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Reflexo Fotomotor

🔦 Reflexo Fotomotor O reflexo fotomotor (também chamado de reflexo pupilar à luz) é uma resposta involuntária das pupilas à estimulação luminosa, caracterizada por contração (miose) da pupila ao incidir luz diretamente sobre o olho. Esse reflexo é mediado por estruturas do sistema nervoso autônomo e por nervos cranianos específicos, sendo fundamental na avaliação neurológica e oftalmológica. Importância clínica A avaliação do reflexo fotomotor é essencial na investigação de: Lesões do nervo óptico (II) Lesões do nervo oculomotor (III) Compressão do mesencéfalo ou aumento da pressão intracraniana Traumatismos crânio-encefálicos Anisocoria (pupilas de tamanhos diferentes) Suspeita de morte encefálica (reflexo ausente bilateralmente) Além disso, alterações na resposta pupilar ajudam a identificar pupilas patológicas, como na paralisia do III par, pupila de Adie, síndrome de Horner e no sinal de Marcus Gunn (pupila aferente relativa). https://youtu.be/g9wI6JBqezc Com o paciente olhando para frente, o examinador utiliza uma lanterna para iluminar primeiro um olho e depois o outro, observando as reações pupilares. Devem ser avaliadas duas respostas: Reflexo direto: contração da pupila do olho iluminado Reflexo consensual: contração simultânea da pupila do olho contralateral Ambas devem ocorrer de forma rápida, simétrica e bilateral. Vias nervosas envolvidas O reflexo fotomotor depende da integridade de duas vias principais: Via aferente (sensitiva): Nervo óptico (II par craniano) Transmite o estímulo luminoso até o núcleo pré-tectal no mesencéfalo Via eferente (motora): Nervo oculomotor (III par craniano) A partir do núcleo de Edinger-Westphal, envia fibras parassimpáticas para o músculo esfíncter da pupila O estímulo de um olho ativa ambos os núcleos Edinger-Westphal, resultando em miose bilateral. Respostas anormais possíveis Ausência de reflexo direto e consensual em um olho → lesão do nervo óptico desse lado Presença de reflexo consensual mas ausência do direto → lesão do nervo óptico ipsilateral Presença do direto mas ausência do consensual → lesão do nervo oculomotor contralateral Pupilas fixas e midriáticas → lesão do tronco encefálico ou morte encefálica Referências DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Avaliação Neurológica no Coma. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Kanski JJ, Bowling B. Oftalmologia Clínica. Elsevier, 2017. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Reflexo Fotomotor Dr. Marcelo Negreiros abril 8, 2025 SInais Clínicos Reflexo Vestíbulo-Calórico Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Teste Reflexo Córneo-Pálpebra Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Sinal de Argyll Robertson Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025

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Reflexo Vestíbulo-Calórico

👂🧠 Reflexo Vestíbulo-Calórico O reflexo vestíbulo-calórico, também conhecido como prova calórica, é um teste utilizado para avaliar a função do sistema vestibular periférico e central, incluindo o nervo vestibulococlear (VIII par craniano) e as conexões do tronco encefálico com os núcleos oculomotores (III, IV e VI pares). Ele é especialmente útil na avaliação de pacientes em coma profundo e em protocolos de morte encefálica. O teste provoca movimentos oculares reflexos ao instilar água morna ou fria no canal auditivo externo, estimulando o labirinto do ouvido interno e desencadeando um reflexo vestíbulo-ocular. Importância clínica A ausência do reflexo vestíbulo-calórico, quando feita de forma adequada e bilateral, indica falência do tronco encefálico, especialmente se associada à ausência de outros reflexos (córneo-palpebral, fotomotor, etc.). Por isso, é um teste crítico na confirmação clínica da morte encefálica. Em pacientes conscientes, pode ajudar a localizar lesões vestibulares periféricas ou centrais, sendo parte de testes mais específicos realizados por otoneurologistas. https://youtu.be/NoVz_sE3tjc O paciente deve estar em decúbito dorsal com a cabeça elevada a 30 graus, para alinhar os canais semicirculares horizontais. Em seguida: Introduz-se água fria ou morna (20–44°C) no conduto auditivo externo. Isso provoca deslocamento do endolinfa no labirinto horizontal, simulando um movimento de rotação da cabeça. O sistema vestibular responde com um reflexo oculomotor compensatório — se o tronco encefálico estiver funcional. Reações esperadas: Em pacientes conscientes ou com tronco encefálico íntegro: Água fria → os olhos desviam lentamente para o lado irrigado, seguidos de um nystagmo rápido para o lado oposto Água morna → os olhos desviam lentamente para o lado oposto, com nystagmo para o lado irrigado Mnemônico: COWS – Cold Opposite, Warm Same (fria → nistagmo para o lado oposto; morna → para o mesmo lado) Em pacientes com lesão grave do tronco encefálico ou morte encefálica: Não há movimento ocular, mesmo com estimulação adequada. O que o reflexo avalia? O reflexo vestíbulo-calórico testa a integridade de: Labirinto (orelha interna) Nervo vestibular (VIII) Conexões vestibulares do tronco encefálico Núcleos e nervos oculomotores (III, IV, VI) Movimento dos músculos extraoculares Por isso, é um dos principais reflexos do tronco cerebral e está incluído no protocolo de morte encefálica. Quando é utilizado? Avaliação de coma profundo Diagnóstico de morte encefálica Diagnóstico diferencial de vertigem periférica vs. central Investigação de síndromes vestibulares Testes funcionais do nervo vestibular em neurotologia Referências Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 2.173/2017 – Morte Encefálica. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Baloh RW, Honrubia V. Clinical Neurophysiology of the Vestibular System. Oxford, 2001. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Reflexo Vestíbulo-Calórico Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Teste Reflexo Córneo-Pálpebra Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Sinal de Argyll Robertson Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Sinal dos Olhos de Boneca Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025

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Teste Reflexo Córneo-Pálpebra

👁️ Teste do Reflexo Córneo-Palpebral O reflexo córneo-palpebral (ou reflexo córneo-conjuntival) é uma resposta involuntária e bilateral de piscar os olhos quando a córnea é tocada de leve. É um reflexo protetor importante, mediado por dois nervos cranianos: Nervo trigêmeo (V par) – via aferente sensitiva, que detecta o toque Nervo facial (VII par) – via eferente motora, que fecha a pálpebra Esse reflexo é utilizado na prática clínica para avaliar a integridade funcional desses nervos, bem como o estado de consciência e integridade do tronco encefálico, especialmente em pacientes comatosos. Importância clínica O teste do reflexo córneo-palpebral é simples, rápido e de grande utilidade clínica. Ele é: Parte do exame neurológico básico Um dos critérios neurológicos em protocolos de morte encefálica Importante na avaliação de neuropatias do trigêmeo e do facial Útil na diferenciação de lesões periféricas e centrais nos nervos cranianos A interpretação correta exige a avaliação do reflexo de forma comparativa bilateral, correlacionando com outros sinais clínicos. https://youtu.be/l_dUOqozais Com o paciente de olhos abertos, o examinador toca suavemente a córnea lateral (nunca o centro) com um pedaço de algodão fino, fio de gaze ou cotonete estéril — de forma rápida, discreta e sem causar dor. O reflexo é considerado normal quando ocorre fechamento imediato e bilateral das pálpebras A ausência do reflexo pode indicar lesão em qualquer uma das vias envolvidas Importante: O toque deve ser feito na córnea, e não na esclera ou pálpebra, pois apenas a córnea ativa esse reflexo específico. O que o reflexo avalia? Este teste avalia simultaneamente: A função sensitiva da divisão oftálmica do nervo trigêmeo (V1) A função motora do nervo facial (VII), responsável pelo fechamento da pálpebra A integridade funcional do tronco encefálico, mais especificamente a ponte Além disso, é um dos reflexos testados na avaliação de coma e morte encefálica. Situações clínicas associadas A ausência do reflexo córneo-palpebral pode ocorrer em: Lesão do nervo trigêmeo (V1) – o toque na córnea não é percebido Lesão do nervo facial (VII) – o estímulo é percebido, mas a pálpebra não fecha Lesão da ponte ou tronco encefálico Anestesia local (ex: bloqueio oftálmico ou uso de colírios anestésicos) Coma profundo ou morte encefálica Paralisia de Bell (quando unilateral) Lesões centrais em casos neurológicos avançados Referências DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução sobre Morte Encefálica. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011. Blumenfeld H. Neuroanatomy through Clinical Cases. Sinauer Associates, 2010. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Teste Reflexo Córneo-Pálpebra Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Sinal de Argyll Robertson Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Sinal dos Olhos de Boneca Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Macus Gunn Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025

