
👁️ Teste do Reflexo Córneo-Palpebral
O reflexo córneo-palpebral (ou reflexo córneo-conjuntival) é uma resposta involuntária e bilateral de piscar os olhos quando a córnea é tocada de leve. É um reflexo protetor importante, mediado por dois nervos cranianos:
- Nervo trigêmeo (V par) – via aferente sensitiva, que detecta o toque
Nervo facial (VII par) – via eferente motora, que fecha a pálpebra
Esse reflexo é utilizado na prática clínica para avaliar a integridade funcional desses nervos, bem como o estado de consciência e integridade do tronco encefálico, especialmente em pacientes comatosos.
Importância clínica
O teste do reflexo córneo-palpebral é simples, rápido e de grande utilidade clínica. Ele é:
- Parte do exame neurológico básico
- Um dos critérios neurológicos em protocolos de morte encefálica
- Importante na avaliação de neuropatias do trigêmeo e do facial
Útil na diferenciação de lesões periféricas e centrais nos nervos cranianos
A interpretação correta exige a avaliação do reflexo de forma comparativa bilateral, correlacionando com outros sinais clínicos.
Com o paciente de olhos abertos, o examinador toca suavemente a córnea lateral (nunca o centro) com um pedaço de algodão fino, fio de gaze ou cotonete estéril — de forma rápida, discreta e sem causar dor.
- O reflexo é considerado normal quando ocorre fechamento imediato e bilateral das pálpebras
A ausência do reflexo pode indicar lesão em qualquer uma das vias envolvidas
Importante: O toque deve ser feito na córnea, e não na esclera ou pálpebra, pois apenas a córnea ativa esse reflexo específico.
O que o reflexo avalia?
Este teste avalia simultaneamente:
- A função sensitiva da divisão oftálmica do nervo trigêmeo (V1)
- A função motora do nervo facial (VII), responsável pelo fechamento da pálpebra
A integridade funcional do tronco encefálico, mais especificamente a ponte
Além disso, é um dos reflexos testados na avaliação de coma e morte encefálica.
Situações clínicas associadas
A ausência do reflexo córneo-palpebral pode ocorrer em:
- Lesão do nervo trigêmeo (V1) – o toque na córnea não é percebido
- Lesão do nervo facial (VII) – o estímulo é percebido, mas a pálpebra não fecha
- Lesão da ponte ou tronco encefálico
- Anestesia local (ex: bloqueio oftálmico ou uso de colírios anestésicos)
- Coma profundo ou morte encefálica
- Paralisia de Bell (quando unilateral)
Lesões centrais em casos neurológicos avançados
Referências
- DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004.
- Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014.
- Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução sobre Morte Encefálica.
- Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011.
Blumenfeld H. Neuroanatomy through Clinical Cases. Sinauer Associates, 2010.
