🔥 Disestesia

A disestesia é uma alteração da percepção sensorial, na qual um estímulo normalmente não doloroso (como o toque leve) é interpretado como desagradável, incômodo ou até doloroso. Em outras palavras, é uma resposta sensitiva anômala e distorcida, frequentemente descrita pelo paciente como sensação de queimação, choque, formigamento doloroso, ardor ou desconforto constante.

É uma manifestação comum em doenças neurológicas periféricas e centrais, especialmente aquelas que afetam as fibras sensitivas.

Importância clínica

A disestesia é um sintoma neurológico relevante por sua relação com dores neuropáticas e sofrimento crônico. Ela pode impactar diretamente a qualidade de vida e o sono dos pacientes, sendo frequentemente subvalorizada.

Além disso, pode orientar a localização da lesão neurológica:

  • Simétrica e distal → polineuropatia
  • Hemicorpo → lesão central (talâmica ou cortical)
  • Localizada em dermátomos → neuropatia periférica ou radiculopatia

A disestesia pode ocorrer de forma:

  • Espontânea: o paciente sente a sensação anormal mesmo em repouso, sem nenhum estímulo aparente
  • Evocada: o desconforto surge ao toque, calor, pressão leve, contato com roupas ou lençóis

As descrições variam, mas os pacientes geralmente relatam:

  • Sensação de “pele queimando”
  • Toque de roupa como sendo doloroso
  • Dor difusa sem lesão aparente
  • Hipersensibilidade tátil com caráter desagradável

Diferença entre disestesia, parestesia e alodinia

TermoDefinição
ParestesiaSensação anormal não dolorosa (formigamento, dormência)
DisestesiaSensação anormal desagradável ou dolorosa
AlodiniaDor causada por estímulo normalmente não doloroso

A disestesia pode coexistir com alodinia e parestesia em diversos quadros clínicos, mas o componente de sofrimento sensorial é predominante na disestesia.

Principais causas

A disestesia está associada a lesões ou disfunções das vias sensitivas, podendo ter origem periférica (nervos) ou central (medula, cérebro). Entre as causas mais comuns:

Doenças do sistema nervoso periférico:
  • Polineuropatia diabética (mais comum)
  • Neuropatias tóxicas (álcool, quimioterápicos)
  • Neuropatia por hanseníase
  • HIV com neuropatia periférica
  • Síndrome do túnel do carpo (em estágio avançado)

Doenças do sistema nervoso central:
  • Esclerose múltipla
  • Acidente vascular cerebral (em especial talâmico)
  • Lesões medulares parciais
  • Síndrome talâmica (Dor central pós-AVC)
  • Neuropatia por esclerose lateral amiotrófica (ELA)

Referências

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Avaliação e Tratamento da Dor Crônica.
  2. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014.
  3. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004.
  4. Jensen TS, Baron R, et al. A new definition of neuropathic pain. Pain, 2011.
  5. Snell RS. Neuroanatomia Clínica. Guanabara Koogan, 2011.

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