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Sinal de Argyll Robertson

👁️ Sinal de Argyll Robertson O sinal de Argyll Robertson é uma alteração pupilar caracterizada por pupilas que não reagem à luz, mas que contraem normalmente durante a acomodação visual (convergência para foco próximo). Em termos técnicos, diz-se que a pupila “acomoda mas não reage”, o que representa uma dissociação luz-acomodação. Esse achado é clássico em casos de neurossífilis, especialmente na forma de tabes dorsalis, mas pode estar presente também em outras doenças que afetam as vias neurológicas da pupila. Importância clínica O sinal de Argyll Robertson é um marcador neurológico clássico, especialmente relevante no rastreio de neurossífilis em pacientes com sintomas visuais, sensitivos ou psiquiátricos. Embora hoje menos comum, a sífilis ainda é uma realidade clínica, e o reconhecimento desse sinal pode ser o primeiro indicativo de infecção neurológica crônica. É importante diferenciá-lo da pupila tônica de Adie, que também apresenta dissociação luz-acomodação, mas costuma ser unilateral, com pupila maior e lenta resposta. https://youtu.be/7oO4pdYBZfc O sinal se manifesta da seguinte forma: As pupilas são pequenas (míoticas) e apresentam resposta ausente ou muito reduzida à luz direta ou consensual Entretanto, quando o paciente é instruído a focar um objeto próximo (como o dedo do examinador), as pupilas contraem-se normalmente durante o reflexo de acomodação Esse fenômeno ocorre bilateralmente e é tipicamente assimétrico. Pode passar despercebido se o reflexo de acomodação não for testado. Por que acontece? O reflexo pupilar à luz e o reflexo de acomodação compartilham parte das suas vias neurológicas, mas divergem em alguns pontos-chave: O reflexo à luz passa pelo pré-tecto e núcleo de Edinger-Westphal, no mesencéfalo dorsal O reflexo de acomodação envolve vias corticais que passam pelo lobo occipital e retornam aos núcleos do III par craniano No sinal de Argyll Robertson, a lesão ocorre nos núcleos pré-tectais ou nas suas conexões com o núcleo de Edinger-Westphal, afetando o reflexo à luz, mas poupando as vias da acomodação — por isso ocorre a dissociação. Causas principais Embora classicamente ligado à neurossífilis, o sinal pode estar presente em outras condições que afetam as vias pupilares centrais: Tabes dorsalis (forma de neurossífilis com acometimento das colunas posteriores da medula) Sífilis terciária Esclerose múltipla Diabetes mellitus com neuropatia autonômica Lesões do mesencéfalo dorsal (tumores, isquemias, neurotoxinas) Sarcoidose neurológica (raramente) Quem Criou? Dr. Douglas Argyll Robertson Douglas Argyll Robertson (1837–1909) foi um oftalmologista escocês e cirurgião da Rainha Vitória. É conhecido por sua acurada descrição dessa resposta pupilar anormal em pacientes com sífilis terciária. Sua observação refinada contribuiu significativamente para a integração da oftalmologia com a neurologia clínica, e o sinal que leva seu nome é lembrado até hoje como um clássico da propedêutica. Referências Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Kanski JJ, Bowling B. Oftalmologia Clínica. Elsevier, 2017. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico de Manejo da Sífilis. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. Guanabara Koogan, 2011. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Sinal de Argyll Robertson Dr. Marcelo Negreiros abril 7, 2025 SInais Clínicos Sinal dos Olhos de Boneca Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Macus Gunn Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Flatau Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025

