Sinal do Guaxinim

O sinal do guaxinim é uma característica clínica que pode indicar uma fratura na base do crânio, mais especificamente na região anterior, causando um acúmulo de sangue nos tecidos moles ao redor dos olhos. Esse sinal, também conhecido como equimose periorbital, recebe seu nome devido à semelhança com a coloração ao redor dos olhos de um guaxinim. Sua presença é importante na avaliação inicial de pacientes com trauma cranioencefálico, pois pode ser um indicativo de lesões graves que necessitam de investigação e tratamento imediatos. Além disso, o sinal do guaxinim pode estar associado a outras complicações intracranianas e deve ser considerado um achado significativo no contexto clínico.

Fisiopatologia

O sinal do guaxinim ocorre devido ao extravasamento de sangue da base do crânio para os tecidos subcutâneos da região periorbitária, sem um trauma direto nos olhos. Esse processo acontece principalmente em fraturas da fossa craniana anterior, que envolvem os ossos frontal e etmoide.

O sangue liberado a partir dos vasos rompidos na fratura se desloca através dos planos fasciais profundos da cabeça, atingindo as pálpebras superiores e inferiores. Esse deslocamento ocorre de maneira lenta, o que explica o atraso no aparecimento do sinal (geralmente após 24 a 48 horas do trauma).

Além do extravasamento sanguíneo, as fraturas da base do crânio frequentemente resultam em lesões associadas, como:

  • Fístulas liquóricas: Ruptura da dura-máter com vazamento de líquor, predispondo à meningite;
  • Lesões do nervo óptico ou oculomotor: Podem levar a déficits visuais ou alterações na movimentação ocular;
  • Aumento da pressão intracraniana (PIC): Quando há hemorragias intracranianas associadas, pode levar a deterioração neurológica progressiva.

O sinal do guaxinim, portanto, não é um achado isolado, mas sim um marcador clínico de lesão craniana grave, necessitando de investigação e manejo imediato.

Descrição

O sinal do guaxinim é caracterizado pela presença de equimoses periorbitárias bilaterais, conferindo ao paciente um aspecto semelhante ao de um guaxinim. Esse achado clínico ocorre devido ao extravasamento de sangue para os tecidos moles ao redor dos olhos, resultante de um trauma craniano significativo, especialmente fraturas da base do crânio envolvendo a fossa anterior.

Diferente das equimoses causadas por trauma direto na região ocular, o sinal do guaxinim se desenvolve tardiamente, geralmente após 24 a 48 horas do trauma, pois o sangue se desloca pelos planos fasciais profundos antes de se tornar visível externamente. Além disso, ele não está associado a edema palpebral importante, característica que o diferencia de hematomas periorbitários traumáticos diretos.

O sinal do guaxinim geralmente ocorre em conjunto com outros achados sugestivos de fratura da base do crânio, como:

  • Sinal de Battle (equimose retroauricular);
  • Rinorreia ou otorreia liquórica (vazamento de líquido cefalorraquidiano pelo nariz ou ouvido);
  • Déficits neurológicos (alteração da consciência, paresias, sinais de compressão cerebral);
  • Hematomas intracranianos (epidural, subdural ou contusões hemorrágicas).

A presença do sinal do guaxinim indica um quadro clínico grave, exigindo avaliação neurológica e neurocirúrgica imediata.

Tratamento

O tratamento do sinal do guaxinim depende da conduta em relação à fratura da base do crânio e suas complicações associadas. As principais abordagens incluem:

  1. Suporte hemodinâmico e neurológico

    • Monitorização em ambiente hospitalar, frequentemente em unidade de terapia intensiva (UTI);
    • Controle da via aérea e suporte ventilatório, se necessário;
    • Monitoramento da pressão intracraniana (PIC) em casos de trauma grave.
  2. Tratamento conservador para fraturas não complicadas

    • Repouso e observação clínica rigorosa;
    • Elevação da cabeceira para reduzir a pressão intracraniana e favorecer o fechamento espontâneo de fístulas liquóricas;
    • Analgesia com cautela (evitando anti-inflamatórios não esteroides – AINEs, devido ao risco de sangramento).
  3. Tratamento cirúrgico

    • Indicado em casos de hematomas intracranianos expansivos (hematoma epidural, subdural ou contusões hemorrágicas);
    • Fraturas com laceração da dura-máter podem exigir reparo neurocirúrgico;
    • Fístulas liquóricas persistentes (> 7-10 dias) podem precisar de correção cirúrgica para prevenir meningite.
  4. Profilaxia de complicações

    • Antibioticoterapia profilática em caso de rinorreia ou otorreia liquórica, devido ao risco aumentado de meningite bacteriana;
    • Avaliação oftalmológica e neurológica para monitorar possíveis déficits visuais ou neurológicos;
    • Acompanhamento com tomografia computadorizada (TC) de crânio para avaliar evolução da fratura e eventuais complicações secundárias.

O sinal do guaxinim, por si só, não exige tratamento específico, mas é um achado clínico indicativo de lesão grave, necessitando de avaliação e manejo neurológico urgente para evitar complicações fatais.

Referências

  1. Craig Williamson, MD, MSVenkatakrishna Rajajee, MBBS. Traumatic brain injury: Epidemiology, classification, and pathophysiology.
  2. Carney N, Totten AM, O’Reilly C, et al: Guidelines for the management of severe traumatic brain injury, fourth edition. Neurosurgery 80(1):6–15, 2017. doi: 10.1227/NEU.0000000000001432

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima