Glaucoma Congênito

O glaucoma congênito é uma doença ocular rara caracterizada pelo aumento da pressão intraocular em recém-nascidos e crianças pequenas, devido a uma anomalia no desenvolvimento do sistema de drenagem do humor aquoso. A condição pode levar a danos irreversíveis ao nervo óptico e comprometimento visual grave se não tratada precocemente.

Fisiopatologia

O glaucoma congênito ocorre devido a um desenvolvimento anômalo do trabeculado e do ângulo iridocorneano, responsáveis pela drenagem do humor aquoso. A falha na drenagem leva ao acúmulo de líquido intraocular e ao consequente aumento da pressão intraocular (PIO). Esse aumento pressórico pode causar estiramento do globo ocular (buftalmia), aumento do diâmetro corneano e atrofia do nervo óptico.

A condição pode ser isolada ou estar associada a síndromes genéticas, como a Síndrome de Axenfeld-Rieger e a Síndrome de Sturge-Weber. Fatores hereditários também podem desempenhar um papel importante na patogênese do glaucoma congênito.

Os sinais e sintomas do glaucoma congênito geralmente aparecem nos primeiros meses de vida. Os achados clínicos mais comuns incluem:

  • Epífora (lacrimejamento excessivo)
  • Fotofobia (sensibilidade à luz)
  • Blefaroespasmo (piscar excessivo devido ao desconforto ocular)
  • Buftalmia (globo ocular aumentado devido ao aumento da PIO)
  • Aumento do diâmetro corneano (geralmente maior que 11 mm ao nascimento)
  • Opacificação corneana devido ao edema causado pela alta PIO
  • Excavação do nervo óptico nos casos mais avançados

O diagnóstico é feito por exame oftalmológico detalhado, incluindo tonometria para medir a PIO, biomicroscopia para avaliação do ângulo de drenagem e fundoscopia para observar o nervo óptico. Em alguns casos, a ultrassonografia ocular pode ser necessária para avaliar a anatomia interna do olho.

Tratamento

O tratamento do glaucoma congênito deve ser iniciado o mais precocemente possível para evitar danos irreversíveis à visão. As principais abordagens incluem:

  • Cirurgia: é a principal forma de tratamento, sendo a goniotomia e a trabeculotomia as técnicas mais utilizadas para facilitar a drenagem do humor aquoso.
  • Medicamentos hipotensores oculares: como betabloqueadores e inibidores da anidrase carbônica, usados temporariamente para reduzir a PIO antes da cirurgia.
  • Monitoramento oftalmológico contínuo: essencial para avaliar a progressão da doença e ajustar a abordagem terapêutica.
  • Tratamento das complicações: casos avançados podem exigir cirurgias adicionais, como a trabeculectomia ou implantes de drenagem.

O prognóstico depende da precocidade do diagnóstico e da resposta ao tratamento. Quando tratado precocemente, muitos pacientes conseguem preservar a visão funcional ao longo da vida.

Referências

  1. Kanski, J. J., Bowling, B. “Oftalmologia Clínica: Uma Abordagem Sistemática”. Elsevier, 2015.
  2. Yanoff, M., Duker, J. S. “Oftalmologia de Yanoff e Duker”. Elsevier, 2018.
  3. American Academy of Ophthalmology. “Microphthalmia and Anophthalmia: Diagnosis and Management”.
  4. Sociedade Brasileira de Oftalmologia. “Diretrizes para Diagnóstico e Tratamento do Glaucoma Neovascular”.

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