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Sinal dos Olhos de Boneca

👀 Sinal dos Olhos de Boneca (Reflexo Oculocefálico) O sinal dos olhos de boneca, também conhecido como reflexo oculocefálico, é um reflexo do tronco encefálico que permite avaliar a integridade das conexões entre o tronco cerebral e os nervos cranianos oculomotores (III, IV e VI pares). Seu nome vem da semelhança com os olhos de bonecas antigas, que se moviam na direção oposta à da cabeça quando eram inclinadas. Esse sinal é especialmente importante na avaliação de pacientes com rebaixamento do nível de consciência, sendo parte do exame neurológico em coma. Importância clínica O sinal dos olhos de boneca é um marcador essencial na propedêutica do coma, sendo usado para diferenciar coma metabólico (com reflexos preservados) de coma estrutural com lesão de tronco encefálico. Além disso, é um dos critérios utilizados na avaliação da morte encefálica, sendo testado juntamente com outros reflexos do tronco, como o reflexo córneo-palpebral e o reflexo vestíbulo-ocular (prova calórica). https://youtu.be/Q74Uqjw0YqQhttps://youtu.be/toIlTONEJ5E Com o paciente em decúbito dorsal, em estado de coma ou inconsciência, o examinador segura a cabeça do paciente com firmeza e realiza movimentos rápidos de rotação lateral (para a direita e para a esquerda) ou verticais (para cima e para baixo), observando o movimento dos olhos. O sinal é considerado normal (positivo) quando os olhos movem-se na direção oposta ao movimento da cabeça. (VÍDEO 1) O sinal está ausente (negativo) quando os olhos permanecem fixos na órbita e se movem junto com a cabeça, como se estivessem “parados” — indicando possível lesão do tronco cerebral ou comprometimento severo das vias oculomotoras. (VÍDEO 2) Esse teste não deve ser realizado se houver suspeita de fratura cervical ou instabilidade na coluna vertebral. O que ele indica? O reflexo oculocefálico é mediado por vias neurais que passam pelo tronco encefálico, incluindo os núcleos vestibulares, nervo oculomotor (III), troclear (IV) e abducente (VI), além das conexões internas no mesencéfalo e ponte. Sua presença sugere que essas estruturas estão funcionalmente preservadas, mesmo que o paciente esteja em coma. A ausência do reflexo dos olhos de boneca pode indicar: Lesão do tronco encefálico (mesencéfalo ou ponte) Morte encefálica Uso de sedativos ou bloqueadores neuromusculares Lesões bilaterais dos nervos oculomotores Referências Kanski JJ, Bowling B. Oftalmologia Clínica: Uma Abordagem Sistemática. Elsevier, 2017. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Avaliação Neurológica e Visual. Levin LA et al. Optic Nerve Disorders. Springer, 2016. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Sinal dos Olhos de Boneca Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Macus Gunn Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Flatau Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Bikelé Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025

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Sinal de Macus Gunn

👁️ Sinal de Marcus Gunn (Pupila Aferente Relativa) O sinal de Marcus Gunn, também conhecido como pupila aferente relativa (RAPD – Relative Afferent Pupillary Defect), é um achado clínico importante que indica lesão parcial do nervo óptico (II par craniano) ou do trato visual anterior, do lado examinado. Ele é detectado durante o teste do reflexo fotomotor com a manobra do balanço da luz (swinging flashlight test). Esse sinal foi descrito pelo oftalmologista escocês Robert Marcus Gunn no século XIX, e até hoje é um dos testes mais sensíveis para detectar disfunções sutis do nervo óptico. Importância clínica O sinal de Marcus Gunn é um achado fundamental no exame oftalmoneurológico, pois pode ser o único indício clínico de neuropatia óptica precoce. Sua detecção precoce é essencial para encaminhamento a exames complementares como campimetria visual, tomografia de coerência óptica (OCT) e ressonância magnética de órbitas e nervos ópticos. Além disso, ele é útil para avaliar assimetrias visuais inexplicadas, investigar baixa acuidade visual unilateral e acompanhar progressão de doenças desmielinizantes. https://youtu.be/09EzCdpKJk4https://youtu.be/ZDG2uU0hChI O teste é feito com o paciente em ambiente com iluminação atenuada, fixando o olhar à frente. O examinador utiliza uma lanterna e alterna rapidamente a luz de um olho para o outro, observando a reação das pupilas à luz. Em um paciente normal, ambas as pupilas contraem igualmente quando iluminadas, devido à via pupilar consensual. No sinal de Marcus Gunn positivo, ao mover a luz de um olho normal para o olho com a lesão óptica parcial, ocorre uma dilatação paradoxal das pupilas (em vez de contração), pois o estímulo luminoso naquele lado é percebido como mais fraco. Esse fenômeno indica que a entrada de luz por aquele olho é menos eficaz em gerar resposta pupilar, o que sugere lesão na via aferente da pupila, ou seja, no nervo óptico ou retina. Causas mais comuns O sinal de Marcus Gunn está associado a diversas condições que afetam a via óptica anterior. As principais incluem: Neurite óptica (frequentemente associada à esclerose múltipla) Atrofia óptica parcial Descolamento de retina extenso Isquemia do nervo óptico (neuropatia óptica isquêmica) Traumas ópticos unilaterais Tumores compressivos retrobulbares Glaucoma avançado assimétrico Importante destacar que o sinal não é observado em lesões bilaterais simétricas e também não aparece em doenças que afetam apenas a via eferente (como paralisia do nervo oculomotor). Quem Criou? Dr. Robert Marcus Gunn Robert Marcus Gunn (1850–1909) foi um oftalmologista escocês que atuou no Moorfields Eye Hospital, em Londres. É conhecido não só por descrever o sinal da pupila aferente relativa, mas também pela síndrome de Marcus Gunn, um tipo raro de ptose congênita com sincinésia mastigatória. Sua contribuição à propedêutica ocular permanece essencial até hoje na prática neurológica e oftalmológica. Referências Kanski JJ, Bowling B. Oftalmologia Clínica: Uma Abordagem Sistemática. Elsevier, 2017. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Avaliação Neurológica e Visual. Levin LA et al. Optic Nerve Disorders. Springer, 2016. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Sinal de Macus Gunn Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Flatau Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Bikelé Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Lewinson Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025

