✋ Astereognose

A astereognose é a incapacidade de reconhecer objetos com o tato, apesar de manter preservadas as funções motoras, a sensibilidade primária (como dor e temperatura) e a acuidade visual. Ou seja, o paciente não consegue identificar um objeto colocado na mão com os olhos fechados, mesmo sentindo sua forma, peso e textura.

Esse sinal clínico indica lesão em áreas específicas do lobo parietal contralateral, responsáveis pela interpretação sensitiva cortical.

Importância clínica

A astereognose é um sinal de disfunção sensitiva cortical e deve ser diferenciada de alterações da sensibilidade primária, como anestesia ou parestesia, que envolvem vias periféricas ou medulares.

Seu achado isolado ou associado a outros distúrbios parietais (como agrafestesia, heminegligência ou apraxia) aponta para lesão cortical superior e direciona a investigação com neuroimagem (TC ou RM).

Para avaliar a presença de astereognose:

  1. O paciente deve estar com os olhos fechados.
  2. O examinador coloca um objeto familiar (como uma chave, moeda ou caneta) na mão do paciente.
  3. O paciente deve manipular o objeto com os dedos e tentar identificá-lo.

  • O teste é positivo (astereognose) quando o paciente não consegue nomear o objeto, apesar de conseguir segurá-lo e movimentá-lo adequadamente.

O teste deve ser feito em ambas as mãos, para comparar os lados e ajudar a localizar a lesão.

O que causa?

A astereognose é causada por lesões na córtex sensitiva secundária (áreas 5 e 7 de Brodmann), mais comumente no lobo parietal superior, do lado contralateral à mão afetada.

Principais causas:

  • AVC isquêmico ou hemorrágico parietal
  • Traumatismo cranioencefálico
  • Tumores do lobo parietal
  • Lesões desmielinizantes (ex: esclerose múltipla)
  • Neurocirurgias com ressecção parietal
  • Síndromes degenerativas corticais

Diferença entre astereognose e agnosia tátil

  • Agnosia tátil: o paciente sente o objeto, mas não consegue interpretá-lo cognitivamente
  • Astereognose: há perda da capacidade de processamento espacial e forma pelo tato, geralmente de causa cortical

Na prática, os dois termos são frequentemente usados como sinônimos, mas a astereognose implica mais diretamente em lesão parietal sensitiva.

Referências

  1. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004.
  2. Blumenfeld H. Neuroanatomy through Clinical Cases. Sinauer Associates, 2010.
  3. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Avaliação Neurológica.
  4. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014.
  5. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011.

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