Hierarquização

A hierarquização no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil é um princípio fundamental que organiza os serviços de saúde de maneira estrutural e ordenada, garantindo que a população tenha acesso aos diferentes níveis de atenção conforme suas necessidades. Este conceito é essencial para otimizar recursos, evitar desperdícios e assegurar um atendimento eficiente e adequado.

A hierarquização se baseia em três níveis de atenção: primário, secundário e terciário. A atenção primária é a porta de entrada do sistema, oferecendo serviços básicos de saúde e prevenção. A atenção secundária envolve cuidados especializados e exames mais complexos, enquanto a atenção terciária abrange procedimentos de alta complexidade e tratamentos hospitalares.

O princípio da hierarquização no SUS é a organização dos serviços de saúde em níveis de complexidade, garantindo que o atendimento ocorra de forma ordenada e eficiente. Essa hierarquia é dividida em três níveis principais:

  • Atenção Primária: É a porta de entrada do sistema de saúde e abrange os serviços básicos, como consultas médicas, vacinação, e programas de prevenção. Exemplos incluem unidades básicas de saúde (UBS) e postos de saúde.
  • Atenção Secundária: Compreende serviços especializados e exames diagnósticos que não podem ser resolvidos na atenção primária. Inclui clínicas e centros especializados onde são realizados tratamentos mais complexos.
  • Atenção Terciária: Envolve o atendimento de alta complexidade, como cirurgias, internações hospitalares e tratamentos intensivos. Esse nível é representado por hospitais e centros de referência que possuem recursos avançados.

A hierarquização garante que os pacientes sejam atendidos no nível mais adequado às suas necessidades, otimizando os recursos e permitindo um fluxo ordenado dentro do sistema de saúde.

A hierarquização no SUS funciona de maneira prática e coordenada para garantir que os pacientes recebam o atendimento mais adequado às suas necessidades em cada nível de atenção. Aqui está como isso se manifesta no dia a dia:

  1. Atenção Primária: Imagine você com um problema de saúde leve, como uma gripe. Você vai à Unidade Básica de Saúde (UBS) do seu bairro. Lá, você é atendido por um médico generalista que realiza exames básicos, prescreve medicamentos, e orienta sobre cuidados preventivos.
  2. Encaminhamento: Se durante a consulta o médico identificar a necessidade de um exame mais específico ou de um atendimento especializado, ele encaminha você para a Atenção Secundária. Por exemplo, se for necessário um exame de imagem ou uma consulta com um cardiologista, você será direcionado a um centro especializado.
  3. Atenção Secundária: No centro especializado, você é atendido por médicos que possuem formação específica na área requerida. Eles realizam exames complementares e, se necessário, iniciam tratamentos mais complexos. Se o seu caso for ainda mais sério, pode haver um novo encaminhamento.
  4. Atenção Terciária: Se os especialistas na atenção secundária determinarem que você precisa de um procedimento de alta complexidade, como uma cirurgia, você será encaminhado para um hospital que oferece Atenção Terciária. Nesses hospitais, estão disponíveis equipamentos avançados e equipes multidisciplinares para realizar tratamentos complexos e intensivos.
  5. Retorno e Acompanhamento: Após o tratamento na atenção secundária ou terciária, você pode retornar à Atenção Primária para continuidade do acompanhamento e prevenção de novas complicações. Isso garante que seu cuidado seja contínuo e completo.

Esse processo ordenado evita sobrecarga nos hospitais, otimiza o uso de recursos e assegura que os pacientes recebam o cuidado certo, no lugar certo, e no momento certo, promovendo um sistema de saúde mais eficiente e equitativo.

  • Eficiência e Organização do Sistema: A hierarquização permite que os recursos de saúde sejam utilizados de forma mais eficiente. Os pacientes são direcionados ao nível adequado de atenção para suas necessidades, evitando a sobrecarga dos hospitais com casos que podem ser resolvidos na atenção primária.
  • Melhoria na Qualidade do Atendimento: Com a hierarquização, os pacientes recebem cuidados apropriados para suas condições específicas. Isso resulta em diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficazes, melhorando significativamente a qualidade do atendimento.
  • Redução de Esperas e Filas: Ao organizar o fluxo de pacientes, a hierarquização ajuda a reduzir o tempo de espera para consultas e procedimentos. Os casos mais graves são priorizados para a atenção terciária, enquanto os problemas menos complexos são tratados rapidamente na atenção primária.
  • Acesso Equitativo aos Serviços de Saúde: A hierarquização garante que todos, independentemente de sua localização ou condição socioeconômica, tenham acesso a serviços de saúde adequados. Isso promove uma distribuição mais justa dos recursos e serviços.
  • Continuidade do Cuidado: Pacientes são acompanhados de forma contínua, desde a atenção primária até a terciária, e de volta para o acompanhamento preventivo. Isso garante um cuidado integral e evita a fragmentação dos serviços de saúde.

Referências

  1. Quinellato, Luciano Vasconcellos. “A Diretriz de Hierarquização do SUS: mudando a antiga perspectiva do modelo médico-assistencial privatista.” Rio de Janeiro: FGV / EBAPE – Fundação Getúlio Vargas Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, 2009.
  2. Ministério da Saúde. “Bibliografia e Sites Importantes Referente ao SUS/Atenção Básica/Apoio Matricial.” Disponível em: https://www.pucsp.br/prosaude/downloads/bibliografia/bibliografia_sus_atencaobasica_apoio.pdf.
  3. SciELO – Brasil. “A gestão do Sistema Único de Saúde no Brasil e as regiões de fronteira em pauta.” Revista Katálysis, 21(02), 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1982-02592018v21n2p324.

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Dr. Marcelo Negreiros

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