve ser contínuo, firme e sem provocar dor. Interpretação: Sinal de Babinski positivo: extensão do hálux, podendo haver abertura dos demais dedos (resposta anormal). Sinal de Babinski negativo: flexão plantar dos dedos (resposta normal em adultos). Quando o Babinski é normal? Em recém-nascidos e lactentes até cerca de 1 ano a 1 ano e meio, o sinal pode ser positivo fisiologicamente, pois o sistema piramidal ainda está imaturo. O que significa Babinski positivo em adultos? Um Babinski positivo em adultos é sempre patológico e sugere lesão do trato corticoespinal. As principais causas incluem: Acidente vascular cerebral (AVC) Traumatismo cranioencefálico Tumores encefálicos Esclerose múltipla Esclerose lateral amiotrófica (ELA) Mielopatias cervicais Paralisia cerebral (forma espástica) O sinal pode ser unilateral ou bilateral, dependendo da extensão da lesão. Quem Criou? Dr. Joseph François Félix Babinski Joseph François Félix Babinski (1857–1932) foi um neurologista francês, filho de imigrantes poloneses, e discípulo de Jean-Martin Charcot. Ele descreveu esse sinal em 1896 como uma forma de diferenciar lesões orgânicas do sistema nervoso central de distúrbios funcionais. Seu achado tornou-se um dos pilares do exame neurológico clínico. Referências Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Abordagem das Mielopatias. Compston A, Coles A. Multiple sclerosis. Lancet. 2008. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Sinal de Babinski Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Alodinia Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Sinal de Romberg Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Sinal de Lhermitte Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025

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Alodinia

🩹 Alodinia A alodinia é uma condição neurológica em que estímulos normalmente inofensivos são percebidos como dolorosos. Por exemplo, um leve toque na pele, o contato com roupas, ou mesmo uma corrente de ar podem causar dor intensa. Trata-se de um tipo de dor neuropática, geralmente associada a sensibilização do sistema nervoso. O nome deriva do grego: álos (outro) + odynia (dor), ou seja, “dor de outro tipo de estímulo”. Importância clínica A alodinia é um marcador de dor neuropática e indica sensibilização central, o que justifica o uso de tratamentos específicos. Ela pode limitar atividades simples, impactar o sono e a qualidade de vida, e é comum em pacientes com dor crônica mal controlada. Reconhecer esse sinal é essencial para diferenciar dor neuropática de dor nociceptiva comum, e ajustar o tratamento com medicamentos neuromoduladores. Durante o exame físico, a alodinia pode ser detectada usando: Algodão ou pincel: para detectar alodinia tátil Toque com a mão ou com tecido: para estímulo leve Objeto metálico frio ou quente: para alodinia térmica O paciente com alodinia refere dor a esses estímulos, mesmo sem sinais inflamatórios ou lesão visível. Diferença entre alodinia, hiperalgesia e disestesia Termo Definição Alodinia Dor causada por estímulo que não é normalmente doloroso Hiperalgesia Resposta exagerada a estímulo que normalmente causa dor Disestesia Sensação anormal e desagradável, espontânea ou ao toque A alodinia se diferencia por ocorrer com estímulos leves, muitas vezes rotineiros e não nocivos. Principais causas A alodinia está fortemente relacionada a doenças com disfunção das vias sensitivas. As causas mais comuns incluem: Neuropatia diabética Fibromialgia Enxaqueca (alodinia cutânea cefálica) Síndrome de dor regional complexa (SDRC) Neuralgia pós-herpética Esclerose múltipla Lesões medulares ou encefálicas Uso prolongado de opioides (hiperalgesia induzida por opioides) Referências Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Avaliação e Manejo da Dor Crônica. Jensen TS et al. A new definition of neuropathic pain. Pain, 2011. Treede RD et al. Mechanisms of neuropathic pain. Nat Rev Neurol, 2008. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Alodinia Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Sinal de Romberg Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Sinal de Lhermitte Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Hiperpatia Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025

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Sinal de Romberg

🧍‍♂️ Sinal de Romberg O sinal de Romberg é uma manobra semiológica utilizada para avaliar o equilíbrio postural em ortostatismo, especialmente a integridade da propriocepção (sensibilidade profunda). Ele é considerado positivo quando o paciente, ao fechar os olhos em pé, perde o equilíbrio e tende a cair — indicando comprometimento das vias sensitivas responsáveis pela percepção da posição corporal. Esse sinal foi descrito pelo neurologista alemão Moritz Heinrich Romberg no século XIX. Importância clínica A presença do sinal de Lhermitte é um indicador de lesão medular cervical e deve ser valorizado especialmente quando acompanhado de: Alterações de sensibilidade vibratória e proprioceptiva Marcha atáxica Espasticidade ou fraqueza em membros Disfunção vesical ou intestinal Embora não seja patognomônico de nenhuma doença, é altamente sugestivo de acometimento das colunas dorsais da medula. O sinal também pode ser útil no monitoramento da progressão de doenças como a esclerose múltipla. https://youtu.be/DH22QZTbz1k O paciente é colocado em pé, com os pés juntos e os braços ao longo do corpo. Primeiro, o examinador observa o equilíbrio com os olhos abertos. Depois, o paciente é orientado a fechar os olhos, mantendo a mesma posição. Interpretação: Sinal de Romberg positivo: o paciente oscila intensamente ou cai ao fechar os olhos, mas mantém o equilíbrio com os olhos abertos. Sinal de Romberg negativo: o paciente mantém o equilíbrio mesmo com os olhos fechados. Se o paciente já oscila com os olhos abertos, suspeita-se de ataxia cerebelar, não sensitiva. O que avalia? O teste de Romberg avalia a função sensitiva profunda (propriocepção), dependente de: Fibras sensitivas periféricas Cordões posteriores da medula espinhal Trato espinocerebelar Lobo parietal (área sensitiva cortical) A propriocepção fornece informações sobre a posição do corpo no espaço. Quando comprometida, o paciente consegue compensar com a visão, mas perde o controle ao fechá-la. Principais causas de Romberg positivo Lesões sensitivo-profundas: Neuropatia periférica (diabética, hanseníase, tóxica) Degeneração combinada subaguda (déficit de vitamina B12) Tabes dorsalis (neurossífilis) Síndrome de Guillain-Barré Doenças autoimunes periféricas Medulares: Esclerose múltipla com acometimento de cordões posteriores Mielopatias compressivas posteriores Quem Criou? Dr. Moritz Heinrich Romberg Moritz Heinrich Romberg (1795–1873) foi um neurologista alemão pioneiro na sistematização do exame neurológico. É considerado um dos fundadores da neurologia clínica moderna. A manobra que leva seu nome foi descrita em 1846 como parte da avaliação de pacientes com ataxia sensitiva, especialmente por sífilis terciária (tabes dorsalis). Referências Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Abordagem das Mielopatias. Compston A, Coles A. Multiple sclerosis. Lancet. 2008. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Hiperpatia – Copy Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Sinal de Romberg Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Sinal de Lhermitte Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Hiperpatia Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025

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Sinal de Lhermitte

⚡ Sinal de Lhermitte O sinal de Lhermitte é uma sensação transitória de choque elétrico que percorre a coluna vertebral e pode irradiar para os membros, especialmente inferiores, ao se realizar uma flexão do pescoço. A sensação costuma ser descrita como uma corrente elétrica, formigamento ou vibração. É um sinal neurológico clássico que indica comprometimento da medula espinhal cervical, geralmente associado a lesões desmielinizantes, compressivas ou inflamatórias. Importância clínica A presença do sinal de Lhermitte é um indicador de lesão medular cervical e deve ser valorizado especialmente quando acompanhado de: Alterações de sensibilidade vibratória e proprioceptiva Marcha atáxica Espasticidade ou fraqueza em membros Disfunção vesical ou intestinal Embora não seja patognomônico de nenhuma doença, é altamente sugestivo de acometimento das colunas dorsais da medula. O sinal também pode ser útil no monitoramento da progressão de doenças como a esclerose múltipla. https://youtu.be/TEMA3-8yHfE Durante o exame físico: O paciente é orientado a flexionar o pescoço ativamente (aproximar o queixo do tórax). A resposta é considerada positiva se o paciente relatar sensação de choque ou corrente elétrica irradiando pela coluna e membros. A resposta geralmente é breve, dura apenas alguns segundos e cessa ao interromper a flexão cervical. O que causa? O sinal de Lhermitte ocorre por hipersensibilidade das vias sensitivas posteriores da medula cervical, especialmente as colunas dorsais, que conduzem impulsos de propriocepção e vibração. As principais causas incluem: Doenças desmielinizantes: Esclerose múltipla (causa mais comum em jovens) Neuromielite óptica Doenças da medula cervical: Mielopatia cervical espondilótica Tumores intramedulares Deficiência de vitamina B12 (degeneração combinada subaguda) Síndrome pós-radiação cervical Tabes dorsalis (neurossífilis) Quem Criou? Dr. Jacques Jean Lhermitte Jacques Jean Lhermitte (1877–1959) foi um neurologista e neuropsiquiatra francês, reconhecido por suas descrições clínicas detalhadas. Ele descreveu esse sinal pela primeira vez em 1924, relacionando-o a pacientes com esclerose múltipla e mielopatias. Seu nome também está associado à síndrome de Lhermitte-Duclos (uma condição cerebelar rara) e a diversas contribuições na neurologia clínica. Referências Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Abordagem das Mielopatias. Compston A, Coles A. Multiple sclerosis. Lancet. 2008. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Sinal de Lhermitte Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Hiperpatia Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Disestesia Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Hipoestesia Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025

