👁️ Sinal de Marcus Gunn (Pupila Aferente Relativa)

O sinal de Marcus Gunn, também conhecido como pupila aferente relativa (RAPD – Relative Afferent Pupillary Defect), é um achado clínico importante que indica lesão parcial do nervo óptico (II par craniano) ou do trato visual anterior, do lado examinado. Ele é detectado durante o teste do reflexo fotomotor com a manobra do balanço da luz (swinging flashlight test).

Esse sinal foi descrito pelo oftalmologista escocês Robert Marcus Gunn no século XIX, e até hoje é um dos testes mais sensíveis para detectar disfunções sutis do nervo óptico.

Importância clínica

O sinal de Marcus Gunn é um achado fundamental no exame oftalmoneurológico, pois pode ser o único indício clínico de neuropatia óptica precoce. Sua detecção precoce é essencial para encaminhamento a exames complementares como campimetria visual, tomografia de coerência óptica (OCT) e ressonância magnética de órbitas e nervos ópticos.

Além disso, ele é útil para avaliar assimetrias visuais inexplicadas, investigar baixa acuidade visual unilateral e acompanhar progressão de doenças desmielinizantes.

O teste é feito com o paciente em ambiente com iluminação atenuada, fixando o olhar à frente. O examinador utiliza uma lanterna e alterna rapidamente a luz de um olho para o outro, observando a reação das pupilas à luz.

  • Em um paciente normal, ambas as pupilas contraem igualmente quando iluminadas, devido à via pupilar consensual.

  • No sinal de Marcus Gunn positivo, ao mover a luz de um olho normal para o olho com a lesão óptica parcial, ocorre uma dilatação paradoxal das pupilas (em vez de contração), pois o estímulo luminoso naquele lado é percebido como mais fraco.

Esse fenômeno indica que a entrada de luz por aquele olho é menos eficaz em gerar resposta pupilar, o que sugere lesão na via aferente da pupila, ou seja, no nervo óptico ou retina.

Causas mais comuns

O sinal de Marcus Gunn está associado a diversas condições que afetam a via óptica anterior. As principais incluem:

  • Neurite óptica (frequentemente associada à esclerose múltipla)
  • Atrofia óptica parcial
  • Descolamento de retina extenso
  • Isquemia do nervo óptico (neuropatia óptica isquêmica)
  • Traumas ópticos unilaterais
  • Tumores compressivos retrobulbares
  • Glaucoma avançado assimétrico

Importante destacar que o sinal não é observado em lesões bilaterais simétricas e também não aparece em doenças que afetam apenas a via eferente (como paralisia do nervo oculomotor).

Quem Criou?

Dr. Robert Marcus Gunn

Robert Marcus Gunn (1850–1909) foi um oftalmologista escocês que atuou no Moorfields Eye Hospital, em Londres. É conhecido não só por descrever o sinal da pupila aferente relativa, mas também pela síndrome de Marcus Gunn, um tipo raro de ptose congênita com sincinésia mastigatória. Sua contribuição à propedêutica ocular permanece essencial até hoje na prática neurológica e oftalmológica.

Referências

  1. Kanski JJ, Bowling B. Oftalmologia Clínica: Uma Abordagem Sistemática. Elsevier, 2017.
  2. Ropper AH, Samuels MA. Adams & Victor: Principles of Neurology. McGraw-Hill, 2014.
  3. DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill, 2004.
  4. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Avaliação Neurológica e Visual.
  5. Levin LA et al. Optic Nerve Disorders. Springer, 2016.

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