
Distiquíase Congênita
A distiquíase congênita é uma anomalia rara caracterizada pelo crescimento anômalo de uma segunda fileira de cílios a partir das glândulas de Meibômio. Essa condição pode causar irritação ocular, desconforto e, em casos graves, danos à córnea devido ao atrito constante dos cílios adicionais.
Fisiopatologia
A distiquíase ocorre devido a uma falha no desenvolvimento das glândulas de Meibômio, que normalmente produzem a camada lipídica do filme lacrimal. Em vez disso, essas glândulas sofrem uma diferenciação anormal e formam folículos pilosos, resultando em cílios ectópicos. A condição pode ser isolada ou associada a doenças genéticas, como a Síndrome de Distiquíase-Linfedema, que envolve alterações no sistema linfático.
Os pacientes com distiquíase congênita geralmente apresentam crescimento anormal de cílios ao longo da margem palpebral posterior, frequentemente em ambas as pálpebras. Os sintomas variam conforme o número e a rigidez dos cílios ectópicos e incluem sensação de corpo estranho, hiperemia conjuntival, lacrimejamento excessivo, fotofobia e blefarite crônica. Em casos mais graves, pode ocorrer ceratopatia induzida pelo atrito contínuo dos cílios na superfície corneana, levando a ulcerações e cicatrizes corneanas. O diagnóstico é clínico, realizado por exame oftalmológico detalhado com lâmpada de fenda.
Tratamento
O tratamento da distiquíase congênita depende da gravidade dos sintomas e do impacto na superfície ocular. As principais abordagens incluem:
- Lubrificação ocular: uso de lágrimas artificiais para minimizar o atrito dos cílios na córnea.
- Depilação mecânica dos cílios ectópicos: método temporário que pode necessitar de repetição frequente.
- Crioterapia ou eletrocoagulação: técnicas utilizadas para destruir permanentemente os folículos pilosos anômalos.
- Cirurgia palpebral: indicada em casos graves, podendo envolver a ressecção da área afetada para evitar recorrências.
Lentes de contato terapêuticas: utilizadas para proteger a córnea contra o atrito dos cílios.
O manejo precoce é essencial para evitar complicações corneanas irreversíveis e garantir o conforto ocular do paciente.
Referências
- Kanski, J. J., Bowling, B. “Oftalmologia Clínica: Uma Abordagem Sistemática”. Elsevier, 2015.
- Yanoff, M., Duker, J. S. “Oftalmologia de Yanoff e Duker”. Elsevier, 2018.
- American Academy of Ophthalmology. “Microphthalmia and Anophthalmia: Diagnosis and Management”.
Sociedade Brasileira de Oftalmologia. “Diretrizes para Avaliação de Malformações Congênitas Oculares”.