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Hiperpatia

⚡ Hiperpatia A hiperpatia é uma alteração sensitiva caracterizada por uma resposta exagerada, muitas vezes dolorosa, a estímulos repetidos ou sustentados, mesmo quando esses estímulos são normalmente inofensivos. É uma forma de hipersensibilidade tardia, geralmente acompanhada por um limiar de dor aumentado, ou seja, o paciente só responde ao estímulo após repetição ou intensidade acumulada — mas quando responde, a reação é intensa e desproporcional. Essa condição está frequentemente associada a lesões centrais ou periféricas crônicas do sistema nervoso, e é considerada um dos tipos de dor neuropática. Importância clínica A hiperpatia é um sinal típico de dor neuropática crônica, e seu reconhecimento é importante para: Diferenciar de dor nociceptiva comum Avaliar a gravidade da disfunção sensitiva Orientar tratamento específico com medicamentos adjuvantes da dor Ela também indica sofrimento emocional associado à dor, e muitas vezes requer abordagem multidisciplinar com neurologia, clínica da dor e suporte psicológico. O paciente com hiperpatia pode relatar: Dor intensa e difusa após múltiplos estímulos táteis, térmicos ou dolorosos leves Sensação de choque, queimação ou pontadas mesmo após estímulos brandos Resposta exagerada e emocional ao toque, ao calor, ao frio ou à pressão leve Geralmente a dor é retardada, mas prolongada e desproporcional à intensidade do estímulo. Diferença entre hiperpatia, alodinia e hiperalgesia Termo Definição Alodinia Dor provocada por um estímulo que normalmente não causa dor (ex: toque leve) Hiperalgesia Resposta exagerada à dor, com limiar normal ou reduzido Hiperpatia Resposta exagerada e prolongada, com limiar aumentado e reação explosiva ao estímulo repetido Principais causas A hiperpatia geralmente está associada a doenças do sistema nervoso central ou periférico crônicas, como: Neuropatia periférica grave (diabética, hansênica, alcoólica) Síndrome do membro fantasma Lesões medulares parciais Síndrome talâmica (pós-AVC) Neuralgias pós-herpéticas Esclerose múltipla Síndrome de dor central A condição é mais comum em fases avançadas de lesões, quando há reorganização patológica das vias sensoriais e sensibilização central. Referências Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Avaliação e Manejo da Dor Crônica. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Jensen TS, et al. Neuropathic pain classification and diagnosis. Pain, 2011. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Treede RD et al. Neuropathic pain: redefinition and a grading system for clinical research. Neurology, 2008. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Hiperpatia Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Disestesia Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Hipoestesia Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Astereognose Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025

