Hematoma Epidural

O hematoma epidural (HED) é uma condição neurológica emergencial caracterizada pela acumulação de sangue entre a dura-máter e o osso do crânio. Este tipo de hematoma geralmente resulta de um trauma craniano, frequentemente associado a fraturas do crânio que rompem as artérias meníngeas, especialmente a artéria meníngea média. A apresentação clínica do HED pode variar, mas frequentemente inclui uma fase de lucidez seguida por um rápido declínio neurológico, o que torna o diagnóstico e o tratamento precoce cruciais para a sobrevivência e recuperação do paciente.

A tomografia computadorizada (TC) é o método de imagem de escolha para a detecção de hematomas epidurais, revelando uma coleção hiperdensa em forma de lente biconvexa que não cruza as suturas cranianas. O manejo do HED depende da gravidade dos sintomas e do tamanho do hematoma, variando desde a observação clínica em casos menores até a intervenção neurocirúrgica urgente em casos mais graves.

Fisiopatologia

  1. Trauma Craniano: Um impacto forte na cabeça pode causar fraturas no crânio, que por sua vez podem romper a artéria meníngea média ou outras estruturas vasculares próximas.
  2. Acúmulo de Sangue: O sangue começa a se acumular rapidamente no espaço epidural, criando uma coleção biconvexa ou lenticular que é limitada pelas suturas cranianas, pois a dura-máter está firmemente aderida a essas suturas.
  3. Compressão Cerebral: À medida que o hematoma aumenta, ele exerce pressão sobre o cérebro, deslocando as estruturas cerebrais e aumentando a pressão intracraniana. Isso pode levar a sintomas neurológicos graves, como perda de consciência, pupilas dilatadas e paralisia.

Um hematoma epidural, quando visualizado em uma tomografia de crânio, apresenta-se tipicamente como uma coleção de sangue no espaço epidural, ou seja, entre a dura-máter e o osso do crânio. Radiologicamente, ele é caracterizado por uma forma biconvexa ou lenticular, que é limitada pelas suturas cranianas, pois a dura-máter está firmemente aderida a essas suturas.

Além disso, o hematoma epidural pode causar desvio das estruturas cerebrais adjacentes devido à compressão exercida pelo acúmulo de sangue. A tomografia de crânio é essencial para avaliar o volume e a espessura do hematoma, bem como para identificar possíveis complicações associadas.

O trauma é a principal causa de hematoma epidural, principalmente em jovens. É raro causas não traumáticas mas vamos listar algumas:

  • Infecção, coagulopatia, anomalias congênitas, malformações vasculares da dura-máter e tumores hemorrágicos;
  • Complicação de procedimentos neurocirúrgicos;
  • Abscesso epidural, levando à necrose por pressão dos vasos meníngeos;
  • Gestação, doença falciforme, lúpus eritematoso sistêmico, cirurgia de coração aberta, doença de Paget do crânio e hemodiálise. Mecanismos postulados de HED durante a hemodiálise incluem:
    • Flutuações da pressão intracraniana;
    • Administração de Heparina;
    • Hipertensão na presença de anticoagulação;
    • Disfunção plaquetária urêmica.

Agora vamos criar um exemplo fictício de laudo para uma TC de Crânio em um paciente com hematoma epidural.

Achados Gerais:

“Observa-se uma coleção hiperdensa em forma de lente biconvexa localizada no espaço epidural, entre a dura-máter e o osso do crânio. A lesão é limitada pelas suturas cranianas, característica típica de hematomas epidurais.”

Achados Adicionais:

“Nota-se desvio das estruturas cerebrais adjacentes devido à compressão exercida pelo acúmulo de sangue.”

“O hematoma apresenta aproximadamente [medida] cm de espessura máxima e [medida] cm³ de volume.”

“Não foram identificadas fraturas cranianas associadas ou outras complicações intracranianas significativas no momento do exame.”

O HED sintomático agudo é uma emergência neurológica que frequentemente requer tratamento cirúrgico para prevenir lesão cerebral irreversível e morte causada por expansão de hematoma, pressão intracraniana elevada e hérnia cerebral.

Evacuação cirúrgica urgente do hematoma para pacientes com HED aguda que estejam em coma na admissão ou apresentem sinais precoces de herniação, como dilatação pupilar unilateral ou bilateral, dado o potencial de recuperação.

O tratamento não cirúrgico é considerado uma opção para pacientes com sintomas leves e com HED que atendem a todos esses critérios:

  • Volume HED < 30 cm3 com espessura de coágulo < 15 mm na TC de crânio e desvio na linha média de < 5 mm;
  • Sem coma (escore na escala de Glasgow > 8) e sem déficits neurológicos focais.

A primeira TC de acompanhamento deve ser obtida 6-8 horas após o traumatismo craniano.

Referências

  1. Gean A, Fischbein N, Purcell D, et al. Benign Anterior Temporal Epidural Hematoma: Indolent Lesion with a Characteristic CT Imaging Appearance After Blunt Head Trauma. Radiology. 2010; 257(1):212-8.
  2. Shen J, Pan JW, Fan ZX, et al. Surgery for contralateral acute epidural hematoma following acute subdural hematoma evacuation: five new cases and a short literature review. Acta Neurochir (Wien) 2013; 155(2):335-41.
  3. Talbott JF, Gean A, YUH EL, et al. Calvarial fracture patterns on CT imaging predict risk of a delayed epidural hematoma following decompressive craniectomy for traumatic brain injury. AJNR Am J Neuroradiol. 2014; 35(10):1930-5.
  4. Heit JJ, Iv M, Wintermark M. Imaging of intracranial hemorrhage. J Stroke. 2017 Jan;19(1):11-27.
  5. Bullock MR, Chesnut R, Ghajar J, et al. Surgical management of acute epidural hematomas. Neurosurgery. 2006 Mar;58(3 Suppl):S7-15; discussion Si-iv.
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Dr. Marcelo Negreiros

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