💊 Milrinona na UTI – Drogas Vasoativas

A milrinona é uma droga inotrópica e vasodilatadora pertencente à classe dos inibidores da fosfodiesterase tipo 3 (PDE-3). Ela promove aumento da contratilidade miocárdica e vasodilatação sistêmica e pulmonar, sendo especialmente útil em pacientes com disfunção ventricular esquerda e/ou direita, principalmente em contextos de insuficiência cardíaca refratária e pós-operatório de cirurgia cardíaca.

Por não depender de receptores beta-adrenérgicos, é uma opção vantajosa em pacientes com uso crônico de betabloqueadores ou com downregulation adrenérgico.

Mecanismo de Ação

  • Inibição da enzima fosfodiesterase tipo 3 (PDE-3)
  • Aumenta níveis intracelulares de AMP cíclico
  • Efeitos principais:
    • Aumento da contratilidade cardíaca (efeito inotrópico positivo)
    • Relaxamento da musculatura lisa vascular (vasodilatação)
    • Redução da resistência vascular sistêmica e pulmonar
    • Melhora do débito cardíaco com queda da pressão capilar pulmonar

⏱️ Início de ação: 5 a 15 minutos
⏱️ Meia-vida: 2,5 a 4,5 horas (aumentada na insuficiência renal)

  1. Insuficiência cardíaca descompensada refratária

    • Quando há necessidade de suporte inotrópico com vasodilatação simultânea

  2. Síndrome de baixo débito cardíaco no pós-operatório de cirurgia cardíaca

    • Principalmente em pacientes com disfunção biventricular ou hipertensão pulmonar

  3. Baixo débito em pacientes em uso de betabloqueadores

    • Ação independente dos receptores beta-adrenérgicos

  4. Disfunção ventricular direita com hipertensão pulmonar

    • Melhora do débito do ventrículo direito e redução da resistência vascular pulmonar

  5. Desmame de suporte inotrópico

    • Quando há risco de isquemia ou arritmias com dobutamina ou adrenalina

  1. Hipotensão arterial significativa (PAS < 90 mmHg)

    • Risco de piora do choque circulatório devido à ação vasodilatadora

  2. Disfunção renal grave sem ajuste de dose

    • Acúmulo da droga pode prolongar efeitos adversos (meia-vida aumentada)

  3. Arritmias ventriculares instáveis

    • Pode aumentar o risco de arritmias devido ao efeito inotrópico

  4. Valvopatias obstrutivas graves

    • Como estenose aórtica ou mitral crítica, onde o débito depende da pressão de enchimento

  5. Hipovolemia não corrigida

    • A vasodilatação pode precipitar hipotensão e piorar a perfusão tecidual

Apresentação

Solução injetável: 1 mg/mL – ampola com 10 mL.

⚗️ Diluição para infusão

A milrinona deve ser administrada exclusivamente por bomba de infusão, com diluição em SG 5% ou SF 0,9%. A escolha da concentração depende da velocidade desejada em mL/h e da tolerância hemodinâmica do paciente.

✅ Concentração padrão: 200 mcg/mL (0,2 mg/mL)

💉 Preparo com ampola de 1 mg/mL

  • 20 mL de milrinona (1 mg/mL) = 20 mg
  • Adicionar 80 mL de SG 5% ou SF 0,9%
  • 🔹 Volume final: 100 mL
  • 🔹 Concentração: 200 mcg/mL (0,2 mg/mL)
  • Ideal para bomba de seringa com volume fixo e cálculo simples de mL/h

✅ Concentração alternativa: 100 mcg/mL (0,1 mg/mL)

  • 20 mL de milrinona (1 mg/mL) = 20 mg
  • Adicionar 180 mL de diluente (SG 5% ou SF 0,9%)
  • 🔹 Volume final: 200 mL
  • 🔹 Concentração: 100 mcg/mL (0,1 mg/mL)
  • Útil para ajustes mais finos ou pacientes sensíveis à vasodilatação

