Sinal de Battle

O Sinal de Battle é um importante indicador clínico de fratura da base do crânio, manifestando-se como hematoma retroauricular, ou seja, atrás da orelha. Este sinal, descrito pela primeira vez pelo cirurgião britânico William Henry Battle, é um marcador significativo de trauma cranioencefálico, especialmente em contextos de acidentes e lesões graves. A presença do Sinal de Battle pode ajudar os profissionais de saúde a identificar a gravidade da lesão e a necessidade de intervenções imediatas.

Fisiopatologia

O sinal de Battle resulta do extravasamento sanguíneo secundário a fraturas da base do crânio, especialmente na fossa média, onde estão localizados o osso temporal e o processo mastoide. Quando ocorre a fratura, pequenos vasos sanguíneos são rompidos, e o sangue se acumula nos planos fasciais profundos, migrando até a pele da região retroauricular.

A anatomia da base do crânio facilita essa migração sanguínea, pois há um trajeto contínuo pelos planos fasciais que permite o deslocamento do sangue da região intracraniana para os tecidos subcutâneos da mastoide. Esse processo leva tempo, explicando o retardo na manifestação clínica do sinal de Battle, que pode surgir até 48 horas após o trauma.

Além do acúmulo de sangue, lesões associadas podem incluir:

  • Fístulas liquóricas: Ocorrem quando há ruptura da dura-máter, permitindo vazamento de líquor pelo nariz (rinorreia) ou pelo ouvido (otorreia), aumentando o risco de meningite.
  • Lesão do nervo facial (VII par craniano): Pode causar paralisia facial periférica.
  • Comprometimento do ouvido interno: Pode levar a surdez, vertigem ou desequilíbrio.

O sinal de Battle, portanto, não é um achado isolado, mas um indicador clínico de trauma craniano grave, com potencial risco de hemorragia intracraniana, hipertensão intracraniana e lesão cerebral.

Descrição

O sinal de Battle é caracterizado pela presença de equimose na região retroauricular (atrás da orelha), na região da mastoide, sendo um importante indicativo de fratura da base do crânio, especialmente na fossa média. Esse achado clínico ocorre devido ao extravasamento de sangue dos vasos rompidos na fratura, que se acumula nos tecidos subcutâneos da região mastoide.

O sinal de Battle não surge imediatamente após o trauma, podendo levar horas ou até 24 a 48 horas para se tornar evidente. Ele frequentemente aparece em associação com outros sinais de fratura da base do crânio, como:

  • Rinorreia ou otorreia liquórica (vazamento de líquido cefalorraquidiano pelo nariz ou ouvido);
  • Hematomas periorbitários bilaterais (sinal do guaxinim);
  • Déficits neurológicos (alteração de consciência, paresias, sinais de compressão cerebral);
  • Surdez ou vertigem (quando há lesão do osso temporal e comprometimento do ouvido interno).

A presença do sinal de Battle indica uma lesão grave, exigindo avaliação neurológica e neurocirúrgica imediata para prevenir complicações potencialmente fatais.

Tratamento

O tratamento do sinal de Battle depende do manejo da fratura da base do crânio e de suas complicações associadas. Como se trata de um marcador de trauma grave, a conduta inicial envolve:

  1. Suporte hemodinâmico e neurológico

    • Monitorização em ambiente hospitalar, muitas vezes em unidade de terapia intensiva (UTI);
    • Controle da via aérea e suporte ventilatório, se necessário;
    • Monitoramento da pressão intracraniana (PIC) em casos graves.
  2. Tratamento conservador para fraturas não complicadas

    • Repouso e observação clínica;
    • Elevação da cabeceira para reduzir a pressão intracraniana e favorecer o fechamento espontâneo de fístulas liquóricas;
    • Analgesia para controle da dor, evitando anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) devido ao risco de sangramento.
  3. Tratamento cirúrgico

    • Indicado em casos de hematomas intracranianos expansivos (hematoma epidural, subdural ou contusões cerebrais hemorrágicas);
    • Fraturas deprimidas ou com lacerações significativas da dura-máter podem necessitar de reparo neurocirúrgico;
    • Cirurgia também pode ser necessária se houver fístula liquórica persistente (> 7-10 dias) para evitar meningite.
  4. Profilaxia de complicações

    • Antibioticoterapia profilática em caso de rinorreia ou otorreia liquórica para prevenir meningite bacteriana;
    • Acompanhamento neurológico para avaliar déficits motores, sensoriais ou cognitivos.

O sinal de Battle por si só não exige tratamento específico, mas sua presença indica a necessidade de uma investigação detalhada e manejo hospitalar adequado, devido ao risco de complicações neurológicas e infecciosas potencialmente fatais.

Quem Descreveu

Dr. William Henry Battle

O Sinal de Battle foi descrito pelo cirurgião britânico William Henry Battle no século XIX. Ele estudou casos de traumatismo cranioencefálico e identificou este sinal como um indicador importante de fraturas na base do crânio.

Referências

  1. Traumatic brain injury: Hope through research. National Institute of Neurological Disorders and Stroke. https://www.ninds.nih.gov/Disorders/Patient-Caregiver-Education/Hope-Through-Research/Traumatic-Brain-Injury-Hope-Through. Accessed Dec. 17, 2020.
  2. Traumatic brain injury (TBI). American Speech-Language-Hearing Association. https://www.asha.org/public/speech/disorders/traumatic-brain-injury/. Accessed Dec. 17, 2020.
  3. Goldman L, et al., eds. Traumatic brain injury and spinal cord injury. In: Goldman-Cecil Medicine. 26th ed. Elsevier; 2020. https://www.clinicalkey.com. Accessed Dec. 17, 2020.

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