Profilaxia para Raiva

A raiva é uma doença viral grave, com potencial letal, que afeta tanto animais quanto seres humanos. Devido à gravidade da doença e à necessidade de intervenção rápida e eficaz, as orientações do Ministério da Saúde para profilaxia pós-exposição são de extrema importância. Para facilitar a aplicação dessas diretrizes em situações clínicas, desenvolvemos um código online interativo que auxilia na decisão do procedimento adequado com base no tipo de contato e no animal envolvido.

“Esta plataforma foi desenvolvida de acordo com as orientações do ministério da saúde sobre a profilaxia para raiva de 2022. Temos como objetivo auxiliar, de forma eficiente, o médico na prática clínica.”

– Dr. Marcelo Negreiros

Decisão de Profilaxia contra Raiva

Decisão de Profilaxia contra Raiva

Orientação:

 
Tipo de Contato:
  • Contato direto: Envolve um contato físico direto com um animal potencialmente infectado, como uma mordida, arranhão ou lambida em pele ferida.
  • Contato indireto: Envolve situações onde o contato com o animal é menos direto, como entrar em contato com saliva ou secreções do animal sem toque direto.
Tipos de Lesão:
  1. Leve: 
        • Mordedura ou arranhadura superficiais no tronco ou nos membros exceto mãos e pés;
        • Lambedura de lesões superficiais.
  2. Grave:
        • Mordedura ou arranhadura nas mucosas, no segmento cefálico, nas mãos ou nos pés;
        • Mordedura ou arranhadura múltiplas ou extensas em qualquer região do corpo;
        • Mordedura ou arranhadura profundas mesmo que puntiforme;
        • Lambedura de lesões profundas ou de mucosas, mesmo que intactas.
    •  
Tipos de Animais:
  • Animais silvestres: São animais que vivem na natureza sem intervenção humana, como morcegos, macacos, etc.
  • Animais de interesse econômico: São animais criados para fins comerciais, como bovinos, suínos, caprinos e outros utilizados em agropecuária.
  • Cães e gatos: São animais domésticos de companhia comumente vacinados contra raiva. Eles podem ser observados para verificar sintomas de raiva, devido ao comportamento previsível.
Tipos de tratamento profilático:
  • Vacina antirrábica: Utilizada para prevenir a raiva em humanos após exposição potencial ao vírus. É administrada em várias doses ao longo de um período de tempo.
  • SAR (Soro Antirrábico): Soro utilizado para neutralizar o vírus da raiva no corpo após uma exposição de alto risco. É parte da profilaxia pós-exposição.
  • IGHAR (Imunoglobulina Humana Antirrábica): Um tipo específico de imunoglobulina administrada para fornecer imunidade passiva imediata após exposição ao vírus da raiva.

Identificar um animal com suspeita de raiva envolve observar alguns sinais e sintomas característicos. Aqui estão alguns pontos importantes:

  • Alterações de Comportamento: O animal pode apresentar agressividade, medo excessivo, depressão, ansiedade ou demência e o período de incubação é de 15 dias a 2 meses.
  • Sintomas Neurológicos: Dificuldade de engolir, salivação excessiva, falta de coordenação dos membros e paralisia são sinais comuns.
  • Fase Furiosa: Durante esta fase, que dura de 1 a 4 dias, o animal pode parecer muito agitado, excitado ou até mesmo irracional.
  • Fase Paralítica: Após a fase furiosa, o animal pode desenvolver sintomas neurológicos mais graves, como convulsões e paralisia.

Se você notar algum desses sinais em um animal, é crucial procurar um veterinário imediatamente. A raiva é uma doença grave e altamente contagiosa com quase 100% de mortalidade, tanto para outros animais quanto para humanos.

Soro heterólogo antirrábico vem na apresentação de 1000UI/5mL. A orientação é para prescrever 40 UI/kg da seguinte forma: 

“Separar 14mL (70kg) e infiltrar pequenas partes em cada lesão. Aplicar por via intramuscular em glúteo o excedente.”

  • O soro deve ser infiltrado diretamente na área da ferida. Se a ferida for extensa ou houver múltiplas feridas, o soro pode ser diluído com soro fisiológico para cobrir toda a área lesionada.
  • Deve ser administrado no dia 0. Caso não esteja disponível, aplicar o mais rápido possível até o 7° dia após a aplicação da 1° dose de vcaina. Após esse prazo é contraindicado.
  • O excedente deve ser aplicado por via intramuscular no glúteo.

A IGHAR é uma solução concentrada e purificada de anticorpospreparada a partir de hemoderivados de indivíduos imunizados com antígeno rábico. É mais seguro que o soro antirrábico, mas a produção é limitada e de alto custo.

Soro heterólogo antirrábico vem na apresentação de 150UI/mL. A orientação é para prescrever 20 UI/kg da seguinte forma: 

“Separar 9,5mL (70kg) e infiltrar pequenas partes em cada lesão. Aplicar por via intramuscular em glúteo o excedente.”

  • É indicada para pacientes com:
        • ocorrência de quadros anteriores de hipersensibilidade;
        • uso prévio de imunoglobulinas de origem eqüídea;
        • existência de contatos freqüentes com com eqüídeos, por exemplo, nos casos de contato profissional (veterinários) ou por lazer.
  • O soro deve ser infiltrado diretamente na área da ferida. Se a ferida for extensa ou houver múltiplas feridas, o soro pode ser diluído com soro fisiológico para cobrir toda a área lesionada.
  • Deve ser administrado no dia 0. Caso não esteja disponível, aplicar o mais rápido possível até o 7° dia após a aplicação da 1° dose de vcaina. Após esse prazo é contraindicado.
  • O excedente deve ser aplicado por via intramuscular no glúteo (máx 4mL).
  • Via intramuscular (IM): Dose total 0.5mL ou 1,0mL (dependendo do laboratório produtor). Administrar todo o volume do frasco. Local de aplicação deve ser no músculo deltoide ou vasto lateral da coxa em crianças menores de 2 anos. Não aplicar no glúteo.
  • Via intradérmica (ID): Volume da dose 0.2mL. O volume da dose deve ser dividido em duas aplicações de 0.1mL cada e administradas em dois sítios distintos, independente da apresentação da vacina, seja 0.5mL ou 1.0mL (dependendo do laboratório produtor). Local da aplicação é na inserção do músculo deltóide ou no antebraço.

OBS: a vacina deve ser aplicada em 4 dias sendo eles o dia 0, 3, 7 e 14.

Referências

  1. Nunes, L. S. B., Vieira, A. M., Nascimento, S. A. do, Pinheiro Junior, J. W., & Maia, R. de C. (2023). Orientações para Profissionais de Saúde Única na Profilaxia da Raiva Humana. Recife: Universidade Federal Rural de Pernambuco.
  2. Ministério da Saúde. (2023). Profilaxia da Raiva Humana. Recife: Editora Universitária – EDUFRPE.
  3. SciELO Brasil. (2018). Raiva humana: avaliação da prevalência das condutas profiláticas pós-exposição no Ceará, Brasil, 2007-2015. Epidemiol. Serv. Saúde, 27(4), 2018. https://doi.org/10.5123/S1679-497420180004000092

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Dr. Marcelo Negreiros
Autor da Adaptação

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