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A Calculadora de Pontuação Child-Pugh é uma ferramenta indispensável no manejo de pacientes com doença hepática crônica, auxiliando médicos na avaliação da gravidade da condição e na tomada de decisões terapêuticas. Nesta página do MedFoco, você encontra não apenas a calculadora, mas também explicações detalhadas sobre como a escala de Child-Pugh funciona e os critérios que a compõem.
Calculadora de Pontuação Child-Pugh
Quando Usar
A escala de Child-Pugh é um sistema de classificação amplamente utilizado para avaliar o prognóstico de pacientes com cirrose hepática. Criada em 1964, inicialmente para avaliar a mortalidade em cirurgias de shunt portossistêmico, essa escala evoluiu para se tornar uma ferramenta crucial no acompanhamento da doença hepática crônica e na determinação da necessidade de transplante de fígado.
Ela é especialmente utilizada para estimar a gravidade da cirrose, prever a sobrevida do paciente e orientar intervenções clínicas, como transplantes. Além disso, também serve como critério de exclusão em ensaios clínicos e para ajustar doses de medicamentos.
Doença Hepática Crônica
A doença hepática crônica engloba um grupo de condições progressivas que afetam o fígado, como hepatites virais, hepatite alcoólica, esteato-hepatite não alcoólica (NASH) e cirrose. A cirrose é o estágio final da fibrose hepática, caracterizada pela perda da função do fígado e aumento do risco de complicações, como hipertensão portal, ascite e encefalopatia hepática.
Com o agravamento da doença hepática, os pacientes apresentam uma redução significativa na qualidade de vida e aumento na mortalidade. A avaliação precisa da gravidade da condição é fundamental para planejar o manejo adequado.
Interpretação
A escala de Child-Pugh é composta por cinco critérios clínicos e laboratoriais:
- Bilirrubina sérica
- Albumina sérica
- Tempo de protrombina (ou INR)
- Presença de ascite
Grau de encefalopatia hepática
Cada critério é pontuado de 1 a 3, com base em valores predeterminados ou na gravidade dos sintomas. A soma das pontuações resulta em uma classificação que varia de 5 a 15 pontos, categorizando os pacientes em três classes:
- Classe A (5-6 pontos): Cirrose compensada, boa função hepática e alta sobrevida em um ano.
- Classe B (7-9 pontos): Cirrose descompensada, função hepática moderadamente comprometida e sobrevida reduzida.
Classe C (10-15 pontos): Cirrose grave, mau prognóstico e necessidade urgente de transplante de fígado.
Critérios Utilizados
- Bilirrubina sérica (mg/dL): Mede o nível de bilirrubina no sangue. Valores elevados indicam comprometimento da capacidade do fígado de metabolizar substâncias.
- Albumina sérica (g/dL): Reflete a capacidade de síntese proteica do fígado. Níveis baixos sugerem insuficiência hepática.
- Tempo de protrombina (INR): Avalia a capacidade de coagulação do sangue. Um INR elevado indica função hepática prejudicada.
- Ascite: Acúmulo de líquido na cavidade abdominal, indicando hipertensão portal.
Encefalopatia Hepática: Disfunção cerebral causada pelo acúmulo de toxinas no sangue devido à insuficiência hepática.
- Grau 0: consciência normal, personalidade, exame neurológico, eletroencefalograma
- Grau 1: inquieto, sono perturbado, irritado/agitado, tremor, caligrafia prejudicada, ondas de 5 cps
- Grau 2: letárgico, desorientado pelo tempo, inapropriado, asterixis, ataxia, ondas trifásicas lentas
- Grau 3: sonolento, estupor, desorientado, reflexos hiperativos, rigidez, ondas mais lentas
- Grau 4: coma não despertável, sem personalidade/comportamento, descerebrado, atividade delta lenta de 2-3 cps
Referências
- Child CG, Turcotte JG. Cirurgia e hipertensão portal. Em: O fígado e a hipertensão portal. Editado por CG Child. Filadélfia: Saunders 1964:50-64.
- Pugh RN, Murray-Lyon IM, Dawson JL, Pietroni MC, Williams R (1973). Transecção do esôfago para sangramento de varizes esofágicas. The British journal of surgery 60 (8).
Quem Criou?
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Dr. Charles G. Child
Charles G. Child, MD, (falecido em 1991), foi professor emérito de cirurgia na Universidade de Michigan e na Universidade Emory e foi presidente do departamento de cirurgia na Universidade de Michigan. Ele foi um dos fundadores do programa de transplante de órgãos em Michigan durante sua gestão lá, e foi editor do Journal of Surgical Research e presidente do American Board of Surgery. Ele foi um pesquisador ativo em sua área, investigando hipertensão portal e outras doenças hepáticas e gastrointestinais. Ele publicou vários estudos e foi coautor de vários livros.
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