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Disestesia

🔥 Disestesia A disestesia é uma alteração da percepção sensorial, na qual um estímulo normalmente não doloroso (como o toque leve) é interpretado como desagradável, incômodo ou até doloroso. Em outras palavras, é uma resposta sensitiva anômala e distorcida, frequentemente descrita pelo paciente como sensação de queimação, choque, formigamento doloroso, ardor ou desconforto constante. É uma manifestação comum em doenças neurológicas periféricas e centrais, especialmente aquelas que afetam as fibras sensitivas. Importância clínica A disestesia é um sintoma neurológico relevante por sua relação com dores neuropáticas e sofrimento crônico. Ela pode impactar diretamente a qualidade de vida e o sono dos pacientes, sendo frequentemente subvalorizada. Além disso, pode orientar a localização da lesão neurológica: Simétrica e distal → polineuropatia Hemicorpo → lesão central (talâmica ou cortical) Localizada em dermátomos → neuropatia periférica ou radiculopatia A disestesia pode ocorrer de forma: Espontânea: o paciente sente a sensação anormal mesmo em repouso, sem nenhum estímulo aparente Evocada: o desconforto surge ao toque, calor, pressão leve, contato com roupas ou lençóis As descrições variam, mas os pacientes geralmente relatam: Sensação de “pele queimando” Toque de roupa como sendo doloroso Dor difusa sem lesão aparente Hipersensibilidade tátil com caráter desagradável Diferença entre disestesia, parestesia e alodinia Termo Definição Parestesia Sensação anormal não dolorosa (formigamento, dormência) Disestesia Sensação anormal desagradável ou dolorosa Alodinia Dor causada por estímulo normalmente não doloroso A disestesia pode coexistir com alodinia e parestesia em diversos quadros clínicos, mas o componente de sofrimento sensorial é predominante na disestesia. Principais causas A disestesia está associada a lesões ou disfunções das vias sensitivas, podendo ter origem periférica (nervos) ou central (medula, cérebro). Entre as causas mais comuns: Doenças do sistema nervoso periférico: Polineuropatia diabética (mais comum) Neuropatias tóxicas (álcool, quimioterápicos) Neuropatia por hanseníase HIV com neuropatia periférica Síndrome do túnel do carpo (em estágio avançado) Doenças do sistema nervoso central: Esclerose múltipla Acidente vascular cerebral (em especial talâmico) Lesões medulares parciais Síndrome talâmica (Dor central pós-AVC) Neuropatia por esclerose lateral amiotrófica (ELA) Referências Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Avaliação e Tratamento da Dor Crônica. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Jensen TS, Baron R, et al. A new definition of neuropathic pain. Pain, 2011. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. Guanabara Koogan, 2011. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Disestesia Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Hipoestesia Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Astereognose Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo de Tosse Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025

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Hipoestesia

🖐️ Hipoestesia A hipoestesia é a diminuição da sensibilidade tátil, ou seja, uma resposta reduzida a estímulos sensoriais normais, como toque leve, pressão, vibração, dor ou temperatura. Esse sinal pode afetar uma região específica do corpo ou se manifestar de forma mais ampla, dependendo da causa. A hipoestesia pode envolver diferentes modalidades de sensibilidade: Tátil (toque leve) Dolorosa (sensibilidade à dor) Térmica (calor e frio) Vibratória (palestesia) Proprioceptiva (posição do corpo no espaço) Importância clínica A localização da hipoestesia no exame físico ajuda a determinar o nível e tipo de lesão neurológica: Distribuição em luva ou bota → neuropatia periférica Dermátomos bem definidos → lesão radicular Hemicorpo ou hemiface → lesão central (AVC, esclerose múltipla) Fronte nítida em nível torácico → lesão medular Além disso, a hipoestesia pode vir acompanhada de parestesias, dor neuropática, fraqueza muscular ou hipo/areflexia, dependendo da causa subjacente. Durante o exame neurológico, a hipoestesia é investigada com estímulos simples: Algodão ou pincel para toque leve Agulha descartável para dor superficial Tubo com água quente/fria ou metálico para temperatura Diapasão (128 Hz) para vibração Movimentos passivos de dedos ou articulações para propriocepção O paciente deve relatar se sente o estímulo, com que intensidade, e se há diferença entre os dois lados do corpo. Causas mais comuns A hipoestesia pode ter origem periférica, radicular, medular ou central. Suas principais causas incluem: Lesões periféricas: Neuropatias diabéticas Hanseníase Polineuropatias tóxicas, carenciais ou hereditárias Síndrome do túnel do carpo Lesões radiculares ou plexuais: Hérnia de disco com compressão radicular Lesões traumáticas do plexo braquial ou lombossacral Lesões centrais: Acidente vascular cerebral (AVC) parietal ou talâmico Esclerose múltipla Tumores cerebrais ou medulares Mielopatias compressivas Hipoestesia x Anestesia Hipoestesia: redução da sensibilidade Anestesia: abolição completa da sensibilidade Ambos os achados podem coexistir em graus variados, conforme a gravidade da lesão. Referências Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Abordagem das Doenças Neurológicas. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Blumenfeld H. Neuroanatomy through Clinical Cases. Sinauer Associates, 2010. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. Guanabara Koogan, 2011. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Hipoestesia Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Astereognose Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo de Tosse Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo de Lázaro Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025