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Sinal de Flatau

👁️ Sinal de Flatau O sinal de Flatau é um sinal clínico de irritação meníngea, caracterizado pela dilatação das pupilas (midríase) quando o paciente tem a cabeça fletida passivamente pelo examinador. Acredita-se que esse fenômeno ocorra devido à irritação das meninges cervicais, com ativação reflexa do sistema nervoso simpático. É um sinal raro, pouco utilizado na prática clínica moderna, mas ainda citado em tratados clássicos de neurologia e propedêutica médica como um indicativo de sofrimento meníngeo agudo. Importância clínica Embora seja um sinal raro e pouco sensível, o sinal de Flatau pode reforçar a suspeita clínica de irritação meníngea, especialmente quando associado a outros sinais como rigidez de nuca, Brudzinski, Kernig e alterações do nível de consciência. Não deve ser utilizado isoladamente como critério diagnóstico, mas pode ser útil em exames clínicos completos, especialmente em contextos de ensino ou em locais com recursos limitados para exames complementares imediatos. Com o paciente em decúbito dorsal, o examinador realiza uma flexão passiva do pescoço, aproximando o queixo do tórax, e observa atentamente o comportamento das pupilas. O sinal é considerado positivo se houver dilatação pupilar bilateral ou assimétrica no momento do movimento. É importante realizar o exame com boa iluminação ambiente e observar se a reação ocorre de forma transitória e involuntária. Por que ocorre? A tração das meninges cervicais durante a flexão do pescoço pode estimular reflexos autonômicos, resultando em ativação do sistema simpático. Como consequência, ocorre midríase (dilatação pupilar), sinalizando irritação meníngea significativa. Esse tipo de resposta é mais evidente em pacientes com meningite aguda, hemorragia subaracnoide ou, em menor grau, em casos de hipertensão intracraniana. Quem Criou? Dr. Edward Flatau Edward Flatau (1868–1932) foi um renomado neurologista e neuroanatomista polonês, pioneiro no estudo da organização das fibras da medula espinhal e da clínica das doenças neurológicas. Discípulo de Carl Westphal, Flatau também publicou um atlas detalhado da medula espinhal humana e é lembrado por diversos achados semiológicos, incluindo o sinal que leva seu nome. Referências DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Meningite e Neuroinfecções. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011. Flatau E. Atlas des menschlichen Rückenmarks. Berlin, 1894. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Sinal de Flatau Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Bikelé Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Lewinson Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Binda Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025

