
🦴 Marcha de Trendelenburg
A marcha de Trendelenburg é um padrão de marcha anormal causado por fraqueza do músculo glúteo médio, responsável por estabilizar a pelve durante o apoio de uma das pernas. Quando esse músculo está enfraquecido, o paciente não consegue manter o quadril alinhado ao apoiar o peso sobre o lado afetado, fazendo com que a pelve do lado oposto caia — gerando o chamado sinal de Trendelenburg.
Durante a caminhada, essa instabilidade leva a uma compensação postural: o tronco se inclina para o lado da perna de apoio, numa tentativa de equilibrar o corpo. Esse balanço excessivo do tronco de um lado para o outro é o que caracteriza a marcha de Trendelenburg, muitas vezes confundida com a marcha anserina, embora suas causas sejam distintas.
Importância clínica
A marcha de Trendelenburg é um sinal clínico de instabilidade biomecânica da pelve, com potencial para causar dor, fadiga muscular e limitação funcional importante. Seu reconhecimento é fundamental para direcionar a investigação, que pode incluir exames de imagem do quadril (como radiografia e ressonância), avaliação eletromiográfica e testes laboratoriais, em casos de suspeita de doenças sistêmicas.
Além disso, a correção do padrão de marcha e o tratamento da causa subjacente — seja por fortalecimento muscular, fisioterapia, correção cirúrgica ou ajuste de próteses — é essencial para prevenir quedas e melhorar a mobilidade do paciente.
O sinal clássico é observado durante a fase de apoio unipodal — ao apoiar o peso sobre a perna afetada, o quadril do lado oposto cai, em vez de permanecer nivelado ou elevar-se discretamente, como no padrão normal. No contexto da marcha, essa instabilidade se repete a cada passo, e o paciente inclina o tronco lateralmente para o lado da perna com fraqueza, a fim de reduzir a sobrecarga na musculatura glútea.
Esse tipo de marcha pode ser unilateral, quando apenas um glúteo está comprometido, ou bilateral, resultando em um andar com os dois quadris caindo alternadamente e o tronco oscilando para ambos os lados. Nestes casos mais avançados, o padrão lembra uma marcha “rebolada” ou de pato.
Principais causas
A principal causa da marcha de Trendelenburg é a fraqueza do músculo glúteo médio, mas essa fraqueza pode ter origem neurológica, ortopédica ou muscular. Entre as causas mais frequentes estão:
- Lesão do nervo glúteo superior, responsável pela inervação do glúteo médio e mínimo
- Luxação congênita ou displasia do quadril
- Fraturas do colo femoral
- Pós-operatório de artroplastia total do quadril
- Doenças neuromusculares, como distrofias e polimiosite
Doença de Charcot-Marie-Tooth, em casos com comprometimento de musculatura proximal
É importante também considerar causas funcionais ou compensatórias em pacientes com dor intensa no quadril, mesmo que não haja lesão neurológica direta.
Referências
- Kendall FP, McCreary EK, Provance PG. Músculos: provas e funções. 5ª ed. Manole, 2007.
- DeMyer W. Techniques of the Neurologic Examination. McGraw-Hill Education, 2004.
- Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Reabilitação em Disfunções Musculoesqueléticas.
- Snell RS. Neuroanatomia Clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2011.
Brukner P, Khan K. Clinical Sports Medicine. McGraw-Hill, 2012.
