Teoria das Necessidades Humanas Básicas

Wanda Horta, uma das pioneiras na enfermagem brasileira, é um marco na compreensão e prática do cuidado holístico. “Gente que cuida de gente” é uma frase que captura o espírito da Teoria das Necessidades Humanas Básicas, desenvolvida por ela. Inspirada pela teoria da hierarquia de necessidades de Abraham Maslow, que classifica as necessidades humanas em cinco níveis: fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e autorrealização, essa abordagem enfatiza a importância de considerar o ser humano em sua totalidade, incluindo aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Através de uma visão integrativa, Horta propôs que o cuidado de enfermagem deve atender não apenas às necessidades fisiológicas, mas também às emocionais e sociais, proporcionando um tratamento mais humano e eficaz. Essa teoria revolucionou a prática da enfermagem ao destacar a importância de um cuidado centrado no paciente e promover a autonomia e o bem-estar dos indivíduos.

Fundamentos

Os fundamentos da Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Horta são centrados na identificação e atendimento das necessidades humanas fundamentais para promover a saúde e o bem-estar dos pacientes. Aqui estão os principais pontos:

  • Necessidades Psicobiológicas: São as necessidades fisiológicas essenciais para a vida e a saúde, incluindo alimentação, hidratação, eliminação, sono, atividade física, integridade cutâneo-mucosa, ventilação, termorregulação, sexualidade, entre outras.
  • Necessidades Psicossociais: Abrangem as necessidades relacionadas à interação social, afeto, segurança emocional e comunicação. Incluem a necessidade de amor, aceitação, pertencimento, segurança e a capacidade de estabelecer relações sociais saudáveis.
  • Necessidades Psicoespirituais: Referem-se às necessidades de sentido e propósito na vida, fé, auto-realização e paz interior. Incluem a busca por significado, espiritualidade e a necessidade de expressar crenças e valores.
  • Abordagem Holística: A teoria enfatiza a importância de um cuidado holístico, considerando o paciente em todas as suas dimensões – física, emocional, social e espiritual. Isso garante que todas as necessidades do paciente sejam atendidas de maneira integrada e individualizada.
  • Enfoque no Ciclo Vital: A teoria considera que as necessidades humanas variam ao longo das diferentes fases do ciclo vital, desde o nascimento até a morte. Isso implica ajustar o cuidado de acordo com as mudanças e desafios específicos de cada fase da vida.

Esses fundamentos destacam a importância de um cuidado integral e centrado no paciente, abordando todas as suas necessidades fundamentais para promover a saúde, a recuperação e o bem-estar.

Impáctos na Prática

  1. Cuidado Individualizado: A ênfase na avaliação das necessidades humanas básicas permitiu que os enfermeiros desenvolvessem planos de cuidado altamente individualizados. Isso resultou em um atendimento mais personalizado e eficaz.
  2. Humanização do Cuidado: Ao focar no ser humano como um todo, incluindo suas necessidades emocionais, sociais e espirituais, a teoria contribuiu para a humanização do cuidado, promovendo uma prática mais empática e respeitosa.
  3. Fortalecimento da Relação Enfermeiro-Paciente: A teoria destaca a importância da comunicação e interação entre enfermeiro e paciente, melhorando a relação terapêutica e, consequentemente, a qualidade do cuidado prestado.
  4. Valorização da Enfermagem: Ao introduzir um framework teórico próprio, Horta ajudou a elevar o status da profissão de enfermagem, demonstrando seu valor e importância no contexto da saúde.
  5. Educação e Formação: A teoria foi incorporada nos currículos de enfermagem, influenciando a formação de novos profissionais e incentivando uma abordagem mais holística desde o início de suas carreiras.
  6. Pesquisa e Desenvolvimento: A teoria de Horta estimulou a pesquisa na área da enfermagem, promovendo estudos sobre as necessidades humanas básicas e a eficácia de diferentes abordagens de cuidado.

Desafios e Limitações

  • Complexidade na Prática: A aplicação do modelo de Horta pode ser vista como complexa e demorada, especialmente em ambientes de saúde onde o tempo é um recurso limitado. Isso pode levar a uma resistência por parte dos profissionais que buscam soluções mais imediatas e práticas.
  • Contextos Diversos: Em diferentes contextos culturais e socioeconômicos, algumas necessidades humanas básicas podem ser percebidas de maneiras distintas. A teoria pode precisar ser adaptada para ser sensível a essas variações culturais e contextuais.

Apesar desses desafios, a Teoria da Enfermagem de Wanda Horta continua a ser um marco importante no campo da enfermagem, e seu impacto positivo é inegável. A constante reflexão e adaptação de seus princípios podem ajudar a superar essas limitações e fortalecer ainda mais sua aplicação prática.

Quem Criou?

Enf. Wanda Horta

Wanda de Aguiar Horta foi uma enfermeira e teórica brasileira que revolucionou a enfermagem no Brasil. Nascida em 11 de agosto de 1926 em Belém do Pará, ela desenvolveu a Teoria das Necessidades Humanas Básicas, que se tornou uma referência fundamental na prática de enfermagem. Horta também introduziu o Processo de Enfermagem, um método sistematizado para avaliar e atender as necessidades dos pacientes, que é amplamente utilizado em instituições de ensino e prática clínica no Brasil. Seu trabalho ajudou a humanizar o cuidado de saúde e a consolidar a enfermagem como uma ciência no país.

Referências

  1. Horta, W. A. (1974). Enfermagem: Teoria, Conceitos, Princípios e Processo. Revista Escola de Enfermagem da USP, 5(1), 7-15.
  2. Lucena, I. C. D., & Barreira, I. A. (2010). Enfermagem em Novas Dimensões: Wanda Horta e sua Contribuição para a Construção de um Novo Conhecimento da Enfermagem (1975-1979). Revista Enfermagem em Novas Dimensões, 34(1), 534-545.
  3. Moura, J. W. S., Nogueira, D. R., Rosa, F. F. D. P., Silva, T. L., Santos, E. K. A., & Schoeller, S. D. (2022). Marcos de visibilidade da enfermagem na era contemporânea: uma reflexão à luz de Wanda Horta. Revista Enfermagem Atual In Derme, 96(39), Jul-Set.

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