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Sinal de Bikelé

💪 Sinal de Bikelé O sinal de Bikelé é um sinal clínico neurológico utilizado para avaliar irritação meníngea ou radicular, especialmente envolvendo as raízes cervicais e torácicas superiores. Ele é considerado positivo quando há dor ao estender passivamente o braço do paciente com o cotovelo fletido, sugerindo sofrimento de estruturas nervosas como raízes espinhais, meninges ou o plexo braquial. Esse sinal foi descrito por Alfred Bikelé, médico alemão do início do século XX, e embora seja menos conhecido que os sinais de Lasègue ou Brudzinski, pode ser útil como complemento na avaliação de meningites, radiculopatias cervicais e até em alguns casos de trauma medular. Importância clínica O sinal de Bikelé é um recurso complementar no exame neurológico, útil especialmente quando há suspeita de meningite com dor cervical, ou quando o paciente apresenta sintomas neurológicos em membros superiores. Sua positividade deve ser interpretada com cautela e sempre no contexto clínico geral, pois pode ocorrer também em condições ortopédicas ou traumáticas. Embora não seja amplamente utilizado na prática clínica de rotina, é um exemplo da riqueza da propedêutica neurológica tradicional, ainda válida em muitos contextos, especialmente quando associada a outros sinais de irritação meníngea. https://youtu.be/JwzGhqn_hng Com o paciente sentado ou em decúbito dorsal, o examinador realiza duas etapas: Flexão do ombro a 90° com o cotovelo também fletido a 90° Em seguida, o braço é levado para trás (extensão do ombro), mantendo o cotovelo fletido O sinal é considerado positivo se o paciente refere dor aguda ou desconforto acentuado no trajeto do braço, ombro ou até região cervical, indicando tração de estruturas nervosas sensibilizadas. Por que ocorre? A movimentação descrita provoca um estiramento do plexo braquial e das meninges cervicais, especialmente quando há inflamação meníngea, compressão radicular ou alterações da medula espinhal. Em situações de meningite, por exemplo, o sinal de Bikelé pode se tornar positivo devido à hipersensibilidade das meninges cervicais. Também pode ser observado em pacientes com hérnia de disco cervical, neurite braquial ou pós-traumatismos cervicais, refletindo sofrimento mecânico ou inflamatório das estruturas neurais superiores. Quem Criou? Dr. Alfred Bikelé O sinal de Bikelé foi descrito pelo médico alemão Alfred Bikelé, ativo no início do século XX. Ele era neurologista e estudioso da propedêutica clínica, com interesse especial em sinais físicos que pudessem indicar doenças neurológicas graves, como a meningite Referências DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Abordagem da Meningite e Dor Cervical. Blumenfeld H. Neuroanatomy through Clinical Cases. Sinauer Associates, 2010. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011. Bikelé A. Untersuchungen über Meningitiszeichen. Neurologische Beiträge, 1910. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Sinal de Bikele Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Lewinson Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Binda Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Bragard Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025

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Sinal de Lewinson

🤲 Sinal de Lewinson O sinal de Lewinson é um sinal clínico de irritação meníngea caracterizado pela flexão involuntária dos membros inferiores ao se aplicar pressão sobre a parte superior do tórax do paciente em decúbito dorsal. Esse reflexo de defesa, semelhante ao sinal de Brudzinski, é interpretado como uma resposta inconsciente à dor provocada pelo estiramento das meninges. Embora seja um sinal menos conhecido e pouco utilizado na prática clínica moderna, sua descrição complementa a gama de manobras que auxiliam na suspeita de meningite aguda e outras causas de inflamação meníngea. Importância clínica Apesar de ser um sinal pouco citado nos grandes manuais de neurologia modernos, o sinal de Lewinson reforça a importância da semiologia clínica clássica, especialmente em contextos com recursos diagnósticos limitados. Sua presença, ao lado de sinais como Brudzinski, Kernig, Amoss e rigidez de nuca, pode contribuir para fortalecer a suspeita de meningite e justificar a realização de exames complementares como punção lombar. A ausência do sinal não exclui o diagnóstico, mas sua presença deve sempre ser considerada no contexto clínico geral do paciente. O paciente deve estar deitado em decúbito dorsal, com os membros relaxados. O examinador então realiza pressão firme sobre a região superior do esterno ou clavícula, como se empurrasse levemente o tórax para baixo. O sinal é considerado positivo quando, ao realizar essa pressão, o paciente flexiona involuntariamente os joelhos e quadris, semelhante ao que ocorre no sinal de Brudzinski. Por que ocorre? A pressão sobre o tórax provoca uma leve tração sobre a coluna vertebral e, por consequência, sobre as meninges e raízes nervosas espinhais. Em casos de irritação meníngea — como nas meningites bacterianas, virais ou fúngicas, ou ainda em hemorragias subaracnoides — esse estiramento desencadeia uma resposta protetora automática, com flexão das pernas, para reduzir a tensão. Esse reflexo é mais facilmente observado em pacientes conscientes, mas pode também se manifestar discretamente em estados iniciais de irritação meníngea. Quem Criou? Dr. Richard Lewinson O sinal de Lewinson foi descrito pelo médico Richard Lewinson, um clínico do início do século XX que contribuiu para a semiologia neurológica em um período anterior à ampla disseminação dos exames de imagem. Embora existam poucas informações biográficas detalhadas sobre ele nos registros médicos modernos, sabe-se que Lewinson observou e descreveu esse sinal no contexto da avaliação de meningite aguda, especialmente em crianças e pacientes febris com rigidez de nuca. Referências DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Diagnóstico de Lombalgia e Ciatalgia. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Blumenfeld H. Neuroanatomy through Clinical Cases. Sinauer Associates, 2010. Hoppenfeld S. Exame Físico da Coluna Vertebral e Extremidades. Manole, 2006. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Sinal de Lewinson Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Binda Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Bragard Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Laségue Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025