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Astereognose

✋ Astereognose A astereognose é a incapacidade de reconhecer objetos com o tato, apesar de manter preservadas as funções motoras, a sensibilidade primária (como dor e temperatura) e a acuidade visual. Ou seja, o paciente não consegue identificar um objeto colocado na mão com os olhos fechados, mesmo sentindo sua forma, peso e textura. Esse sinal clínico indica lesão em áreas específicas do lobo parietal contralateral, responsáveis pela interpretação sensitiva cortical. Importância clínica A astereognose é um sinal de disfunção sensitiva cortical e deve ser diferenciada de alterações da sensibilidade primária, como anestesia ou parestesia, que envolvem vias periféricas ou medulares. Seu achado isolado ou associado a outros distúrbios parietais (como agrafestesia, heminegligência ou apraxia) aponta para lesão cortical superior e direciona a investigação com neuroimagem (TC ou RM). Para avaliar a presença de astereognose: O paciente deve estar com os olhos fechados. O examinador coloca um objeto familiar (como uma chave, moeda ou caneta) na mão do paciente. O paciente deve manipular o objeto com os dedos e tentar identificá-lo. O teste é positivo (astereognose) quando o paciente não consegue nomear o objeto, apesar de conseguir segurá-lo e movimentá-lo adequadamente. O teste deve ser feito em ambas as mãos, para comparar os lados e ajudar a localizar a lesão. O que causa? A astereognose é causada por lesões na córtex sensitiva secundária (áreas 5 e 7 de Brodmann), mais comumente no lobo parietal superior, do lado contralateral à mão afetada. Principais causas: AVC isquêmico ou hemorrágico parietal Traumatismo cranioencefálico Tumores do lobo parietal Lesões desmielinizantes (ex: esclerose múltipla) Neurocirurgias com ressecção parietal Síndromes degenerativas corticais Diferença entre astereognose e agnosia tátil Agnosia tátil: o paciente sente o objeto, mas não consegue interpretá-lo cognitivamente Astereognose: há perda da capacidade de processamento espacial e forma pelo tato, geralmente de causa cortical Na prática, os dois termos são frequentemente usados como sinônimos, mas a astereognose implica mais diretamente em lesão parietal sensitiva. Referências DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Blumenfeld H. Neuroanatomy through Clinical Cases. Sinauer Associates, 2010. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Avaliação Neurológica. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Astereognose Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo de Tosse Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo de Lázaro Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo Fotomotor Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025