⚠️ Cuidados práticos

  • Infundir exclusivamente por bomba de infusão
  • Monitorar:
    • Pressão arterial (risco de hipotensão)
    • Ritmo cardíaco (risco de arritmias)
    • Diurese e eletrólitos
  • Ajustar dose em pacientes com disfunção renal
  • Evitar bolus não diluído, principalmente em pacientes instáveis
  1. Aspirar 20 mL de milrinona (1 mg/mL) = 20 mg
  2. Adicionar a 80 mL de SG 5% ou SF 0,9%
  3. Homogeneizar a solução com leve agitação
  4. Identificar a seringa ou frasco

Posologia

✅ Dose de ataque (opcional)

  • 50 mcg/kg em infusão lenta por 10 minutos
    ⚠️ Evitar em pacientes com instabilidade hemodinâmica ou risco de hipotensão

Infusão contínua (manutenção)

  • Dose mínima: 0,25 mcg/kg/min
  • Dose usual: 0,375 a 0,5 mcg/kg/min
  • Dose máxima: 0,75 mcg/kg/min

🎯 Alvo clínico

  • Melhora do débito cardíaco
  • Redução da pressão capilar pulmonar
  • Otimização da perfusão tecidual sem aumento da frequência cardíaca

⚠️ Monitoramento e ajustes

  • Evitar em pacientes com PAS < 90 mmHg
  • Reduzir dose em disfunção renal
  • Monitorar:
    • FC e PA
    • Ritmo cardíaco
    • Débito urinário
    • Lactato e perfusão periférica
Calculadora de Milrinona

Calculadora de Milrinona

❓ Perguntas Frequentes sobre o uso de Milrinona na UTI

  • Quando o paciente está em uso crônico de betabloqueador
  • Quando há necessidade de vasodilatação adicional (pacientes com pós-carga elevada)
  • Em pacientes com disfunção ventricular direita associada à hipertensão pulmonar
  • Como alternativa em baixa resposta à dobutamina
  • Milrinona é excelente para melhorar o débito cardíaco, mas não é indicada para pacientes com hipotensão, pois pode reduzir ainda mais a pressão arterial
  • É uma droga com ação predominantemente inotrópica e vasodilatadora, sem efeito cronotrópico direto
  • Início do efeito: 5 a 15 minutos após início da infusão
  • Meia-vida: 2,5 a 4,5 horas
    • Pode aumentar significativamente na insuficiência renal
  • Sim, em geral se faz dose de ataque IV de 50 mcg/kg em 10 minutos
  • Mas pode ser omitida em pacientes com instabilidade hemodinâmica ou risco de hipotensão
  • Hipotensão arterial
  • Arritmias ventriculares (menos comuns que com outros inotrópicos)
  • Trombocitopenia (rara)
  • Dano acumulativo em pacientes com disfunção renal

Sim.

  • A milrinona é eliminada predominantemente por via renal
  • O acúmulo pode levar a efeitos prolongados e maior risco de hipotensão ou arritmia
  • Sim, embora o ideal seja o uso por acesso venoso central em infusões prolongadas
  • Atenção para extravasamento, pois o pH da solução pode causar flebite

📚 Referências Bibliográficas

  1. Lilly LS. Pathophysiology of Heart Disease. 6th ed.
    Capítulo sobre insuficiência cardíaca e tratamento inotrópico.
    Wolters Kluwer; 2015.
  2. UpToDate.
    Milrinone: Drug Information.
    Disponível em: https://www.uptodate.com
  3. Mebazaa A, Parissis JT, Porcher R, et al.
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    Inotropes and vasopressors: review of physiology and clinical use in cardiovascular disease.
    Circulation. 2008;118(10):1047–1056.
    doi:10.1161/CIRCULATIONAHA.107.728840
  5. Harjola VP, Parissis J, Brunner-La Rocca HP, et al.
    Contemporary management of acute right ventricular failure: a statement from the Heart Failure Association (HFA) of the ESC.
    Eur J Heart Fail. 2016;18(3):226–241.
    doi:10.1002/ejhf.478

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