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Sinal de Binda

👀 Sinal de Binda O sinal de Binda é um sinal clínico de irritação meníngea, caracterizado pela hipersensibilidade à pressão exercida sobre os globos oculares. Quando presente, indica inflamação ou irritação das meninges, sendo mais um recurso semiológico no contexto de meningite aguda, hemorragia subaracnoide ou outras condições que acometam as meninges cranianas. Esse sinal foi descrito por Antonio Binda, médico italiano, e embora seja menos utilizado atualmente em relação aos sinais clássicos como Brudzinski ou Kernig, continua sendo um achado que pode reforçar a suspeita clínica em situações sugestivas. Importância clínica O sinal de Binda, embora não seja amplamente conhecido fora de contextos neurológicos mais específicos, pode ser útil quando os sinais clássicos de irritação meníngea estão ausentes ou pouco evidentes, especialmente em crianças, pacientes imunossuprimidos ou em avaliação ambulatorial precoce. Ele deve ser interpretado em conjunto com outros sinais clínicos, como febre, cefaleia, náuseas, rigidez de nuca e os sinais de Brudzinski, Kernig ou Amoss. O exame não substitui a necessidade de investigação complementar com punção lombar e exames laboratoriais. O examinador pressiona suavemente, com os olhos fechados do paciente, os dois globos oculares ao mesmo tempo, com os polegares ou dedos indicadores. A presença de dor ocular intensa ou aumento da sensibilidade à compressão sugere positividade do sinal. O paciente pode relatar dor imediata, desconforto acentuado ou até reflexo de retirada diante da pressão leve — o que não ocorre em indivíduos sem irritação meníngea. Por que ocorre? Nas meningites, há inflamação das meninges cranianas, que envolvem não apenas o cérebro, mas também as estruturas vizinhas, como os nervos ópticos e as bainhas meníngeas que os acompanham. Quando as meninges estão inflamadas, qualquer tração ou pressão leve em estruturas adjacentes, como os olhos, pode provocar dor devido ao envolvimento meníngeo. Essa sensibilidade é mais notável nos estágios iniciais da irritação meníngea, podendo desaparecer com o avanço da doença ou em casos mais graves com rebaixamento do nível de consciência. Quem Criou? Dr. Antonio Binda O sinal de Binda foi descrito por Antonio Binda, um médico italiano do início do século XX. Sua contribuição ocorreu no contexto da semiologia neurológica voltada à identificação precoce da meningite aguda. Binda observou que pacientes com inflamação meníngea apresentavam dor ao se exercer pressão leve sobre os globos oculares, devido à irritação das meninges que envolvem também os nervos ópticos. Referências DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Diagnóstico de Lombalgia e Ciatalgia. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014. Blumenfeld H. Neuroanatomy through Clinical Cases. Sinauer Associates, 2010. Hoppenfeld S. Exame Físico da Coluna Vertebral e Extremidades. Manole, 2006. Deixe um comentário Cancelar resposta Conectado como Dr. Marcelo Negreiros. Edite seu perfil. Sair? Campos obrigatórios são marcados com * Message* Também pode te interessar… SInais Clínicos Sinal de Lewinson Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Binda Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Bragard Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025 SInais Clínicos Sinal de Laségue Dr. Marcelo Negreiros abril 6, 2025

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