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Reflexo de Tosse

😤 Reflexo da Tosse O reflexo da tosse é uma resposta reflexa involuntária e protetora do organismo que ocorre diante da irritação das vias aéreas, especialmente a traqueia, laringe e brônquios. Ele é mediado por uma complexa rede de vias nervosas sensoriais e motoras, envolvendo os nervos vago (X par craniano), glossofaríngeo (IX) e nervos espinhais torácicos. Esse reflexo é essencial para a limpeza das vias aéreas e também é utilizado na avaliação neurológica de pacientes com rebaixamento de consciência ou em protocolos de morte encefálica. Importância clínica O reflexo da tosse é um dos reflexos protetores de maior relevância na avaliação clínica neurológica, sendo utilizado tanto para detecção de lesões neurológicas quanto para garantir a segurança da via aérea. Sua presença indica função do tronco encefálico preservada, enquanto sua ausência, especialmente em conjunto com outros reflexos abolidos, pode confirmar a falência do tronco cerebral, como ocorre na morte encefálica. O reflexo pode ser testado de forma direta por meio de: Aspiração traqueal ou orotraqueal (em pacientes intubados) Estímulo direto à região laríngea ou traqueal durante procedimentos A resposta esperada é um esforço de tosse vigoroso ou ao menos uma tentativa de contração abdominal ou expiração forçada. A ausência de tosse reflexa pode indicar comprometimento do tronco encefálico ou das vias motoras envolvidas. Vias envolvidas no reflexo Aferência (sensitiva): Nervo vago (X par) – detecta a irritação na mucosa da laringe, traqueia e brônquios Centro integrador: Bulbo e ponte (tronco encefálico), especialmente a área do centro respiratório Eferência (motora): Nervo vago e nervos laríngeos – contração da glote e vias aéreas superiores Nervos frênicos e intercostais – ativação dos músculos respiratórios, incluindo diafragma, intercostais e abdominais Quando é útil clinicamente? O teste do reflexo da tosse é essencial em: Pacientes comatosos: sua presença sugere tronco encefálico funcional Protocolos de morte encefálica: a ausência do reflexo de tosse (junto a outros reflexos do tronco) é critério obrigatório Avaliação de pacientes disfágicos ou com risco de broncoaspiração Diagnóstico de lesão do nervo vago ou medula oblonga Reflexo ausente – o que pode significar? A ausência do reflexo da tosse pode estar relacionada a: Morte encefálica Lesão do nervo vago Lesão do bulbo ou ponte Bloqueio neuromuscular farmacológico Sedação profunda ou anestesia geral Doenças neuromusculares avançadas (ex: ELA, miopatias) Referências Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 2.173/2017 – Morte Encefálica. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. Guanabara Koogan, 2011. Netter FH. Atlas de Anatomia Humana. Elsevier, 2018. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Reflexo de Tosse Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo de Lázaro Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo Fotomotor Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo Vestíbulo-Calórico Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025

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Reflexo de Lázaro

🧠 Reflexo de Lázaro O reflexo de Lázaro é um movimento reflexo involuntário complexo observado em alguns pacientes com morte encefálica, caracterizado por flexão dos braços sobre o tórax, elevação dos ombros e ocasional extensão das pernas, geralmente após estímulos como aspiração traqueal, mudança de decúbito ou estimulação dolorosa. Apesar de seu aspecto dramático, o reflexo não indica atividade cerebral e não invalida o diagnóstico de morte encefálica, sendo mediado por circuitos espinais remanescentes. Seu nome faz referência à figura bíblica de Lázaro, ressuscitado por Jesus, já que o movimento pode dar a impressão de “retorno à vida”. Importância clínica O reflexo de Lázaro pode causar confusão entre profissionais de saúde e familiares durante o protocolo de morte encefálica, já que sua apresentação pode ser interpretada, erroneamente, como um sinal de recuperação neurológica. É fundamental reconhecer que: Trata-se de um reflexo espinhal, não voluntário Ocorre em menos de 10% dos pacientes em morte encefálica Não representa atividade encefálica residual Não contraindica o diagnóstico de morte encefálica A equipe médica deve estar treinada para identificar e explicar o fenômeno com clareza, tanto em termos técnicos quanto para os familiares do paciente. https://youtu.be/lCmYXGcwe8Y Esse reflexo é considerado espinhal e pode ser desencadeado por estímulos periféricos em pacientes com diagnóstico confirmado de morte encefálica. As manifestações mais comuns incluem: Flexão e adução dos braços sobre o tórax Elevação dos ombros Movimentos em extensão dos membros inferiores Por vezes, podem ocorrer contrações mioclônicas ou movimentos lentos e coordenados Esses movimentos geralmente duram poucos segundos e não se repetem espontaneamente, ocorrendo apenas com certos tipos de estímulos físicos intensos. Por que acontece? Mesmo após a morte encefálica, algumas vias reflexas espinais podem permanecer funcionantes por um tempo limitado. O reflexo de Lázaro é um exemplo disso: a medula espinhal, quando isolada do encéfalo, pode gerar padrões motores complexos em resposta a estímulos aferentes, como dor, aspiração traqueal ou manipulação corporal. Esses movimentos são gerados na medula espinhal e não envolvem consciência ou atividade cortical. Referências Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº 2.173/2017 – Critérios para Morte Encefálica. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Machado C. Spinal reflexes in brain death: a systematic review. Brain Death and Disorders of Consciousness. 2007. Wijdicks EFM. Brain Death. Oxford University Press, 2001. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Reflexo de Lázaro Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo Fotomotor Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo Vestíbulo-Calórico Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Teste Reflexo Córneo-Pálpebra Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025

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