
⚙️ Rigidez em Roda Denteada
A rigidez em roda denteada é um sinal neurológico caracterizado por uma resistência intermitente e ritmada ao movimento passivo de uma articulação, semelhante à sensação de um engrenamento mecânico. Esse fenômeno é observado quando um membro rígido é movido passivamente por um examinador, e o movimento é interrompido por pequenos “solavancos”.
Esse tipo de rigidez é típico da Doença de Parkinson, especialmente quando ocorre em conjunto com tremores de repouso.
Importância clínica
A rigidez em roda denteada é:
Um dos sinais motores cardinais da Doença de Parkinson, junto com bradicinesia, tremor de repouso e instabilidade postural.
Um achado valioso em exames clínicos neurológicos iniciais, pois pode ser detectado mesmo antes da queixa espontânea do paciente.
Importante para diferenciar Parkinson de outras causas de rigidez, como doenças piramidais, nas quais a rigidez é mais espástica e com reflexos exaltados.
Ao movimentar lentamente o braço de um paciente com parkinsonismo, por exemplo durante a flexo-extensão do cotovelo ou punho, o examinador sente uma resistência que cede e retorna em pequenos intervalos, como se o membro estivesse preso a uma engrenagem.
Pode ser observada em qualquer articulação, mas é mais comum nos membros superiores.
- Peça ao paciente para relaxar totalmente o membro examinado.
- Movimente passivamente a articulação (punho, cotovelo ou joelho).
Perceba se há resistência contínua (tubo de chumbo) ou se a resistência é intermitente e rítmica (roda denteada).
Dica: peça ao paciente que movimente o braço oposto voluntariamente — isso pode acentuar o fenômeno da roda denteada (fenômeno de ativação contralateral).
Diferença entre rigidez plástica e em roda denteada
Rigidez plástica (em tubo de chumbo): resistência constante e sustentada ao longo de todo o movimento passivo, sem oscilações.
Rigidez em roda denteada: resistência intermitente, com “trancos” ou interrupções sucessivas durante o movimento.
A rigidez em roda denteada é, na verdade, o resultado da combinação entre a rigidez plástica e o tremor de repouso, o que a torna mais característica da Doença de Parkinson.
Causas principais
Esse sinal é mais frequentemente associado a distúrbios extrapiramidais, especialmente:
- Doença de Parkinson
- Síndromes parkinsonianas atípicas (como paralisia supranuclear progressiva, degeneração corticobasal)
- Uso de medicamentos antipsicóticos (parkinsonismo induzido por drogas)
Parkinsonismo vascular
Referências
- Jankovic J. Parkinson’s Disease: Clinical Features and Diagnosis. J Neurol Neurosurg Psychiatry, 2008.
- Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014.
- Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença de Parkinson.
- DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004.
Snell RS. Neuroanatomia Clínica. Guanabara Koogan, 2011.
