
⚡ Sinal de Lhermitte
O sinal de Lhermitte é uma sensação transitória de choque elétrico que percorre a coluna vertebral e pode irradiar para os membros, especialmente inferiores, ao se realizar uma flexão do pescoço. A sensação costuma ser descrita como uma corrente elétrica, formigamento ou vibração.
É um sinal neurológico clássico que indica comprometimento da medula espinhal cervical, geralmente associado a lesões desmielinizantes, compressivas ou inflamatórias.
Importância clínica
A presença do sinal de Lhermitte é um indicador de lesão medular cervical e deve ser valorizado especialmente quando acompanhado de:
- Alterações de sensibilidade vibratória e proprioceptiva
- Marcha atáxica
- Espasticidade ou fraqueza em membros
Disfunção vesical ou intestinal
Embora não seja patognomônico de nenhuma doença, é altamente sugestivo de acometimento das colunas dorsais da medula.
O sinal também pode ser útil no monitoramento da progressão de doenças como a esclerose múltipla.
Durante o exame físico:
O paciente é orientado a flexionar o pescoço ativamente (aproximar o queixo do tórax).
A resposta é considerada positiva se o paciente relatar sensação de choque ou corrente elétrica irradiando pela coluna e membros.
A resposta geralmente é breve, dura apenas alguns segundos e cessa ao interromper a flexão cervical.
O que causa?
O sinal de Lhermitte ocorre por hipersensibilidade das vias sensitivas posteriores da medula cervical, especialmente as colunas dorsais, que conduzem impulsos de propriocepção e vibração.
As principais causas incluem:
Doenças desmielinizantes:
- Esclerose múltipla (causa mais comum em jovens)
Neuromielite óptica
Doenças da medula cervical:
- Mielopatia cervical espondilótica
- Tumores intramedulares
- Deficiência de vitamina B12 (degeneração combinada subaguda)
- Síndrome pós-radiação cervical
Tabes dorsalis (neurossífilis)
Quem Criou?

Dr. Jacques Jean Lhermitte
Jacques Jean Lhermitte (1877–1959) foi um neurologista e neuropsiquiatra francês, reconhecido por suas descrições clínicas detalhadas. Ele descreveu esse sinal pela primeira vez em 1924, relacionando-o a pacientes com esclerose múltipla e mielopatias. Seu nome também está associado à síndrome de Lhermitte-Duclos (uma condição cerebelar rara) e a diversas contribuições na neurologia clínica.
Referências
- Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014.
- DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004.
- Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011.
- Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Abordagem das Mielopatias.
Compston A, Coles A. Multiple sclerosis. Lancet. 2008.
